O livro tratará da obsessão de um homem pela busca do cumprimento de uma promessa feita, quando ainda era uma criança de doze anos, ao assistir a morte precoce de seu pai. O menino cresceu com sede de se vingar de cada um que contribuiu para que seu...
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Autorizar que Ana Luiza fosse andar pelo hotel foi a maior idiotice que já fiz. A garota é teimosa, mimada e mandona. Acha que pode ter tudo que quer para si. Culpa da dona Leda que faz todas as vontades da menina, depois não gosta quando eu falo que educou errado a filhinha dela. Mas tem hora que a menina é um porre do caralho. Não faz nada sozinha.
A prova disso é que, quando viu o mar, assim que chegamos ao hotel onde nos hospedamos por esta noite, reagiu como a criança que é. Ela consegue ser irritante sem muito esforço, mas também me sinto mais calmo ao vê-la sorrindo já que a todo tempo, seu nascimento vem em minha mente me fazendo lembrar que ela está aqui comigo por um milagre.
- Senhor, estamos nos aproximando do local.
A voz de Tyron ressoa no veículo em que estamos utilizando para encontrar miserável que parece ter informações sobre a morte do Capo Marino.
- Tudo bem, Tyron. Avise a todos para que fiquem de prontidão.
Falo, visando algumas mensagens de Walkiria no meu celular. A teimosa da Ana Luiza ainda não me disse quem era a loira que a incitou a bebida, mas conheço o comportamento das pessoas, sei muito bem quando estão mentindo e aquela menina mimada está querendo proteger alguém, por algum motivo que desconheço.
- Ela é foda! - Praguejo.
- Senhor? - Olho para o retrovisor percebendo Tyron me olhando com a sobrancelha erguida. Nem me dei conta de que havia falado alto. - Algum problema?
- Nada além dos que já existem. - Respondo olhando pela janela. - Você já teve irmã?
- Deus me livrou disso, senhor! Imagina um filho da puta fazendo com minha irmã o que faço com as dos outros? Porra, eu ia ter muito mais morte nas costas do que já tenho.
Respiro pesado com suas palavras. Pensando pelo que ele falou, eu acho que aconteceria a mesma coisa comigo. Mas, minha relação com Ana Luiza não é nada fraterna. Não sou idiota pra pensar que aquele beijo que ela me deu já havia dado em Pietro também numa comemoração feliz de família reunida, claro que não!
O problema é que estou extremamente atraído por aquela menina. E não é uma simples atração, sinto que é algo muito forte que está fugindo até da minha linha de pensamento racional. Sinto que preciso da paz que só consegui encontrar em seu lindo alhar, assim como ela precisa da minha proteção. Desde quando era só uma bebê. Porra, loucura do caralho!
Como posso ter ficado atraído por uma criança como Ana Luiza?
A menina é manhosa, birrenta, mimada, tem medo de dormir sozinha. Se chove então, puta que pariu, fica em pânico. Qualquer coisa que falo, faz bico como uma criança e já está chorando. Totalmente carente. Fora que às vezes fica parada num mundo paralelo, sempre olhando por uma janela, perdida em pensamentos. Isso é irritantemente excitante. Chega a ser doentio o que penso ao seu respeito, mas não posso. Não devo.
