Um grito veio de dentro do veículo. Camila olhou para Heliberto, que estava boquiaberto olhando para o amigo, também parecendo espantado.

— Saia já daí de dentro! — Godofredo meteu o braço dentro do carro por entre o grande buraco que a carne havia deixado ao ser atirada e puxou alguém, que começou a gritar.

— Espera, espera! Tá, eu vou sair, mas me solta! — A pessoa disse, com um sotaque estranho, que se assemelhou para Camila com os dos filmes norte-americanos que assistia com Tiago, na sala do Diretor Walter.

Godofredo pareceu hesitar, mas alguns segundos depois, retirou o braço de dentro do carro e olhou fixamente para a pessoa que estava li.

Camila e Heliberto se aproximaram de Godofredo, relutantes, e se puseram atrás dele, olhando para a porta do carro que se abria.

Um homem de cabelos grisalhos saiu do carro, passando as mãos pelas as vestes — que se assemelhavam a trajes de médico — e nos cabelos, para limpar os cacos de vidro.

Aolevantar a cabeça, a luz dos postes que já se acendiam na rua refletiu-se emseu óculos oval, fazendo-a se lembrar da pessoa que viu na casa de Lia. Sabiaque era ele, e tal conclusão fez seu coração se acelerar.

— Por que está nos seguindo? — Godofredo perguntou, enraivecido.

Náo estou seguindo vocês. — O homem respondeu, despreocupado, colocando um sorriso amigável no rosto.

— Mentira! — Camila afirmou, se assustando por ter feito tal coisa. Mas decidiu continuar, tinha que esclarecer essa história uma vez por todas. — Vo-você está me seguindo há meses, desde o dia em que fui à casa de uma colega minha. Desde então, está tentando me matar!

—Oh, espera aí! — O homem ergueu os braços para cima, em sinal derendição. — Tudo bem, eu admito que estou seguindo você há algum tempo, e sim,eu estava na casa da sua coleguinha princesado país. Mas eu náo tentei matar você.

— Mentira! — Contrapôs, tentando vencer a ansiedade e o medo dentro de si.— Eu vi o seu carro preto parado em frente ao posto de gasolina, onde tentaram me matar.

— Ah sim, eu fiquei sabendo daquilo. Mas náo era eu, náo tem motivos para eu tentar te matar. E existem muitos caros pretos, tem certeza de que era o meu?

Não respondeu. Na hora de que tudo aconteceu não pôde ver muito bem, apenas sabia a cor do veículo.

— Eu não quero saber quem está tentando matar ela! — Godofredo interviu na conversa. — Só quero saber por que estava me seguindo.

— Estou seguindo todos vocês há tempos, mas parece que só a Kemila percebeu.

Camila arregalou os olhos. Ele a tinha chamado pelo seu nome verdadeiro?

— Como ousa me seguir, seu humano nojen...

— Camila? Meu nome não é Camila. E-eu so-sou Leyla Scarlett. — Disse, aflita. Como ele sabia? Então realmente estavam atrás dela para a estudarem?

O homem sorriu brevemente.

Náo precisa tentar me enganar, eu sei que você se chama Kemila. Aliás, sei quem sáo todos vocês. Heliberto — ele apontou para Heliberto, e para Godofredo em seguida. — e Godofredo.

— Como sabe quem nós somos? — Heliberto perguntou, recuando um pouco para trás, assustado.

— Bem, como náo saber? Vocês sáo bem famosos por serem o Trio de Zumbis de Telúria, como chamam vocês em algumas partes. Ou apenas Os Zumbis, ou Bruxos Membros de Seitas e Rituais.

A Viajante - O Outro Mundo (Livro 1)Where stories live. Discover now