Capítulo IV

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Acordo em um susto. Não estou em minha casa. Não o sinto ao meu lado. Estou completamente nua. Adaptando-me à claridade, procuro por ele no loft. Não demora muito para sentir um cheiro delicioso de café e encontrá-lo pintando.

– Bom dia, linda!

– Bom dia! Que horas são?

– Dez e meia.

– Meu Deus! Não me recordo nesta vida do dia em que acordei a essa hora! Por que me deixou dormir tanto? – vou me levantando, procurando minhas coisas e me vestindo o mais rápido que posso.

– Calma, hoje é domingo. Você parecia muito cansada e estava dormindo tão relaxada...

David se aproxima de mim com cautela, avaliando minha reação. Senta na cama e me puxa para um abraço carinhoso. Deixa um beijo terno na minha têmpora.

Ele está só de cueca, mas sinto que já tomou banho. E está com aquele cheiro amadeirado delicioso. Meu coração acelera.

– Tenho que ir pra casa... – sussurro, mas não é o que queria dizer...

– Passe o dia comigo hoje – sua proposta é tentadora.

– Tem o almoço nos pais da Rebeca.

De repente, o colo carinhoso em que me encontrava vira um abraço sensual, cheio de mãos e beijos sedutores. Já sei onde isso pode parar. Mas não vou permitir. Preciso chegar ao meio-dia na casa da tia Nice e ela sabe que não é do meu feitio atrasar. Só daria mais espaço para mil perguntas. Além do mais, não escovei os dentes. Com carinho, vou saindo de seus braços. Pouso um beijo casto em seus lábios e termino de me arrumar. Logo ele está pronto também.

– Onde você vai? – pergunto, confusa.

– Acompanhar você até sua casa – ele responde, como se fosse óbvio.

– Estamos praticamente a cinco minutos a pé da minha casa, não precisa se incomodar. Além do mais, você estava pintando quando acordei. Não quero atrapalhar...

– Você nunca atrapalha. Você me inspira! Vou acompanhá-la, até para garantir que você não vai ser atropelada por crianças patinadoras.

Posso começar a me acostumar com seus cuidados. Sempre fui tão autossuficiente...

Descemos de mãos dadas os três andares de escadas. A rua está tranquila para um domingo de manhã. As pessoas seguem calmamente em direção à praia, vivendo seu cotidiano. Chegamos à porta do meu prédio.

– Obrigada – e pouso um beijinho em seus lábios.

– Não vou subir?

– Não tenho muito tempo...

– Então posso preparar seu café enquanto você se arruma.

Ele está lindo. Cabelos ainda úmidos, bermuda branca e camiseta azul combinando com seus olhos. Irresistível. Ainda mais fazendo biquinho, e tão solícito...

– Ok, vamos subir. Mas realmente tenho pouco tempo – não posso deixá-lo ter esperanças de que vai me dissuadir de meus planos.

Damos bom-dia ao porteiro enquanto aguardamos o elevador. Entro no apartamento com o passo um pouco apertado, deixo-o à vontade e sigo para meu quarto. Não fecho a porta atrás de mim.

Eva BiancoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum