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Calum não tinha conseguido dormir a noite inteira. Estava incomodado com a discussão. Sabia da pressão que Rose recebia todos os dias para criar descendência e isso fê-lo arrepender de algumas coisas que disse, apesar de ser verdade. Ele só queria que tudo voltasse ao normal.

Apesar da enorme dor que sente pela forma que Rose o tem tratado, ele sabe que não é propositada e isso fá-lo dirigir-se ao quarto de Rose para tentar resolver as coisas.

No entanto, está vazio. Procura na cozinha, no jardim, na biblioteca.

-Tragam-me a Rainha.-ele ordena aos criados, zangado.-Agora!

-Rei, encontramos isto no quarto da Rainha.

Calum agarra a carta e lê. Merda, Rosie. Não, Calum não estava melhor sem ti, ao contrário do que acreditas.

-Alarguem a busca.-Calum pede, abalado.-Pode estar em qualquer lado.   Saiu durante a noite.

-Calum. Lamento.-ele reconhece a voz de Luke.-Há algo que possa fazer?

-Sim. Por amor de Deus, Rosie não vai morrer de desgosto. Pára de falar e pensar sobre isso.

(...)
Lily pousa alguns dos seus vestidos em cima da cama para que Rosie possa trocar de roupa. Estavam agora na casa de férias que a rainha tinha oferecido à amiga, após promovê-la a membro da corte.

-Queres que fique contigo?-Lily pergunta.-Quero apoiar-te.

-É melhor não. Dariam pela tua falta e procurar-me-iam aqui.

Lily suspira e questiona:

-Rose, o que raio estás a fazer? Calum deve estar doido à tua procura.

-Não, ele sabe que está melhor sem mim. Não tenho feito nada senão magoá-lo. Não posso dar descendência, não consigo fazer-lhe companhia, não posso voltar a caçar para não fazer esforços que prejudiquem uma eventual gravidez... Não sou eu. Desapareci, Lilo... vou deixar Calum viver a sua vida.

-... achas mesmo que não vai procurar-te? És tão idiota. Volta quando essa crise de histeria terminar. Adeus.

Rose tinha um bom pressentimento em relação a isto. Calum iria perceber. Assim, nos dias seguintes, Rose olha o jardim morto como um novo projeto: iria restaurá-lo a ele e a si mesma.

(...)

Dois dias tinham passado e Calum estava a perder a paciência. Rose não podia simplesmente desaparecer e não era o seu objetivo: ela queria só castigar um bocadinho Calum e depois voltaria, certo?... certo. Só podia ser isso. Assim, a culpa só podia ser do seu exército.

-Quero que batam a cada porta e vasculhem cada canto.-Calum ordena.-Não voltem até trazerem convosco a Rainha. Desapareçam daqui.

Essas tinham sido as últimas palavras de Calum a Rose. Ela só obedeceu.

-Não sei onde errei, Luke.-Calum suspira.-Fiz tudo por Rose, sempre. E ela... abandona-me?

-Rose queria dar-te tudo e quando descobriu que não podia perdeu a cabeça. Ela ama-te muito, Calum, e por isso mesmo é que construiu essas expetativas todas. Rose não suporta dececionar-te.

-Disse-lhe que não estava a dar-me nada.-Calum confessa e Luke fecha os olhos.

-Merda.

Enquanto todo o reino procura Rose, esta cava alguns buracos na terra para poder semear algumas plantas.

-Ainda não verificamos esta parte de Josur.-ela ouve e sobressalta-se.-Juro, passo mais tempo à procura da Rainha do que em guerra.

Rose esconde-se atrás do portão da casa em que vive e observa os seus soldados bater de porta em porta, procurando-a: Calum não desistira!

Ela sorri, aliviada. Algumas horas passam e Rose está exausta por estar na mesma posição sem se poder mexer. Sente uma crescente urgência em urinar. Merda.

O tempo vai passando e Rosie acaba por urinar nas plantas mortas, incapaz de se controlar.

-Rainha.

Merda. Merda.

Rose olha os guardas e suspira. Tinha sido apanhada, e não havia como fugir.

-Iremos escoltá-la até ao Palácio em segurança.-um soldado garante e ajuda a levantar-se.

-Engraçado. Essa é a única planta aberta em todo este jardim.

Rose olha o trigo onde tinha urinado, agora aberto, e arregala os olhos.

Merda. Merda. Merda.

Loyalty [cth] TerminadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora