18 - E Lá Vamos Nós de Novo.

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— Diga, Lencastre, você foi ou não foi o gigolô da Merida? — Cindy questionou séria, inclinando a sua cadeira de madeira para trás.

Todos nós estávamos na sala de depoimentos e testávamos o novo detector de mentiras que havia chegado na delegacia. Eu amei isso!

— Não! — Respondeu sem pensar duas vezes e os nossos olhos buscaram pelas linhas azuis e vermelhas no notebook comandado por um homem de meia idade.

— Mentira. — Ele alertou após uma análise aos resultados.

— Essa máquina está quebrada! — Jacob reclamou, cruzando os seus braços. Era a terceira vez que nós fazíamos a mesma pergunta e ele afirmava que era mentira. Todos nós reviramos os olhos e o encaramos com tédio, o que o fez suspirar e se dar por vencido, resmungando.

— Calma, Jacoboy. — Kate apoiou a mão no seu ombro e apertou-o na tentativa de confortá-lo. — O asilo está cuidando muito bem da sua ex...

Explodimos em uma risada e Lencastre ficou bravo, exclamando: — Agora é sua vez, Kate!

— Cara, e desde quando eu minto? As pessoas mentem para não ferir o sentimento dos outros. E eu gosto de ferí-los. — A morena deu de ombros e Lencastre levantou da cadeira, dando espaço para ela se sentar. A mesma colocou todos aqueles fios no seu corpo e o medidor de pressão no braço, preparando-se para o teste.

— Vai, Deena. — Ele ergueu o queixo rapidamente e o abaixou, em um sinal de "ferre essa maluca!"

— Kate, Kate... — Andei de um lado para o outro e puxei o celular do bolso, ligando a lanterna antes de apontá-la para o seu rosto. Eu sempre quis fazer isso! Foi meio que o meu maior estímulo para virar detetive, claro, depois de proteger a cidade e blábláblá. — O nome do seu cachorro é Máquina Mortífera, certo? — Ergui as sobrancelhas, sorrindo. Schimdt fez um barulho com a boca e afirmou com a cabeça. — Ou devemos chamá-lo de... Fofucho! — Acusei, espalmando as mãos na mesa com força.

— Puff. Kate não colocaria o nome do cachorro dela de "Fofucho". — Cindy foi a primeira a se manifestar, risonha.

— O nome dele é Máquina Mortífera, Johnson. Não... esse aí. — Respondeu, convicta de suas palavras.

Torci os lábios como quem diz "é o que veremos" e voltei o meu olhar para o notebook, onde o polígrafo subia, descia, subia, descia, subia, descia, subia, descia...

— Mentira.

No instante em que o homem do detector calou a boca, todos nós arregalamos os olhos e entreabrimos os lábios, criando um coro de "oh!".

Kate puxou um soco inglês do seu coturno militar e o depositou sobre a mesa, avisando: — O nome dele é Fofucho porque a minha ex-namorada quis assim. E quem comentar sobre isso vai levar porrada!

Todos nós engolimos a seco e balançamos a cabeça positivamente.

— Por que você não vai agora, hein, Johnson? — Cindy questionou, sendo apoiada por nossos amigos. — Tenho uma pergunta importante para fazer.

— Puffff! Como se uma maquininha de nada dessas fosse ganhar da melhor mentirosa de Shadyside. — Fiz pouco caso do detector, sabendo que conseguiria mentir muito bem sem ser pega por ele. — Por favor, né?! Eu mentia para a minha mãe! Não sou iniciante!

Sentei-me na cadeira e coloquei todas aquelas coisas no meu corpo, me sentindo uma criminosa perigosa que foi pega pelo FBI. Eu seria um pecado cheia de tatuagens, não é?! Eu deveria tatuar algumas coisas. Algo que me deixe rebelde... Nah, eu só consigo pensar em uma máquina de cortar grama indo em direção aos meus pelos pubianos. Seria engraçado, mas minha mãe disse que eu não transaria nunca mais. Dá para entender essa mulher?! É uma tatuagem criativa!

Você de Novo? - SAMEENAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora