Capítulo XX

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Corri por uma hora, imprimindo o ritmo maior que consegui. Arthur suou para me acompanhar. Ou está ficando fora de forma? Faz muito tempo que ele não precisa vir junto comigo. Distraio minha mente desse pensamento. Tenho que ir trabalhar sem notícia de David. Não vai ser fácil. Penso em passar na casa de Ricardo, mas se ele não me avisou que estava lá é porque não quer que eu saiba.

Em casa, vou direto para o banho. No quarto, David está sentado na cama, com a mesma roupa de ontem. Não tomou banho e, pelo cheiro, parece que sua opção foi a cerveja. Sinto uma raiva enorme dentro de mim.

– Por favor, não me deixe.

Sento-me ao seu lado.

– Eu não disse que o deixaria.

– Então por que me mandou sair?

– Eu não mandei você sair. Só disse para organizar seus pensamentos para saber o que realmente quer.

– Mas eu quero só você...

– Eu sei – agora eu sei.

Sento-me mais próximo dele e o abraço, encostando sua cabeça em meu colo. Ele chora como uma criança perdida. Meu coração se parte. Por que fui tão dura com ele? Por que simplesmente não confio no seu amor e não me entrego? Beijo carinhosamente sua face, como várias vezes ele já fez comigo. Temos tanto a aprender, mas juntos será sempre mais fácil.

– Eu te amo, Eva!

– Eu também te amo, David!

Nosso beijo é intenso, caloroso. Como Rebeca previu, a reconciliação é sempre a melhor parte. Meu coração acelera e sinto um frisson adolescente dentro de mim. Tiro minha roupa de corrida suada e a dele, jogando tudo no chão.

– Venha tomar um banho comigo.

Ele não responde, mas obedece. Escolho o chuveiro. Parece que precisamos da água corrente para exorcizar nossos fantasmas. Passo a esponja com sabonete em sua pele para acordá-lo. Massageio seu couro cabeludo com xampu e hoje sou eu que cuido dele. Aos poucos ele parece despertar do transe e começa a retribuir carinhosamente meus cuidados.

Logo estamos novamente entrando em nossa conexão. Minha pele não é indiferente ao seu toque, nem a dele ao meu. Sinto nossos corpos se unirem na sintonia perfeita. Um beijo e começamos a explorar um ao outro como se pudéssemos ter esquecido como somos tão bons juntos. Logo estou em seu colo, ele me imprensa na parede e me penetra, profunda e deliciosamente. Nesse momento, não há nada entre nós. Nem real nem imaginário. Nossos corpos falam por nós e conseguem ser explícitos. Não há entrelinhas. Só o mais puro amor e o prazer que conseguimos nos dar. Alcançamos juntos o orgasmo, selando a paz entre nossos corações. Não sei se ainda vamos conversar sobre isso, se ele vai me contar o que fez ontem, mas acho que nem me importo mais. O que quer que tenha feito, foi para meus braços que voltou e de onde pediu que eu não o tirasse. Acalmamos nossos corpos e saímos do banho. Limpos e saciados.

– Que hora você tem que estar na empresa hoje? – ele pergunta enquanto seca meus cabelos.

– Meu horário de entrada é às nove, mas não tenho nenhuma reunião agendada.

– Então podemos tomar café juntos? Estou morrendo de fome.

– Claro!

Seguimos para a sala e Cleo já pôs a mesa. Faço sinal para ela ir para a cozinha.

Eva BiancoWhere stories live. Discover now