capítulo 41

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L I L I T H

Solstício de Inverno

- Eu realmente espero que meu pai não queira arrumar mais nenhuma confusão com ninguém daqui.

Seph estava andando de um lado para o outro em meu escritório enquanto eu lia cartas e mais cartas de outros reinos, que buscavam novas alianças. Principalmente com reinos poderosos como Solaris.

- Helion, seu avô, dará um jeito. Ele te defendeu na última briga na festa após a coroação.

Eu sorria internamente ao me lembrar da cara do querido Lucien ao encarar a filha com as feições levemente alteradas. Os centímetros a mais, as orelhas pontudas e os olhos brilhando com o fogo que ela herdou dele.

Ele havia ficado horrorizado para dizer o mínimo.

Por mais que eu gostasse do macho, ele reagiu muito mal diante das escolhas da filha. Que consequentemente é um dos membros de minha corte, ou seja, a imagem de Lucien não é muito bem vista aqui.

- Espero que minha mãe consiga controlar ele! Eu ainda não acredito que ele teve coragem de me chamar de traidora... Na frente de todos! Eu nunca realmente pertenci àquele lugar. E se tem uma pessoa que entende o que é não sentir pertencimento é meu pai. Ele andou por várias terras até que encontrasse finalmente seu lar.

Eu quase joguei Lucien de uma das sacadas do palácio quando vi que os olhos da fêmea ruiva estavam brilhando com lágrimas que se recusavam a escorrer.

Mas Lucien era um macho bom.

Se eu matar qualquer um deles por cada erro é possível que eles entrem em extinção.

- Não sei como ele não pode simplesmente aceitar que aqui é o meu lugar, e que desde que eu coloquei os olhos em você eu sabia que te seguiria para todos os lugares que fosse. Mudei de lealdade! Eu nunca declarei que era leal a alguém, apenas você! Não posso fazer nada se ele acha que seguirei todos os passos de minha família.

- Ele estava de cabeça quente, Seph. Hoje a noite, confie em mim, ele não irá dizer uma palavra ruim para você nem ninguém de nossa corte.

Nem que eu tivesse que ameaça-lo.

- Que tal mudarmos de assunto?

- Foi você que iniciou a conversa sobre sua família, não fale como se eu tivesse sido a culpada pelo surgimento desse assunto. Mas sim, diga sobre o que quer falar.

- O seu aniversário...

- Não.

Ela desliza com sua graça habitual para a cadeira com estofado verde escuro em minha frente e segura minhas mãos esguias e pálidas como a Lua.

Eu definitivamente precisava tomar Sol.

Eu estava pagando o preço pelos dias passados enclausurada dentro do palácio, cheia de deveres e cartas para ler, conselhos para participar com os lordes de cada cidade ou aldeia... Tudo que eu odiava com todas as minhas forças.

Eu quase dormia no meio das reuniões de tanto tédio.

Se tédio matasse eu já seria um cadáver pútrido há séculos.

The Death Witch • acotarWhere stories live. Discover now