Capítulo dezoito

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Quando uma pessoa em quem você confia cegamente, mente para você, acabamos por esquecer todas as verdades ditas, confundindo a verdade com a omissão. Será que algo foi verdadeiro ou tudo não passou de um jogo para Nathan?

Mentimos para muitas pessoas, mas eu pensei que entre tantas enganações, pelo menos nós dois éramos verdadeiros um com o outro, mas estava enganada, porque eu caí na minha própria farsa. No final, talvez o amor seja a maior das mentiras.

Desci as escadas, atordoada. As palavras ressoavam em meus ouvidos, como um coro bem ensaiado. Assim que avistei um corredor vazio, parei, me permitindo desabar no chão, tampei minha boca com as costas da mão, para que meu choro ficasse sufocado, então as lágrimas rolaram por meu rosto. Agora sabia qual era a sensação de um coração partido, porque consegui ouvi-lo se despedaçando, repousei minha mão sobre meu peito, tentando exterminar aquela dor. Amar alguém não deveria doer tanto, mas a dor era a consequência de se permitir sentir algo por alguém.

Continuava agachada no corredor quando ouvi a voz da última pessoa que gostaria de ver naquele momento.

— Amor? — ressoou a voz rouca de Nathan. Levantei vagarosamente, ajeitando minha roupa, e tentando recuperar a última migalha de dignidade que me restou. Respirei fundo e me virei para encará-lo.

— Você estava chorando? — ele perguntou com uma expressão preocupada, como poderia ser tão cínico? Nathan tentou tocar meu rosto, então dei dois passos para trás o impedindo de tal ato. — O que aconteceu?

— Eu sei de tudo! — revelei com a voz trêmula. O garoto franziu a sobrancelha, parecendo não entender do assunto que estava falando.

— Esse tempo todo você mentiu para mim! — falei e finalmente vi que ele entendeu do que se tratava. Nathan se aproximou e eu me esquivei novamente.

— Não é o que você está pensando. — tentou se defender, sua face estava tomada por nervosismo. — Eu ia te contar, mas... — ele não concluiu.

— Você não tem coragem nem de admitir! — alterei um pouco minha voz, quando o vi encarar o chão. Ele não conseguia nem ao menos me olhar nos olhos.

— Eu fui uma aposta entre você e o Lucas? — perguntei gritando, sem me importar em quem pudesse ouvir. Um nó se formou em minha garganta, não sei se queria saber a resposta.

— Não! — Nathan falou rapidamente, agora olhando diretamente para meu rosto. — Jamais faria isso. Eu sei que te magoei, mas acredita em mim... — não o deixei terminar.

— Acreditar? — ri ironicamente. Tentando impedir as lágrimas. — Só o que fiz esse tempo todo foi acreditar em você! — esbravejei, sentindo meu coração se dissolver quando notei que Nathan começava a chorar. Mas a confiança era como uma folha de papel, depois de rasgada, não importava o quanto quisesse juntar os pedaços, nunca mais seria a mesma.

— Me perdoa, eu sei que errei em não te contar a verdade, mas eu te amo. — ele tentou tocar meu rosto, mas afastei sua mão.

— Você não esconde a verdade da pessoa que ama. — ele não respondeu. — Eu entreguei meu coração para você, e agora me pergunto se você tem um!— tentei passar firmeza na minha fala, mas por dentro tudo desmoronava.

— Como posso não ter um coração? Quando nesse momento você acaba de parti-lo. — sua voz saiu falha como se uma bala acabasse de atravessar seu peito, e eu tivesse puxado o gatilho. — No final você me deu um coração e agora acabou de arrancá-lo. — senti uma dor em sua voz. Por mais que o odiasse, eu ainda o amava. O amor não desaparece nem mesmo quando você odeia alguém por quem tem um carinho especial, tem sentimentos que são mais complicados do que tentar dobrar lençol de elástico.

Um acordo infalívelWhere stories live. Discover now