Capítulo 38

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"Eu tenho tudo que eu preciso quando tenho você e eu, olho ao meu redor e vejo uma vida boa. Posso estar presa no escuro, mas você é minha luz, você me guia, me guia através da noite."

A verdade é que o desespero, a ansiedade, tudo isso corrói, e nem é tanto a tempestade em si, é a certeza de que ela está chegando. Porque quando ela chega, as coisas acontecem, o mundo cai, o céu desaba, e okay, passou. A tempestade em si dura muito menos do que a espera por ela. E no fim, não romantizando-se, claro, ainda mais na vida de Ana, mas não dá para negar que no fim tem um arco íris e que isso é lindo.

Ana usava o pijama azul claro para pacientes do Hospital Geral de Seattle, desrespeitando as devidas precauções que lhe foram dadas, ela estava sentada de pernas cruzadas em posição de índio na cadeira desconfortável ao lado da cama de Christian, onde o mesmo dormia pacificamente tendo a ajuda de um tubo de ventilação para respirar normalmente.

Eles estavam ali há quase dois dias inteiros, Christian estava perto de acordar - pelo menos os médicos disseram aquilo nas últimas duas horas que Ana perguntou sem parar para qualquer um que entrava no quarto - e a morena apenas estava sendo avaliada.

Quando ela acordou, horas depois de todo o acontecido, na cama de um dos quartos do hospital, teve um leve surto. O cheiro de desinfetante, pessoas de branco e ela deitada numa cama de um quarto branco. Era aterrorizante. Por um momento - um terrível momento - sua mente devagou há meses, onde ela estava naquele mesmo estado em Priory. Talvez por aquele motivo ela teve seus pedidos atendidos tão rapidamente, na verdade, o único pedido foi estar com Christian.

Parte de seu pulmão esquerdo foi corrompido pela fumaça do fogo, o que a fez ter dificuldade para respirar por longas horas e teve ajuda de um nebulizador mecânico e soro em seu sistema devido a droga que lhe foi aplicada antes. Os médicos ficaram surpresos ao ver a quantidade absurda que havia em seu organismo, o que segundo a ciência, a menina nem ao menos deveria ter conseguido ficar de pé ainda. A não ser que fosse alguém como Ana, claro, com seu corpo tão acostumado a drogas pesadas que algo como um calmante forte quase não fazia efeito em seu sistema.

Ela segurava a mão de Christian entre as suas e não desviava o olhar do rosto sereno dele, sempre o tocando no cabelo, ou nas bochechas, no pescoço... tinha medo que algo o estivesse incomodando e ele não pudesse dizer. Ela sabia como era aquela sensação.

Com cuidado e muito zelo, ela esperava pacientemente.

Por mais longas quatro horas.

Já era quase noite novamente, e Ana tinha o queixo repousado na lateral da cama, encarando Christian mesmo que os olhos se fechavam e abriam lentamente com as piscadas e seu jeito já sonolento, e o Grey apertou sua mão levemente antes de abrir os olhos devagar.

O quarto estava mais numa meia lua, a penumbra fraca permitindo que Christian não fosse incomodado com a luz e o único barulho no quarto era do monitor cardíaco.

Ana ficou ereta na cadeira, trazendo a mão de Christian até seus lábios, beijando as costas repetidas vezes até que finalmente teve o olhar cinzento nos seus.

_ Oi - ela sussurrou, sentindo seu coração bater forte e seu peito apertar com a ansiedade de ter Christian lhe encarando.

Ela amava seus olhos de uma forma que nem conseguia explicar. Ela amava todo ele.

_ Eu estava com tanta saudade dos seus olhos - continuou a falar, ficando de pé e se aproximando o quanto pôde.

Christian apertou sua mão de leve, puxando-a em seguida para trazer Ana mais perto.

50 Tons de Uma SalvaçãoWhere stories live. Discover now