Capítulo XIV

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O céu está em um azul perfeito, sem nuvens. David acordou e já está pronto. Acho que abriu a janela agora pra eu acordar. Quando percebe que me movimento na cama, ele se aproxima.

– Bom dia, linda!

– Bom dia!

– Preparada para a trilha?

Fecho os olhos e finjo que estou dormindo como resposta. Depois começamos a rir feito crianças. Levanto, visto meu biquíni mais comportado, um short e uma camiseta de corrida, calço tênis e arrumo uma pequena mochila. Passo protetor solar, prendo o cabelo em um rabo de cavalo e estou pronta.

Na sala, todos nos aguardam para o café. Fico totalmente sem graça. Tem muitas variedades de frutas, pães, embutidos, queijos, suco, leite, café... Tudo delicioso. Ainda bem que vamos sair em uma trilha e vou poder queimar um pouco dessas calorias.

Pegamos um caminho de terra que dá acesso à trilha. São uns cinco quilômetros de caminhada, mas com tanta conversa, tantos ritmos, demoramos quase uma hora. Meu pai e Thomas fazem muitas fotos pelo caminho, minha mãe e Nice observam atentamente as belezas naturais. Ricardo caminha como se saboreasse o ar puro, o cheiro da terra, o barulho dos pássaros. Rebeca parece impaciente, como eu. Pelo menos tenho David.

Quando chegamos, vejo que essa hora de caminhada valeu a pena. Uma linda queda d'água forma uma grande piscina natural. Ao redor, uma prainha de areia. Bucólico, ainda mais rodeadas de várias montanhas. Chego próximo à água e sinto sua temperatura fria de doer. Sentamo-nos para descansar e apreciar a paisagem.

A conversa segue empolgada. Nice e Thomas tentam convencer meus pais e Ricardo a fazer um grupo para uma viagem longa. Eles se encarregariam da pesquisa do lugar, cotações e tudo mais. Fico imaginando Ricardo nesse grupo... Por outro lado, faria bem a ele ter mais momentos de lazer que não sejam em congressos e simpósios. Diversão por si mesma. Como seu filho tão bem tem me ensinado.

O caminho de volta é mais rápido, todos já conhecem a trilha e não há mais novidades. Voltamos para casa. Preciso de um banho! Vou para o quarto e David me acompanha.

Ele põe a banheira para encher com sais. Um cheiro de ervas invade o espaço. Depois, tira cuidadosamente minha roupa e me apoia para que eu entre na banheira. Está perfeita a temperatura da água. Ele continua vestido. Puxa uma cadeira e se senta ao meu lado, mas do lado de fora. Pega uma esponja, joga sabonete e começa a passar no meu corpo. Em seguida, coloca xampu nas mãos e espalha na minha cabeça, massageando meu couro cabeludo. Sinto uma onda de arrepios percorrer meu corpo, mas estou incomodada que ele não esteja aqui dentro comigo.

– Você não vai entrar?

– Acho que essa banheira não aguenta nós dois...

Faço um beicinho. Mas estou gostando de ser mimada assim. Ele liga a ducha e enxágua meus cabelos. Passa o condicionador com carinho nas pontas. Traz duas toalhas. Com uma, enrola meus cabelos e abre a outra para me enrolar num quase abraço.

– E você?

– Eu tomo um banho rápido enquanto você se arruma.

– Me deixa retribuir...

– Depois. Senão, vamos passar a tarde inteira nesse quarto de novo!

– É verdade – rio encabulada.

– Para onde vamos?

– Meu pai sugeriu um restaurante italiano. Sabe como ele é...

Eva BiancoWhere stories live. Discover now