Capítulo 1: Vila das Cerejas

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O sol quente do verão turco era como um beijo sem fim sobre a sua pele pálida, depois de cinco anos vendo-o por poucos minutos no pátio da prisão, cada segundo sob o astro, cada segundo sob o céu azul, e cada segundo sentindo a brisa fresca lhe abraçar, e as árvores e vegetações encherem os seus olhos era valioso.

Cinco anos preso, pagando por um crime que não cometeu, depois de ter passado por uma perda terrível, sofrendo da crueldade humana detrás daquelas grades enferrujadas, fez Serkan Bolat, ex estudante de arquitetura, achar cada pequena coisa da vida valiosa, e digna de ser apreciada. A natureza, a arte, e a astronomia, foi o que o manteve a salvo, enquanto esteve lá, e era o que mantinha a salvo agora, do lado de fora, e é claro, o seu irmão mais velho, Engin.

A vila das cerejas parecia ter tudo o que era importante para ele, talvez fosse o lugar com mais vegetação da Turquia, diversas árvores por todo o lado, e construções simples, uma pequena confeitaria logo na primeira esquina, - seu irmão adorava doces, e uma clínica veterinária, o que seria ótimo ter por perto devido ao seu velho amigo, Sirius.

Serkan ajustou o peso do violão em suas costas, e segurou a alça da mala com firmeza, antes de retomar a caminhada pela estrada de tijolos, analisando cada construção ao seu redor, não passando despercebido por ele a forma curiosa que os moradores da vila o olhavam.

— Bom dia! — Uma moça se aproximou, ela tinha cabelos escuros com pequenos cachos, e usava um óculos de grau preto, por cima de sua roupa de verão, havia um avental marrom gasto, com o símbolo da padaria da esquina.

— Bom dia. — Serkan disse de volta.

— Você deve ser novo aqui na vila, não é? — Disse, estendendo a mão para ele. — Eu sou a Leyla.

— Serkan Bolat. — Disse, apertando a mão dela.

— Seja bem vindo a nossa vila, senhor Serkan. — Ela disse. — O que o senhor precisar pode me chamar, conheço tudo aqui da vila.

— Obrigado, Leyla. — Agradeceu. — Você sabe me dizer onde tem algum hotel por aqui?

— Não temos hotel. — Ela riu. — Mas não se preocupe, a dona Aydan tem uma pousada, e ela vai te receber muito bem.

— Leyla, quem é o nosso novo amigo? — Um homem se aproximou, usando um avental semelhante ao de Leyla, ele tinha pouco cabelo, e uma pintinha no centro da testa.

— Erdem, era para você está cuidando da padaria. — Leyla disse, virando-se para ele.

— Você estava demorando para voltar, e eu fiquei entediado. — Disse, rindo em seguida. — Eu sou o Erdem.

— Serkan Bolat. — O ruivo disse. Erdem sorriu, apertando a mão dele, e dando tapinhas em suas costas.

— Bem vindo, Serkan. — Disse, os tapinhas ficavam cada vez mais forte em suas costas, e Serkan segurou o braço dele, tirando de suas costas.

— Obrigado, Erdem. — Agradeceu.

— Erdem, volta para a padaria, agora. — Leyla mandou. — Senhor Serkan, a pousada da dona Aydan é no final da outra rua, em frente a sorveteria.

— Obrigado, Leyla. Eu consigo encontrar. — Disse.

A moça sorriu, antes de empurrar Erdem para subirem até a padaria, e dando-lhe um tapa na cabeça, ameaçando "acabar com a vida dele" se algum dos pães tivesse queimado.

Serkan riu. Erdem parecia o tipo de cara que tirava a paciência de qualquer um. Ele retomou a caminhada, até chegar no final da rua seguinte, e encontrar a pousada de Aydan. Era uma construção de dois andares, as paredes eram rosa claro, com uma grande porta de madeira clara, e janelas brancas, antes que pudesse tocar a campainha, três garotas saíram da casa, conversando animadas, até uma delas notar a sua presença.

Vila das Cerejas Where stories live. Discover now