Capítulo dezoito

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— Por que você mentiu? — perguntei cansada. — Por que mentiu para mim? — ele me olhou nos olhos, o garoto parecia cansado também, as lágrimas eram visíveis, mas Nathan impediu que caíssem, pois secou rapidamente seus olhos.

— Porque sou egoísta! O pior dos homens — fez uma pausa tentando recuperar o fôlego, que gastava em cada palavra dita com dificuldade. — Eu só queria uma chance, Sofia! Queria que você olhasse para mim, não como o cretino que eu sou, mas para a pessoa que me torno quando estou com você. Mas a escolha sempre foi sua, nunca influenciei nisso. Você se apaixonar por mim, ou não, sempre dependeu de você. — ele estava certo, eu caí na minha própria mentira.

— Tem razão, Nathan! A culpa é minha por ter esquecido de quem você era, obrigada por me lembrar. — falar aquelas palavras doeram tanto em mim, quanto nele. Não havia mais o brilho brincalhão nos olhos verdes de Nathan, agora seu olhar ocupava um lugar vazio, um verde escuro, sem vida. E sabia que as minhas palavras tinham partido seu coração, então agora não era apenas o meu que se encontrava daquela forma.

— Sabe o que é pior? — perguntei em um tom quase inaudível. — Eu nunca vou te perdoar por me fazer amar você. — antes que ele respondesse, saí caminhando quase correndo porta fora. Esbarrando com Henrique e Isabela no portão que dava para o estacionamento.

— Amiga? Você tá bem? — ela perguntou notando minha cara de choro, mesmo comigo tentando esconder, mas Isa me conhecia bem demais.

— Não! — desabafei não contendo as lágrimas. Isabela prontamente me aconchegou em um abraço consolador. Henrique nos levou para minha casa, por sorte meus pais não estavam, era melhor assim, não tinha ânimo para contar toda a história para eles.

Ao chegar tomei um banho e Isa fez um café quentinho, Henrique já tinha ido embora quando voltei para a sala. Nanda chegou logo depois. Em tempos difíceis, às vezes tudo que precisamos era de uma amiga para segurar nossa mão, e dizer que tudo ficaria bem. Mas minha sorte era maior, pois tinha duas.

Nós três nos aconchegamos na minha cama, e assistimos "10 coisas que eu odeio em você", agora sabia o que Kat sentiu quando descobriu a verdade sobre Patrick. A última vez que assistimos esse filme, Nanda tinha terminado com o namorado, era uma noite fria de inverno, quando ela nos ligou chorando. Ele tinha traído ela com uma garota que dizia ser amiga dele, depois disso Fernanda fechou o coração, foi quando percebi, o quanto uma pessoa pode deixar marcas na outra, marcas invisíveis, porém tão profundas quanto um corte de uma lâmina afiada, a ferida cicatriza, mas a cicatriz nunca some.

No dia seguinte agradeci aos céus por ser sábado. Quando me olhei no espelho do banheiro vi meus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, eu já me perguntava por que ainda chorava. Acho que era porque eu amava tanto o Nathan que pensei que ele nunca esconderia algo de mim, ou talvez eu o amasse tanto que tinha usado essa mentira para me afastar dele, talvez eu queria evitar uma catástrofe maior.

Contei parte da verdade para meus pais, apenas o término, mas não o motivo. Eles não fizeram perguntas, a decisão era minha e eles me apoiariam em qualquer situação.

Diferente de Isabela, sua reação acabaria com ela presa depois de estrangular Nathan, dizendo que gastaria seu réu primário para me vingar. Foi a parte mais divertida da noite anterior, que fez todo mundo cair na gargalhada, eu sabia que esse era seu objetivo, me fazer sorrir, e ela nunca perdia uma batalha. Nanda disse que um coração partido nos deixava mais forte, e que se permitir amar, era também permitir se machucar.

No domingo de manhã recebi uma visita inesperada, Lucas. Ele parecia sereno, mas com um olhar culpado. Mesmo sem dizer nada, sabia sobre qual assunto se tratava.

Um acordo infalívelWhere stories live. Discover now