—Não.— Digo meio trêmula.

—E você veio do nordeste pra são Paulo de quê?

—Ônibus!—Digo óbvia. A decolagem foi autorizada e arregalei os olhos olhando para o Miguel.— Ai meu jesus cristinho.

Vejo ele reprimir um sorriso e então olhar para frente. O avião decolou e quando ele saiu do chão eu agarrei o braço do Miguel com medo.

—Eu vou morrer!!!— Digo apavorada.

—Vejo que hoje você conseguiu se vestir de forma formal!—Ele diz mudando drasticamente o assunto.

—Agradeça a Bruna por isso, eu queria por meu tênis!—Digo relaxando um pouco mais e solto o seu braço.

—Já até acostumei em ver você com a suas roupas de cri...— Lanço um olhar raivoso pra ele que não conclui sua frase.

—Você quer que eu lembre que você já...

—Transei com você?

—Isso...

Um silêncio se faz presente, o jato já estava sobrevoando o céu e meu nervosismo cessou um pouco. Olho pela janela e fico presa na vista que eu tenho da cidade, é tudo tão lindo daqui de cima...

—Victoria...— Escuto ele me chamar relutante.

—Oi?— Digo sem olhá-lo.

—Peço desculpas pelo meu pai, ele...

Meu coração aperta ao lembrar de ontem.

Eu me senti um lixo, a tamanha humilhação que eu passei foi horrível. Precisava de tanta humilhação por causa de uma roupa?

—Esquece, já passou...— Digo o interrompendo.- Você me avisou várias vezes e eu fui teimosa o suficiente pra não acatar suas ordens...

Fico cabisbaixa e mexo nos meus dedos. Sinto ele me observar, então levanto o olhar para ele que me olha indecifrável.

—Não haja como se a culpa fosse sua, a forma que meu pai lhe tratou não faz dele a vítima, e a empresa é minha, ou seja? Eu mando nela, se eu quisesse mandar meus funcionários irem de roupas de banho, eu faria e não seria ele quem iria me impedir.

—Iria ser hilário!— Digo sem pensar, imaginando todos com roupas de banho, boia de patinho e óculos de mergulho no rosto enquanto trabalham seriamente. Mas logo fico séria percebendo que não é momento pra imaginar esse tipo de coisa.— Bom... Mesmo assim não se preocupe, esse fim de semana comprarei roupas adequadas para ir trabalhar!

—Olha, ruiva...— Ele vira de lado pra me olhar melhor.—Eu posso abrir uma exceção pra você, se quiser pode ir vestida da forma que achar melhor e não se preocupe com as opiniões alheias, se eu autorizei ninguém deve dizer ao contrário.

—Opiniões alheias inclui seu pai?—Fico meio sem jeito com essa pergunta e logo me arrependo de fazê-la.

—Incluindo meu pai!— Ele diz me olhando fixamente com suas íris cor de mel.

—Obrigada, mas ainda sim eu prefiro comprar as roupas, afinal nem sempre poderei ir vestida igual uma “criança.”

—Crianças não transam!— Ele diz com graça.

—Isso que eu gosto de ouvir, chefinho!—Digo e recebo um olhar sério dele.— Miguel, eu quis dizer, senhor Miguel.

—Assim, bem melhor... Limites de intimidades antes que as coisas saiam do controle!

—O que seria sair do controle pra você?— Pergunto olhando dentro dos seus olhos.— Uma relação saudável entre chefe e funcionária? Uma lealdade?

o AMOR de um CEOWhere stories live. Discover now