VII - Dreaming of you

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Hoje o que era o melhor dia do ano para mim, se tornara o pior.
Era Queda das Estrelas. E mais um ano eu sonhava em estar perto dos meus amigos, da minha família.

Depois de tantos anos, eu mal me lembrava de seus rostos. Os olhos de Mor eram castanho mais escuro ou mais puxados para o mel? As vezes eu me perguntava.

Me perguntava se Cassian ainda gostava de brincar com o perigo infernizando Amren.
Se Amren ainda era um dragão acumulador de joias.
Se Mor ainda ia para o Rita's quase todos os dias.
Se Az ainda era apaixonado por ela.
Será que Az, Cassian e Mor tinham comemorado seus aniversários de 500 anos? Meio milênio, eu esperava que eles tivessem comemorado, ao mesmo tempo em que meu coração pesava por não estar presente.

Também me perguntava sobre Velaris. Sobre o povo da Cidade.
Será quais peças as companhias de teatro estariam apresentando?
Será que os músicos ainda tocavam a beira do Sidra?
As crianças que brincavam nas ruas. Todas já deviam ter alcançado a maturidade, as Grã-Feéricas com certeza já tinham.
Eu pensava na comida do restaurante de Sevenda. Os temperos, os aromas... tão diferentes das comidas servidas nesse lugar.

Me perguntava se todos nesse momento estavam se preparando para que a primeira estrela cortasse os céus. Na verdade a esse horário, o espetáculo já devia estar em seu auge.

Amarantha sabia o quanto aquilo era importante para mim. Era a única coisa que ela sabia. Por isso, me mantinha preso a sua cama por mais tempo, como se já não fosse punição suficiente estar preso ali.

Ela já dormia ao lado. Não sei como conseguia.

Fechei os olhos por alguns segundos, respirando fundo.
Já haviam se passado 47 anos da maldição. 47 anos preso nesse lugar.
Perdi as contas de quantas vezes pensei em acabar com isso. Mas me lembrava do meu povo, da minha família. Eu tinha que mantê-los a salvo.

Então um uma imagem passou por minha cabeça, um sonho lúcido.

Uma mão. Uma mão humana. Uma linda mão humana, segurando um pincel. Pintando... pintando flores no que parecia uma mesa.
A meses eu recebia essas imagens, uma lareira crepitando em um lar escuro, um rolo de feno em um celeiro, uma toca de coelhos, mas eram imagens turvas, embaçadas e sem sentido.

Mas aquela... havia alguém provavelmente inconscientemente me enviando aquelas imagens. Naquele momento, mandei um pensamento de volta em forma de mensagem, do céu noturno, estrelado, a lua brilhando. A imagem que me confortava nos piores dias.
Eu não sabia se a mensagem chegaria, ou como ia ser recebida, mas eu tinha que tentar.

Eu tinha que tentar, porque a simples visão daquela mão me ajudou. Alguém lá fora, além da muralha tinha segurança o suficiente para estar li, pintando delicadas flores em uma mesa. Tão lindas e bem desenhadas. Aquilo de alguma forma confortou meu coração aberto e sangrando.
Aquilo significava que todos esses anos sendo a vadia de Amarantha, sendo xingado, cuspido e odiado tinham algum efeito. Porque alguém tinha segurança e isso era o suficiente.

Cultivando aquela imagem em minha mente, deixei que o sono me levasse a inconsciência.

🌌⭐🌌

Amarantha estava incontrolável. A algum tempo estava assim. O tempo da maldição estava acabando, a cada segundo ela pensava em algum problema e já encontrava um jeito de resolvê-lo. Era horrível.
E claro, a cada problema, ela descontava o estresse em mim. Era uma merda, cada dia era pior, mas ainda sim, eu ficava feliz, pois ela se concentrando em mim, evitava que acabasse matando ou torturando pessoas inocentes por puro capricho, para descontar suas raiva. Eu já tinha visto e feito coisas horríveis demais, então ficava feliz em evita-las, mesmo que me matasse lentamente.

A Corte do Príncipe SombrioWhere stories live. Discover now