3 - Parabéns, Luke!

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Uma das partes mais difíceis de se ter um filho é que, sempre que o aniversário dele se aproximar, ele vai perguntar: "Mamãe, e a minha festinha?". E, bem, com "minha festinha", ele quer dizer: "Evento em que você gasta dinheiro alimentando o filho dos outros".

A festinha é algo sagrado. É o status social do jardim de infância. Quanto mais legais são as suas festinhas, mais amigos você tem, e como o meu filho é a coisa mais fofa do mundo e eu não consigo negar nada a ele, nós sempre nos esforçamos para termos as melhores festas de aniversário daquela escola. Modéstia parte, se oferecessem um prêmio por isso, certeza que seríamos hexacampeões!

As festinhas costumam ser um caos. Tem criança correndo para lá e para cá, chorando porque tem medo do palhaço, brincando com comida, quebrando a decoração ou gritando como se estivesse sendo perseguida por uma gangue de ninjas. 

Além disso, elas comem muito. Não importa o que você sirva, elas vão devorar em menos de cinco minutos. E nunca, em hipótese alguma, vão parar de comer. Porém... aguentar essa confusão vale a pena, porque Luke sempre explode de felicidade. Eu faço qualquer coisa para vê-lo sorrindo! 

— Oi, Peter. — Apoiei o celular no ouvido com a ajuda de meu ombro, já que as minhas mãos estavam ocupadas empurrando o carrinho pela sessão de aniversário do mercado. — Você vai vir na festa do Luke, não vai? 

Bom, digamos que o Peter não é o pai mais presente do mundo, e isso piorou desde que a emissora o transferiu para Sunnyvale — por mais que seja o estado vizinho. Ele poderia muito bem não ter aceitado a promoção, mas não queria abrir mão dessa oportunidade, e eu ao menos fiquei surpresa ou coisa assim, pois sempre fui a única a priorizar o nosso filho. 

Claro que sim. — Ele respondeu do outro lado da linha. — Você acha que ele curte mais os Lakers ou os Celtics? Quem sabe uma camisa do Kyrie Irving...

— Ele não gosta de basquete. — O interrompi, revirando os olhos.

Um garoto que não gosta de basquete? — Perguntou, como se eu estivesse falando a maior bobagem que ele já ouviu. — Eu aposto que vocês não deixam ele assistir aos jogos. Mulheres...

— Ele não gosta, Peter, e sabe por quê? Porque garotos não são obrigados a gostar dessa merda. — Esbravejei, procurando o número seis nas velinhas de bolo. 

— Então, se você quer dar um bom presente, procure outra coisa, porque ele não dá a mínima para esse maldito esporte, muito menos para o Jordan ou qualquer idiota que se acha um máximo só porque enfia bolas em cestas!

E ele brinca com o quê? Bonequinhas da Barbie?

— Ele brinca com o que ele quiser, cara! Luke é uma criança. — Coloquei as velinhas 0 e 6 no carrinho, checando a lista de compras para ver o que faltava. — Escuta, eu não quero brigar, só quero ter certeza de que você vai vir e contratou o mágico que eu pedi. 

Eu fiz tudo o que você pediu, Samantha. — Garantiu, parecendo irritado. Ah, pronto! Eu quem tenho que estar irritada nessa merda! 

— Ótimo! Não se atrase. Passar bem.

Assim que desliguei a chamada, Emma apareceu, trazendo consigo alguns pacotes cheios de balões coloridos. Nós não ficamos muito tempo pelo mercado, afinal tínhamos que ajudar a mãe com a comida e ajeitar a decoração, por isso fomos rápidas e compramos somente o necessário. 

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Havia um cartaz preto pendurada na parede, com um ET verde no meio, e cercadas de estrelinhas brancas. 

Você de Novo? - SAMEENAWhere stories live. Discover now