𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎┊𝟎𝟑𝟏

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A escolha dos saltos altos se dava por um motivo: Amara queria que sua presença fosse anunciada com antecedência. O sino tocou de modo estridente nos ouvidos dos visitantes, assim como espantou alguns pombos que descansavam no alto da torre. Thomas abriu a porta pesada com um empurrão grosseiro, deixando que sua esposa passasse na frente. Amara sentiu os dedos dormentes com a raiva que sentia. O coração bombeava o sangue rapidamente. Contudo, ela manteve o semblante pacífico, havia aprendido isso com os Shelby. Era o que os faladores diziam a respeito da família: eles são a calmaria que antecede o vendaval. Cada passo que dava no longo corredor do convento, ouvia os saltos ecoarem altos e pesados.

Desde que entrou para o mundo dos negócios, Amara enviava quantias altas para instituições de caridade. Foi então que criou o próprio fundo solidário para crianças — um desejo antigo que se tornou possível. Ter fortuna era também ajudar os menos favorecidos. Após casar-se com Thomas e unir a Companhia Shelby com as empresas Abbott, Amara propôs ao marido que as ideias filantrópicas fossem expandidas. Era como um jogo. A família Shelby precisava ter o nome bem-visto fora da Inglaterra, algo que também não ligasse as Empresas Abbott aos esquemas sujos que Thomas ainda insistia em fazer por baixos dos panos ou muito menos que envolvesse as inúmeras fábricas de autopeças.

Foi então que a Instituição Shelby surgiu. O número de crianças em situação de rua aumentava gradativamente nos bairros menos favorecidos da Inglaterra. A violência e a prostituição de menores era cada vez maior. Com as ordens de Thomas e com a ajuda dos judeus governados por Solomons, muitas crianças foram socorridas das ruas e de toda violência que poderiam sofrer em seus lares. O abrigo onde elas ficariam logo seria finalizado e muito em breve essas mesmas crianças poderiam ter uma chance de viverem em condições melhores. Enquanto isso, deveriam ficar sob a tutela do Orfanato Santa Rita, governado por freiras rigorosas. Pelo menos cinco vezes por mês Amara visitava as crianças resgatadas. Todos os rostos, idades e etnias diferentes eram unidas com um único desejo: terem uma vida melhor e serem amadas de verdade. Era difícil para Amara não se emocionar enquanto brincava com as crianças ou lia para elas. Perder um filho tempos atrás a deixou mais sensível do que se podia imaginar.

A bondade ainda habitava em poucos corações. Até mesmo o diabo de Small Heath deixava que ela tomasse um pequeno e sutil espaço em seu peito. Contudo, a maldade se impregnava nos lugares onde menos se esperava, levando pessoas que deveriam fazer o bem causarem dor por pura ignorância. Amara já não se considerava tão tolerante, na época que chamava agora de sua, não permitia muito disso. Foi consumida pela raiva quando denúncias chegaram aos seus ouvidos. Talvez isso desse significado a todos os pesadelos ruins, deixando-a ainda mais apreensiva para o grande evento.

Uma última porta foi empurrada, fazendo um imenso barulho. O grupo de freiras se reunia para o desjejum, unidas em uma oração guiada pela madre superior.

𝐃𝐎𝐁𝐑𝐀 𝐍𝐎 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎 ━━ Thomas Shelby [Concluído]Where stories live. Discover now