Capítulo onze

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A luz do sol transcendia a cortina levemente transparente, iluminando todo o quarto. Senti um peso sobre minha cintura, quando direcionei meu olhar encontrei a mão de Nathan agarrada a mim, conseguia sentir sua respiração pesada contra minha nuca, que provocou um arrepio involuntário por meu corpo. Tentei virar-me devagar, para evitar acordá-lo. Assim que vi seu rosto sereno, meu coração palpitou, os fios pretos caíam sobre suas sobrancelhas grossas, seus longos cílios beijavam suas bochechas coradas, um sorriso tomou conta de meus lábios. Com cuidado afastei um pouco de seu cabelo para poder analisá-lo melhor. Nathan ainda segurava minha cintura.

— Sou lindo até dormindo, né? — levei um susto quando escutei a voz rouca e sonolenta do garoto. Afastei minha mão rapidamente.

— Você estava acordado o tempo todo? — perguntei, envergonhada.

— Senti você se virar! — informou, abrindo lentamente suas pálpebras e me encarando.

Seus olhos pareciam mais verdes do que o normal como folhas na primavera. E eu sempre amei essa estação.

— Nunca havia notado! — disse, analisando minha face minuciosamente.

— O quê? — perguntei, ajeitando o travesseiro.

— Como alguém pode ser tão linda ao acordar?

— Você está bem? — perguntei tocando sua testa. — Está doente para fazer um elogio logo de manhã cedo?— vi o rapaz sorrir da minha brincadeira.

— Você é muito engraçadinha! — falou ironicamente. Começando a fazer cócegas na minha barriga.

— Não... Não... Não... — gritava entre risos, para que Nathan parasse, odiava cócegas, mas com ele estava sendo divertido.

Escutamos uma batida na porta. Ouvimos a voz de Verônica através dela, nos chamando para o café da manhã, meu namorado falso gritou que já íamos.

Nos encaramos por mais alguns instantes, deitados um ao lado do outro, acho que nenhum dos dois queria que esse momento acabasse, essa trégua dos insultos e brigas. Não queríamos voltar para o mundo real, mas o que vivíamos era uma mentira. E eu não estava preparada para encarar a verdade, não queria esquecer as conversas, as brincadeiras e as piadas que vivenciei com Nathan.

— No quê está pensando? — perguntou, ajeitando o travesseiro para poder me olhar melhor.

— Em quando toda essa mentira chegar ao fim! — confessei com um pouco de lamentação na voz.

— Bom, você vai se ver livre de mim. E ficar com o Lucas. — ele tentou soar animado. Mas tinha um resquício de tristeza em sua fala, escondendo seus verdadeiros sentimentos.

— Ainda podemos ser amigos? — perguntei esperançosa. Ele assentiu. Mas, amigos não se olhavam daquela forma. Desviei meu olhar, levantando.

— Melhor irmos tomar café! — sugeri. Nathan murmurou um "sim".

Tentava colocar meu vestido de ontem a noite, mas não conseguia alcançar o zíper, em casa minha mãe tinha ajudado, mas agora precisava da ajuda de outra pessoa. Abri a porta do banheiro e encontrei Nathan sem camisa, vasculhando seu closet, respirei fundo, meu coração acelerou, aquele homem parecia ter saído de uma revista, nunca o tinha visto sem camisa, haviam tatuagens espalhadas por seu tronco, senti minhas pernas ficarem bambas.

— Nathan! — chamei a atenção do garoto, que me olhou e logo veio até mim.

— Tudo bem? — perguntou. Assenti hipnotizada por seu tanquinho sarado. Mas tentei manter a sanidade.

— Você pode me ajudar... — fiz uma pausa, recuperando o fôlego. — a fechar o vestido? — finalizei.

— Claro! — concordou prontamente.

Um acordo infalívelWhere stories live. Discover now