Capítulo 15

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A matriarca dos Malfoy's passou ao menos uma semana no hospital e desde que ela havia sido internada, Draco e Hermione se revisavam constantemente para não a deixar dormir sozinha.

Hermione fecha a porta do banheiro e suspira, aquela devia ser a quarta vez que ia até aquele cubículo para vomitar, seus enjoos haviam perdido a vergonha e já não tinha mais lugar ou hora para se fazer presente.

– Deveria contar para ele que está gravida – Narcisa fala, fazendo a castanha se sobressaltar com a mão no peito, a mulher deitada na cama mantinha os olhos fechados, mas podia sentir as orbes de Hermione sobre ela, acompanhada de uma cara de espanto.

– Você me assustou – Hermione se concerta e caminha até a poltrona.

– Hermione...

– Eu sei – pronúncia com um suspiro – ainda não achei o momento certo.

– Não há momento certo Mione – a mulher lhe encara com seus olhos grandes e brilhantes – Draco vai amar.

Draco era filho único e apesar de querer ter mais filhos, Narcisa não podia condenar outra alma além da dela e de Draco para viver uma vida miserável ao lado de Lucius, por isso, ela aguardou ansiosa até o momento em que Draco pudesse lhe dar um neto. Ela tinha um apreço muito grande por Hermione, que se mostrara muito fiel e determinada, mesmo quando Draco ficou acamado.

– Não sei... – Hermione fala incerta, ela se sentia apreensiva, depois do baile beneficente, em um dos dias que precisou cuidar de Narcisa, ela optou por fazer o exame de sangue e descobriu a gravidez, a castanha não sabia se estava pronta para aquilo, mas precisava de uma vez contar para Draco, essa era uma responsabilidade que deveriam compartilhar.

A médica entra no quarto para avaliar Narcisa, encerrando de vez o assunto entre as duas, a mulher já poderia ir para casa, estava de alta e logo seria a vez de Draco aparecer na sala para levar sua mãe embora, o que não demorou muito, pois assim que a médica saiu, ele adentrou o pequeno quarto.

– O que ela disse? – Draco se senta na cama de sua mãe sem nem olhar para Hermione.

Os dois andavam se evitando a alguns dias e isso não passou despercebido pela mulher em seu leito, que dava um jeito de sempre os reunir no quarto.

– O que há com vocês? – Narcisa finalmente pergunta, ignorando completamente a pergunta de Draco, se pondo a olhar de um para o outro.

A castanha estava ocupada arrumando as coisas de sua sogra e não viu quando Draco suspirou, ele sentia o peso sobre seus ombros e nem sabia dizer o que estava acontecendo em seu casamento. As coisas apenas foram tomando um rumo desconhecido, e eles passaram a ser indiferentes um com o outro, sem nenhum motivo aparente.

– Casamento tem altos e baixos mãe – ele fala simples, se levantando – vamos embora logo.

– Podem ficar comigo na mansão? Não desejo passar essa noite sozinha – Narcisa suplica, recebendo apenas um balançar de cabeça de ambos.

Assim que chegaram na mansão, Narcisa desapareceu em um dos cômodos a fim de ter um banho digno de banheira, obrigando o casal a ficar a sós, pela milésima vez naquela semana. Os dois logo se ocuparam de se acomodar no antigo quarto de Draco.

– Você tem me evitado – Draco fala, enquanto observava Hermione de costas, mexendo em sua bolsa – o que...

– Eu to gravida – solta sem ao menos se dar ao trabalho de observar o espanto visível no rosto de Draco.

O quarto apesar de grande, parecia ter dobrado de tamanho, de tão ensurdecedor que era aquele silencio, onde nem a respiração chiava. Eles estavam absortos em seus próprios pensamentos, Draco encarava a mulher de costas e ela deixava as lagrimas caírem no seu colo, em completo silencio.

– Você quer ter esse bebê? – fora a primeira coisa que Draco perguntara, ele não sabia o que fazer, ou o que falar, e Hermione parecia assustada demais, quieta demais, apavorada, e o loiro não sabia como reagir, considerando que aquelas palavras também não fossem o melhor conforto, ou a melhor maneira de se compadecer com a situação.

– Eu não sei – fora o que ela respondera, logo dando de ombros e se virando para encontrar os pares de olhos cinza – você quer?

– Eu quero se você quiser – Draco caminha até ela e a aconchega em seus braços. E pela primeira vez naquela semana conturbada, eles pareciam confortáveis, Hermione se sentia segura e acolhida, as lagrimas já não tinha mais controle algum, molhando toda a camisa social do loiro, que pouco se importou, ele queria apenas dar o conforto que ela precisava.

Hermione estava apavorada com a ideia de ser mãe, ela e Draco mal havia firmado direito seus sentimentos, tudo era muito confuso e apesar de eles serem casados, isso não diminuía em nada o fato de ainda estarem se conhecendo, aquilo parecia um pouco extremo.

– Eu não sei o que fazer Draco – Hermione chorava feito uma criança e Draco sentia muito por tê-la deixado se isolar.

– Vamos fazer o que for certo e o que achamos que podemos dar conta – Draco a encara – mas, se serve de algo, eu quero esse bebê mais que tudo nessa vida.

– Mesmo? – Hermione funga, secando um pouco das lagrimas em seu rosto.

Draco afirma com a cabeça e dá um beijo na testa dela, ele também estava assustado, não tivera um bom pai, mas deseja ser um bom pai para aquela criança que ainda nem havia nascido.

– Estou com duas semanas – ela fala e ele sorri, logo deixando um beijo casto em seus lábios.

Hermione não tinha ideia de como seria sua vida, mas sabia que eles dariam um jeito e fariam dar certo, da melhor maneira possível, pois tudo com Draco era assim, ele sempre dava o máximo dele, desde o dia em que se casaram até aquele momento, ele desejava imensamente cuidar dela e fazê-la sentir amada.

– Vou tomar um banho – Draco fala e se afasta, caminhando até o banheiro.

O celular toca sobre a mesinha de centro, fazendo o loiro gritar do banheiro para que Hermione atendesse. A castanha caminha até o aparelho e para ao ver a foto de ninguém menos que Astoria Greengrass na tela, ela não teve coragem de atender, mas assim que a chamada foi encerrada, ela pôde ler outras duas mensagem sobre a tela.

Astoria Greengrass: é melhor você me dar o que eu quero, ou sua querida esposa vai saber de muitas coisas.

Se apresse, estarei no hotel a sua espera.

Ela congelou ali mesmo, sua respiração se recusava a sair, seus olhos ainda encaravam o aparelho, sua mente estava um turbilhão, o que Draco poderia ter feito, ou melhor, por que ele mantinha contato com aquela lunática? Suas perguntas não seriam respondidas sozinhas e as únicas pessoas que mantinham a resposta, estavam ali, uma do outro lado da tela e a outra do outro lado da porta de vidro.

Mas ela optou por nenhuma das duas, apenas pegou sua bolsa e saiu, sem gritar, sem espernear ou acusá-lo, sua cabeça estava cheia demais e encará-lo ali não era uma boa ideia.

...

Casados | DramioneOnde as histórias ganham vida. Descobre agora