O quarto hospitalar na área pediátrica, com paredes coloridas e desenhos infantis, tentava deixar o ambiente mais confortável para seus pacientes, entretanto, tudo o que Kiraz sentia, era medo.
Estava encolhida sob o cobertor, usando uma camisola de bichinhos, e com uma intravenosa em seu braço, estava desidrata e sentido dor na área das costelas, precisava de soro e remédio.
- Kiraz. - A doutora, que ela descobriu se chamar Yağmur, se aproximou da cama.
- Eu quero ir para casa. - Ela disse.
- Você precisa ficar aqui, só mais um pouquinho, até encontrarmos a sua mamãe. - Yağmur disse.
- Mamãe? - Ela perguntou.
- É, o seu pai chamou por Eda, é a sua mãe, não é? - A doutora indagou, e Kiraz balançou a cabeça.
- Eu quero que ela seja minha mamãe. - Respondeu.
- Onde você mora, Kiraz?
- Vila das cerejas.
- E a Eda mora lá também? - Perguntou, e ela assentiu. - Nós vamos encontrar ela para você, agora, aqueles homens ali vão fazer algumas perguntas para você, tudo bem?
- Eu não quero. - A menina negou. - Cadê o Serkan Bolat?
- Ele está passando por uma cirurgia, estamos cuidando dele. - Explicou.
- Ele vai morrer? - Perguntou, assustada. Os seus olhos encheram de lágrimas, e ela soluçou. - Não deixa ele morrer, não deixa, não tira ele de mim. - Pediu, em pânico.
- Calma, calma. - A doutora disse, tentando acalma-lá e evitar que ela tire a intravenosa do braço.
A doutora conseguiu com que Kiraz se deitasse na cama outra vez, mas ela continuava a chorar, assustada com a ideia de perder a sua única figura paterna.
- Eu vou encontrar Eda para você. - Disse, antes de sair do quarto e deixá-la sob os cuidados de uma assistente social, levando os políciais junto de si, certa de que eles não conseguiriam tirar nada dela sem a presença de pessoas de sua confiança.
[🍒]
O cheiro de álcool em seu nariz a fez recobrar seus sentidos, aos poucos, e ao abrir os olhos, lentamente, encontrou os olhares preocupados de sua tia, Melo, e Aydan. A sua cabeça doía, e o seu corpo parecia pesar toneladas enquanto tentava se erguer para sentar-se no sofá da sala.
- Eda, canım, está se sentindo bem? - Ayfer perguntou, sentando-se ao seu lado, e segurando sua mão.
- Estou. - Ela balbuciou, aceitando o copo de água que Seyfi lhe oferecia. Bebeu o líquido gelado, e tentando acalmar as batidas de seu coração, e recordar o que tinha acontecido. - Kiraz.
Ela colocou o copo sobre a mesa, e se levantou, ignorando a onda de tontura que lhe abateu quando Melo a segurou.
- Dadá. - Melek chamou, mantendo-a no lugar, fazendo-a olhar em seus olhos. - Você se lembra do que aconteceu?
- Minha filha. - Ela sussurrou, sentindo o peso daquelas palavras. Os seus olhos se encheram de lágrimas, e escorreram pelo seu rosto, em um choro sofrego, e emocionado ao mesmo tempo. - Kiraz é a minha filha.
Melo assentiu, compartilhando da mesma emoção da amiga. Ela tinha assistido Kiraz crescer, e sonhar com o dia em que a sua mãe voltaria, e ali estava ela, o tempo todo.
- Nós só temos que confirmar, mas eu sempre soube que tinha algo de errado nessa história. - Melo disse.
- Eda hanım, encontramos Kiraz. - Seyfi disse, se juntando a elas na sala. - Ligaram no seu celular, e eu achei melhor atender. Ela está no hospital, na saída da cidade.
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Vila das Cerejas
FanfictionApós passar anos preso por um crime que não cometeu, Serkan Bolat tenta recomeçar a vida longe dos fantasmas do passado, enquanto Eda Yildiz, a única herdeira de Semiha Yildirim, decide se refugiar numa pequena vila, para se reencontrar e escapar da...