Capítulo 28

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Capítulo 28 - Sobre desistir

"Nem todas as quedas significam derrotas e [...] o fim de um ciclo pode significar um novo começo."


Christian não lembra quanto tempo levou até ouvir a respiração uniforme de Ana e o ressonar baixinho contra seu pescoço, mesmo dormindo, os braços dela ainda estavam em volta de si, e seu corpo completamente recostando o peso no dele, como se estivesse em alerta.

Ao ter certeza que ela estava dormindo pesado, ele a levantou nos braços e a colocou delicadamente na cama, na presença de todos ainda ali, que não mexeram assim como ele até ter Ana dormindo profundamente.

_ Obrigada, Grey - Greene sussurrou enquanto Ross ajudava a deixar Ana confortável na cama, ajeitando sua roupa e seus cabelos bagunçados.

O corpo da menina já não estava mais suado como antes, mas ainda assim, Ana parecia quente e com calor, o que fez a enfermeira diminuir abrir a grande janela e deixar que o vento entrasse por entre a grades.

Greene fez um gesto para dizendo que os enfermeiros poderiam ir, e então suspirou ao encarar Ana agora ressonando como um anjo na cama, mas ainda assim, olhando de perto, podia ver a respiração um pouco entre cortada, o cenho franzindo e as mãos seguravam a barra da camiseta como se precisasse agarrar algo com força.

Ela não estava tranquila.

_ Eu não entendo. Eu sei que existem recaídas, mas Ana não deu nenhum sinal de que isso iria acontecer, não... ela estava tão bem.

_ Eu acho que sei o que houve. Eu acabei dando uma notícia para ela, e só depois percebi que as atingiu de uma forma intensa.

_ Grey!

_ Eu sei - ele bufou, passando a mão pelo rosto, exasperado, não desviando o olhar da imagem de Ana dormindo na cama. - Eu errei. Eu não pensei quando falei.

_ É uma das primeiras regras, Grey, o mundo lá fora é lá fora, você sabe disso, melhor que qualquer um. Também é psiquiatra, sabe o quanto é importante as regras e o quanto é importante Ana se concentrar no tratamento - ela ralhou.

Christian suspirou alto, tocando o rosto de Ana gentilmente com a ponta dos dedos. Ela respirava pesado, como se não estivesse em paz, como se estivesse cansada demais para estar acordada, mas acordada demais para dormir.

_ Sim, eu sou psiquiatra, Dra. Greene, mas não sou o psiquiatra de Ana, ela não é minha paciente. E eu sei que é estranho para muita gente, mas nós temos um relacionamento e eu acabei, por um segundo, me esquecendo que havia muito mais do que apenas o nosso relacionamento em questão. Eu sinto muito, e eu pedi desculpas para ela também. Eu não imaginei que ela teria uma crise, há tanto tempo não tinha, nem comigo. Mas eu deveria ter te falado, ela ficou tensa na hora e até me surpreendeu quando apenas seguiu para a clínica sem eu ter que persuadi-la. Eu deveria ter imaginado que ela já não estava mais consciente naquele momento - ele confessou.

Greene balançou a cabeça em negação, suspirando em seguida.

_ Acho que nós dois erramos - ela declarou. - Eu também devia ter percebido que ela não estava em seu estado normal das últimas semanas. Ela nem quis ficar na biblioteca, e chamou mais que o normal por você.

_ Por que não me chamou? - ele vociferou, finalmente se virando, a mão segurando a de Ana agora.

Não conseguia parar de toca-la, sentia seu coração apertado e um incômodo horrível em seu ser. Só precisava ficar o tanto que conseguia perto dela.

50 Tons de Uma SalvaçãoWhere stories live. Discover now