Riscos da Convivência

Quebra do cotidiano

Lá estava eu novamente me direcionando para a sala de aula, todos os dias era a mesma coisa. Meu amigo de infância estava na porta me esperando, Naruto. Ele me abraçou e entramos dentro da imensa sala branca. Não sou sociável, por isso não converso com muitas pessoas, aliás, o Loiro é o único que dirige a palavra a mim. Sakura sempre ficava perto de nós, mas pouco conversavamos, apenas um oi ou bom dia. Já Sasuke, um moreno que ocasionalmente se encontrava ao lado de Naruto, nunca falava sempre com expressão de indiferença e ignorando nossas perguntas e conversas.
Eu sou Hinata Hyuuga, a menina que consegue não ser notada ppr ninguém. Acredito que se não ficasse na primeira carteira a frente do professor nem ele mesmo me notaria. Sou bem quieta, não converso, cumpro com todos os deveres e tiro notas boas. Graça ao Naruto, mesmo não sendo um ótimo aluno sempre me incentivou a melhorar, a acreditar em mim e assim consegui. Algo que o loiro nunca percebeu é que eu sinto mais do que gratidão e amizade. Mas como dizer isso ao meu único amigo? Se nossa amizade nunca mais for a mesma? Não, eu farei!
Segui firme até alcançar Naruto e pedi para acompanhá-lo no caminho de casa, ele aceitou e eu assinei minha sentença. Parei no meio do caminho e me declarei para ele. No começo ele começou a rir dizendo que isso não era para se brincar. Depois notando que eu estava falando sério brigou comigo, dizendo que eu não podia, que eu não sabia o que realmente sentia. E disse também que eu era sozinha, por isso eu me agarrei com todas as forças um falso amor, que na verdade era gratidão. Fiquei triste, com raiva e muito confusa com isso.
Sem pensar muito bem no que dizia. Comecei a retrucar o que ele me falou, a decepção que sentia me motivou em cada palavra. Naruto era infantil demais, insensível às vezes, como na situação, e mais sozinho do que eu. Vivia com um amigo dos seus pai, que morreram tragicamente quando ele nasceu em um acidente de carro. Ele sim era sozinho, eu tinha a minha família pelo menos. E realmente podia ser só gratidão que eu sentia por ele, dois sozinhos que se ajudaram por um tempo. E por que guardar tudo isso somente para mim? Disse-lhe tudo.
Paralisado pelo o que despejei nele, não respondeu e assim foi a última vez que conversamos. Fui embora sem olhá-lo nos olhos, ou tentei, pois ele me gritiu fazendo com que parasse no caminho.
- Adeus Hinata Hyuuga - pronunciou meu nome com um certo desprezo - eu posso ser sozinho, só que sou forte para encontrar pessoas e fazer delas amigos. Ao contrário de você. Eu não posso não ter nenhum parente, mas quem tenho me apoia. E você? Sempre a filha perfeitinha dos Hyuugas. Seja você mesma. Você é um boneco da sua família. Agora vá correr pro seu mundinho perfeito e isolado, por EU tenho amigos e você?
Não esperei mais nenhuma palavra dele ser dita, lembrei de um livro que ele me emprestara e que estava em minha mochila. Sem pensar muito me livrei de tudo que podia me ligar ao meu ex-amigo. Agora eu estava sozinha, mas quem disse que a solidão pode ser tão ruim?
Os dias se passaram, continuei como sempre. Indo para a sala, anotando tudo o que o professor dizia, ainda era pequena, não seria ele a me derrubar completamente. Só serviu para me mostrar que a solidão está sempre atrás de nós e porque não abraçá-la? Com o tempo fui melhorando minhas notas, pelo menos alguém começou a me notar, o professor. Boas notas, comportada, me tornei a melhor aluna e percebi que Naruto não fez tanta falta na minha vida.
Com o tempo fui me tornando mais fechada para mim, respondia tudo que era direcionado a mim. Um bom dia de alguns colegas, ajudava outros quando pediam. Eu menina reservada e tímida, como antes.