XXXVII. Tempestade

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A gentileza de Loren era gratuita. Taehyung não tinha feito nada por ele - ainda que tivesse tido a intenção. Muito como Jimin também oferecia uma amizade sem exigir contrapartidas e Wooshik o incluía nos eventos do navio.

Se ele podia formar laços como esses, porque não...

Edmund acercou-se naquele instante. Ele carregava uma caixa de madeira pequena nas mãos.

- Lamento que a viagem tenha sido encurtada, Taehyung.

Taehyung fez-se de desentendido.

- Acredito que ficamos um bom tempo, Edmund. Foi muita gentileza sua ter nos recebido sem muita antecedência no aviso.

- Imagine, a minha casa é de Jeongguk também. Ele é realmente meu sobrinho favorito.

Taehyung não segurou um sorriso.

- Eu planejava que o passeio às grutas fosse só entre nós... Mas tive de reservar a balsa para irmos, e sabe como as notícias correm. Ainda nos dias de hoje as pessoas se servem de autoconvites, e alguns são irrecusáveis.

Taehyung assentiu.

- Querer algumas coisas é diferente de precisar fazer.

- De fato. O que me trás ao meu objetivo dessa conversa. Tome, eu quero lhe dar isso.

Edmund estendeu a caixa de madeira. Taehyung deu-lhe um olhar surpreso e dúbio. Edmund o encorajou com um sorriso. Taehyung colocou a mala de viagem no chão para pegar a caixa.

- Abra.

Taehyung seguiu o comando. O que viu quase fez com que derrubasse o presente.

Era a jarra de argila. Taehyung abriu a boca, surpreso, querendo disparar todos os seus questionamentos, mas sem conseguir formular nada. Olhou para o sorriso de Edmund por baixo do cílios. Não conseguia decifrar a expressão do tio de Jeongguk.

Pegou o objeto com cuidado. Diferente de como ele havia encontrado na saleta da casa, a boca da jarra estava selada. Taehyung percebeu que havia uma diferença de tonalidade entre as argilas. A parte de cima que fazia uma espécie de tampa era uma adição recente.

Edmund tinha fechado a jarra antes de lhe presentear? Por que? Era tudo que Taehyung queria perguntar. Seria impróprio dizer que tinha uma parecida, não seria? Poderia soar como se estivesse recusando o presente...

- Obrigado - terminou falando, rouco. - É linda - ele repetiu com mais clareza.

Edmund manteve olhos intensos em Taehyung. O beta devolveu o presente para a caixa.

- Você conhece o escultor? - Taehyung perguntou, tentando soar neutro. A sensação que tinha era que havia um bolo de massa fechando sua garganta, tamanha era sua ansiedade.

Como se não suportasse olhá-lo, Edmund fitou as árvores em sua frente.

- Ele foi um grande amigo.

***

Músicas : Cloak and Dagger e Shape of Lies - Eternal Eclipse

A viagem de volta teve poucos eventos, até o dia da tempestade.

Taehyung não ficou no quarto adjacente ao de Jeongguk. Sem criar alarde, perguntara a Wooshik se havia uma cama disponível nos outros cômodos de dormir, onde todos os outros tripulantes dormiam, e lá se alocara.

Taehyung não podia mentir. Não era nem de perto confortável como os aposentos de Jeongguk. A privacidade era inexistente, com os outros quinze tripulantes amontoados em beliches presas nas paredes, mas ao menos Taehyung já estava mais familiar com todos. As conversas que aconteciam na madrugada nem sempre eram de alto nível, era bem verdade: na maioria do tempo, eles davam relatos detalhados sobre experiências que tiveram com ômegas.

Servante (jjk + kth) (ABO) - ConcluídaWhere stories live. Discover now