Capítulo XXII

7 1 0
                                    

Sábado amanheceu um pouco nublado, mas decidimos sair para correr mesmo assim. A temperatura estava agradável e a praia, não muito movimentada. Na volta, paramos na Bakery. Pedimos nosso café, conversamos amenidades e programamos o dia.

Quando estamos voltando para casa, ele pede para irmos primeiro ao loft. Ao abrir a porta, deparo com os dois quadros enormes que viraram a pintura de nossos corpos no dia dos namorados. Estão tão expressivos, tão cheios de vida que parece que uma energia emana deles. São cheios de cores e, se olhar bem, consigo identificar os contornos do meu corpo.

– É maravilhoso!!

– Nossa obra-prima!

– Sua obra-prima, de criatividade, de paixão, de arte! Estou encantada!

– As próximas obras vão ser inspiradas nas fotos que tirei de você. E já terei minha próxima exposição.

– Vai ser fantástico!

– Enquanto isso... Marina conseguiu levar a exposição pelo Brasil, por meio do centro cultural do banco!

– Só notícias boas!

Pulo em seu colo e o beijo com orgulho e felicidade. Logo estamos na cama, nos amando. E todas as cores explodem no ateliê.

Quando saímos de lá, já passa de uma hora. Almoçamos uma salada e voltamos para o apartamento. Tomo um banho e vou para o salão.

Olho no espelho e fico surpresa com o que vejo. O cabelo está arrumado em um penteado despretensiosamente elaborado, a maquiagem perfeita, os olhos bem marcados e meu pescoço sem marcas. Pronta para meu vestido novo.

Chego em casa e torço para que David não me veja. Quero que tenha o impacto da produção completa.

Ouço-o tomando banho. Vou ao closet, pego tudo de que preciso e me tranco no outro quarto. Visto o vestido prateado longo e fluido de seda com costas nuas em decote profundo. Ele é todo em um bordado tão fino e discreto que parece ser só o tecido. Calço sandálias prateadas de salto alto e fino, bem delicadas. Por último, apenas um brinco pendente de brilhante. Apesar de não combinar muito, opto por manter no dedo o anel que David me deu, já que nunca saiu dele desde que o ganhei.

Olho no espelho e fico feliz com o que vejo. Não é só a superprodução. Tem um brilho nos olhos, uma suavidade na pele, não sei. Acho que nunca me senti assim.

Na sala, escolho alguma coisa para bebermos antes de ir. Escolho um Prosecco na adega, abro a garrafa e sirvo as duas taças. Minha intenção é chegar com elas ao quarto, mas sinto a presença dele me encarando. O cheiro divino. Levanto o olhar e nunca, em nenhuma visão que tenho em minha memória, consegui uma imagem mais bela do que a que vejo hoje. Ele usa um smoking preto com gravata borboleta e camisa branca. Sapatos impecavelmente engraxados, cabelo arrumado, barba feita. Seus olhos estão iluminados. Ele irradia felicidade e beleza.

Ofereço-lhe a taça e brindamos, conversando apenas pelo olhar. Uma energia diferente paira no ar. Tenho que fazer alguma coisa, caso contrário não conseguiremos chegar ao baile.

David tira o celular do bolso, põe uma música e me traz para si. A proximidade com seu corpo, com seu cheiro, me faz derreter. Iniciamos uma dança calma e sensual. Meu coração acelera. Quero-o mais que tudo na vida. Será? Mais que tudo mesmo? Mais que ir para Londres? Quero os dois. Quero-o comigo em Londres. Afasto esse pensamento por agora e apenas sinto o momento. Uma mão desliza em minhas costas nuas até a região glútea, a outra segura minha mão como se esse toque nos conectasse. Meu coração acelera e minha respiração fica entrecortada. Será que consigo esperar até o fim da noite para ser dele? Tenho que conseguir.

Eva BiancoWhere stories live. Discover now