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Any Gabrielly

Chego em casa retirando o salto que machuca meu pé, não entendo o motivo do salto machucar tanto se o objetivo é nos deixar mais confortáveis. Por isso não uso frequentemente, ou não teria mais pés.

Os deixo na sala e caminho até a cozinha, bebendo um copo de água. Meus olhos começam a pesar e quero matar Heyoon por ter me tirado da minha cama para ficar parada em uma festa com um estranho me cuidando.

Quando ia para meu quarto o celular toca, volto a sala e pego o mesmo que joguei sobre o sofá quando cheguei.

- Fala Sabina.

- Any pelo amor de Deus, onde você ?

- Em casa. - Digo óbvia.

- Como assim em casa?

- Na minha casa, com quatro paredes, portas, sala, cozinha e banheiro.

- Não se faça de sonsa Gabrielly, por quê foi embora?

- Sabina eu estou cansada e com sono, trabalho amanhã esqueceu?

- Não, não esqueci pois trabalho com você. Mas mesmo assim estou aqui esfriando a cabeça.

- Eu não consigo ser você Sabina, estava dormindo sentada conversando com o bar men.

- Ele é gato?

- Pergunte a Heyoon, ela anotou o número dela no braço do pobre rapaz.

- Bem a cara dela mesmo. Bom se você foi embora então bons sonhos pois tem um carinha gatinho de olho em mim, até amanhã Any.

- Você vai conseguir chegar no horário Sabina?

- Vou Any, pode ficar tranquila.

- Já ouvi essa história antes.

- Eu prometo que vou, Heyoon está me chamando, até amanhã amiga.

A mesma desliga a chamada.

Suspiro cansada, sabendo que ela irá se atrasar e ficarei na mão.

Trabalho em uma livraria junto com Sabina e Heyoon, Sabina fica responsável pela chave do local, isso significa que se ela não chegar no horário, todos nós nos atrasamos.

Isso já aconteceu diversas vezes, não sei como ainda estamos empregadas por causa disso.

Assim que chego no meu quarto me jogo na cama, quem sai em plana Quarta - Feira? Só queria uma pipoca e um episódio de Friends mas tive que ir em uma festa rodeada de gente que nunca vi na vida. Fui deixada de lado, fiz amizade com o barman e ainda tinha um estranho me olhando.

Afinal, quem era esse cara?

Vi ele com alguns amigos e que me olhava, mas não veio até mim, como os outros fazem, assim eu daria o fora nele com mais facilidade. Me sentia coagida sendo observada por ele.

Cheguei a pensar em ir lá e perguntar por que a insistência de ficar me olhando é não vir falar comigo.

Afasto esse pensamento e troco de roupa, visto meu velho short e minha blusa larga, melhor que os pijamas caros que já comprei. Escovo os dentes e desfaço a cama, assim que me deito meu celular toca, pego o mesmo e vejo que Heyoon me mandou uma mensagem.

Abro a conversar e na primeira mensagem são vários A's meio eufórica, na segunda mensagem diz que ela ficou com o barman e que ele beija bem, segundo ela... beija bem pra caralho.

Desligo o celular e o coloco ao lado da cama, fecho os olhos mas a imagem daquele cara me observando não sai da minha mente.

Quem é ele?

Será que ele vai naquele lugar frequentemente? Eu não entendi o motivo de estar refletindo tanto sobre isso, nunca vi ele na minha vida, é só um estranho na boate que foi.

Já tive olhares em mim outras vezes, mas não tão profundos como aquele.
O sono que me deixava meio lenta se foi, agora eu só penso naquele cara. Por quê estou pensando nele? Quando deveria estar dormindo. Eu preciso acordar cedo daqui algumas horas e tentar não parecer um zumbi vendendo livros de romance clichês e histórias tristes.

Eu prefiro a área criminal, livros que contam casos reais, anos de buscas por assassinos cruéis e descobrindo como eles efetuaram os crimes. Já quis ser investigadora quando mais nova, mas quando percebi que isso não era para mim desisti.

Mas a vontade de saber mais como as pessoas pensam e agem ainda é meu divertimento naquele lugar, meu talento é descobrir qual gênero de literatura o cliente procura, sou boa nisso.

Já adivinhem dezenas de leitores mas também errei feio em alguns, por isso dizem: Nunca julgue o livro pela capa.

Deito de lado, vendo a cidade da minha janela, morar no topo da cidade permite você ter essa vista, não moro em apartamento, somente em uma casa no relevo de Los Angeles, onde posso ver tudo da minha janela, é bonito e calmo, sem música alta, vizinhos barulhentos, discussões, brigas e tudo mais.

Melhor lugar para uma fanática por livros morar, silêncio para ler e se aventurar nas histórias e na páginas de um bom livro.

Não me consideraria uma nerd mas amo ler, mas amo saber de coisas variadas.

Meu avô me ensinou a atirar, mais como um passa tempo mesmo. Na sua fazenda, atirava em latas de cerveja sobre um tronco, carregava a sua arma e me ensinava a ter uma ótima mira, vim do interior, lugar de caça. Sou contra o abate de animais mas como era a única fonte de alimento que tínhamos, não tinha o que fazer.

Quis aprender a atirar para ter uma boa mira, sempre ficar esperta e ter ouvidos aguçados. Fui criada assim pois um Soares não se intimida, ele enfrenta tudo de cabeça erguida. Meu vô disse que os livros não vão me ajudar em uma situação de perigo.

Costumava a ler em baixo de uma enorme árvore na fazenda do meu vô, adorava como era calmo e tranquilo. Me perdia nas histórias, imaginando como elas foram no passado.

Pois meu estilo de livro preferido são os que se baseiam em histórias reais, parece que ter isso escrito na capa do mesmo me instiga a ler, mas do que a outros.

Sabina diz que sou devoradora de livros, que eu e as traças somos iguais. Devoramos coisas velhas. Sabina pelo outro lado, só lê livros virtuais, nunca gostou do físico e eu acho isso um absurdo mas ela também é fanática por leitura, pode não parecer mas Sabina ama ler ao contrário de Heyoon, que diz não ter tempo para isso.

De todas as minhas amigas eu e Shivani somos as que mais consomem os velhos livros físicos, sentindo a página entre os dedos, folhar cada pagina.

Vamos dizer que nosso ciclo de amizades consiste em Heyoon e Sina que não gosta de ler, são mais de festas e bebidas, mas claro, acompanhadas de uma ressaca no pacote. Sabina e Hina são as que leem livros tecnologicamente já eu e Shivani, lemos da forma tradicional.

Ultimante Sina anda mais afastada de nós, disse que está saindo com um carinha e que está se divertindo com ele, fico feliz por ela, apesar de ter uma mentalidade meio duvidosa, ela sabe se cuidar.

Deito minha cabeça no travesseiro mas meus olhos recai sobre o livro ao meu lado, eu prometi ler somente vinte páginas mas eu quero ler mais, estou tão envolvida com a história que fico agoniada sem saber o que acontece depois que eu paro de ler.

Como o sono não veio de jeito nenhum pego o livro e me sento, abrindo na pagina que estava lendo e me aconchego entre os travesseiros, não há nada melhor do que ler na madrugada.

VibezOn viuen les histories. Descobreix ara