Capítulo três

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Dava meu último retoque na maquiagem, quando ouço a campainha. Meu pai grita da sala que ia atender. Agora além da voz do meu pai, escuto uma segunda voz masculina, reconheceria em qualquer lugar aquele soar rouco e grave da voz de Nathan. Termino de calçar meu tênis e me junto aos dois na sala.

— Oi Nathan! — comprimento. Ele me olha de cima a baixo, parecia impressionado.

— Nossa, você está linda. — elogiou antes mesmo de me cumprimentar, meu pai apenas observava atento, não me faria nenhuma pergunta na frente de Nathan, mas tenho certeza que estava curioso sobre nossa relação.

— Obrigada! — agradeci. — Você também, não está nada mal. — ele baixou a cabeça meio sem jeito, pela primeira vez não trocamos insultos. Acho que o fiz perder as palavras. 

— Acho melhor irmos. — mudei de assunto.

— Também acho. — ele concordou.

Agora me direcionando ao meu pai falei.

— Volto antes da meia noite, tá bom? 

— Claro filha! Divirta-se.

— Diz para mamãe que deixei um beijo. — meu pai concordou, minha mãe estava no banho.

Saindo pela porta em direção ao portão que dava para rua, Nathan começou a falar.

— Sofia, aquilo no seu sofá era um rato gigante? — pensei por um momento, do que esse garoto está falando? Quando lembrei do Pompom.

— Está falando do Pompom?

— É o nome do rato? — perguntou rindo.

— Não é um rato. É um coelho! — informei, já zangada, ele sabia exatamente que era um coelho, mas Nathan insiste em me provocar.

— Você tem um coelho de estimação?

— Sim! Algum problema? — parei de caminhar e olhei para ele. 

— Por que você não pode ser uma garota normal e ter um gato? — indagou rindo.

— E por que você não pode ser um garoto normal e parar de me insultar? — disse em tom mais alto, abrindo o portão com força.

— Adoro ver você zangada. — Nathan confessou. — Te deixa sexy.

— Você é insuportável! — falei, colocando as mãos no cabelo, para controlar a vontade de socar a cara dele.

Em resposta, Nathan me deu um sorriso provocativo.

Caminhamos até sua moto.

— Toma. — ofereceu o capacete.

— Não vou subir nessa moto. — Nathan suspirou, revirando os olhos.

— Vamos lá, por que não, Sofia? — perguntou se encostando na moto.

— Eu nunca andei em uma. — confessei, era verdade, nunca subi em uma, tenho medo. Minha mãe já havia sofrido um acidente de moto a alguns anos, desde então prometi a mim mesma que nunca subiria em uma. Muito menos com ele pilotando.

— Prometo que não vai acontecer nada de ruim! — sua voz parecia dizer a verdade.

— Você promete que vai ser cuidadoso? — perguntei, receosa.

— Eu juro! — ele estendeu o capacete outra vez, então o peguei. Daria um voto de confiança.

Como vestia calça jeans foi simples para subir na moto.

— Me dê suas mãos. — pediu Nathan, então assim o fiz. Ele segurou elas e posicionou em volta da sua cintura. — Sente mais para frente e segure em mim. — concordei com a cabeça.

Começamos a nos mover, conseguia sentir o cheiro doce do perfume dele, por mais que odiasse admitir, o cheiro era gostoso. Nathan era um dos poucos meninos, que não usava aqueles perfumes fortes e amadeirados, o seu era um aroma suave e doce, lembrava o fim de tarde em um domingo ou dias chuvosos com filme e pipoca.

— Você tá bem? — questionou Nathan, concentrado no asfalto.

— Sim! — respondi, o segurando ainda mais forte.

Percorremos mais uns quarteirões, chegando ao nosso destino. Desci rapidinho da moto.

— Como foi sua primeira experiência de moto? — perguntou rindo, tirando o capacete.

— Por incrível que pareça, você é um bom motorista. — disse ironicamente. Tentando tirar meu capacete, mas o ganchinho não abria, vendo meu sofrimento, Nathan se aproximou.

— Espera! Tem um jeitinho para abrir. — como ele era mais alto que eu, teve que se abaixar um pouco para visualizar o gacho, sua respiração batia contra meu pescoço, o que fez meu coração acelerar, engoli a seco. Finalmente ele conseguiu abrir, tirando o capacete da minha cabeça. 

Voltei para realidade, onde eu odeio ele. Ajeitei minha postura e meu cabelo.

— E agora? — perguntei aflita.

— Começamos os jogos. — ele deu uma piscadela.

Segurou minha mão, me puxando para perto.

— Olha para mim, ruivinha. — fiz o que pediu. — Você está muito nervosa, sua mão tá suando. Relaxa. — recomendou, olhando para mim. Concordo.

— Vamos entrar. — respirei fundo, apertando a mão de Nathan. Não havia contado nada a Isa ou Nanda, queria que as reações fossem reais. Depois conto a história a elas.

A casa do Henrique era gigantesca, seu pai é Ricardo Tanaka, um cardiologista muito reconhecido, por isso tanto dinheiro. 

Quando entramos, havia jovens espalhados por toda sala, alguns com bebidas em mãos, outros dançavam. Mas metade deles parou para olhar para nós dois, admirados, surpresos e algumas garotas pareciam decepcionadas. Nathan e sua fama de partir corações, todos achavam que eu era mais uma na sua listinha.

Mas o único olhar que me importava era o de Lucas, que se encontrava no lado direito da sala, parecendo curioso ou furioso? Não sabia dizer. 

— Vem, vamos comprimentar o Henrique! 

— O quê? Não, o Lucas está junto com ele. — murmurei, nervosa.

— Ruivinha, foi para isso que viemos, para conquistar o Lucas, lembra?

— Eu sei, mas…

— Não precisa ficar com medo, vamos lá apenas cumprimentar o anfitrião. — assenti, tentando não demonstrar meu nervosismo.

Caminhamos entre as pessoas, esbarrando em algumas, até dar de cara com eles.

— E aí Henrique! — cumprimentou Nathan. Dando um abraço no amigo. Lucas apenas observava com a cara fechada.

— Que bom que conseguiu vir Nathan. — comemorou Henrique.

— Depois de implorar pro meu pai, ele deixou.

— E oi Sofia, né? — perguntou, Henrique.

— Isso! Sua casa é linda. — elogiei, com isso ele sorriu e quando sorria seus olhos estreitos e pequenos também formavam um sorriso, lembro que Isa sempre dizia que foi isso que a fez se apaixonar por ele. O garoto sorria com os olhos.

— Obrigada! Fiquem à vontade. 

Assentimos e fomos em direção a um canto da festa, ficamos lado a lado.

— Todos estão olhando para nós. — falei. Então Nathan se posicionou atrás de mim, sussurrando em meu ouvido.

— Talvez não estamos sendo convincentes. — mesmo de costas, conseguia imaginar o sorrisinho arrogante que se formou naqueles lábios perfeitos.

— Seu idiota, imagino que está se divertindo muito com a situação. — percebi a aproximação novamente, com uma das mãos ele afastou meus fios de cabelo, colocando atrás da minha orelha e sussurrou outra vez.

— Você não faz ideia do quanto. — senti um arrepio, provocado por sua respiração contra minha pele. Em um movimento rápido, ele me virou para encará-lo, me beijando. 

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