Resident Evil Village (04/12/2021)

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JOGABILIDADE

RE Village é muito gostoso de se jogar. A câmera em primeira pessoa se encaixa bem à proposta, proporcionando a aflição necessária ao clima de terror que o jogo se propõe a criar. Há uma ótima variedade de armas (ao menos duas de cada tipo, e outras desbloqueáveis ao se fazer novas runs) e múltiplas estratégias a se lidar com os inimigos – recompensando a criatividade do jogador em sair de enrascadas e honrando a ideia de "survival horror".

Aqui e ali, há algumas situações que causam irritação. Alguns cenários e inimigos são um pouco desleais em matéria de permitir que desviemos rapidamente antes de sofrer dano, já que a câmera em primeira pessoa dificulta um pouco ter certeza de sua proporção e alcance dos ataques (isso aconteceu comigo na luta final com a Mãe Miranda – bem complicada na dificuldade "Intenso"). Porém, o jogo favorece nossa própria experiência ao nos acostumarmos com os inimigos e seus padrões, diminuindo esse obstáculo.

O sistema de mapa é ótimo e bastante funcional – ajudando os jogadores ao avisar quais salas foram totalmente vasculhadas e quais ainda possuem itens, porém sem revelar quais; uma correção do sistema de RE2 e RE3 Remakes que achei bem-vinda.

Outro aspecto bacana é que RE Village possui um leve aspecto de mundo aberto ao incluir áreas não obrigatórias em torno da vila, que o jogador pode visitar para obter tesouros e vender ao Duke. Além de tornar o backtracking mais interessante e recompensador (pois muitas dessas áreas requerem chaves ou ferramentas que só são obtidas avançando na história principal), há uma certa gerência de quais locais explorar e quando, sem contar encontros com inimigos e puzzles que enriquecem a experiência. Queria que o jogo, inclusive, houvesse incluído mais dessas pequenas "sidequests", pois algumas delas foram os momentos em que mais me diverti.

Sobre as áreas do jogo e o sentimento de progressão, teço os seguintes comentários:

INÍCIO NA VILA: Bacana e bem cadenciado para introduzir os inimigos e contexto ao jogador, inclusive repetindo aqui outro elemento do RE4. A seção da casa da Luiza é interessante para apresentar outros sobreviventes, mas achei apressada e desnecessária. Talvez houvesse sido melhor mostrar esses personagens aos poucos, em outros momentos em que Ethan volta à vila – já que nas demais passagens ela sempre está deserta e sem interações.

CASTELO DIMITRESCU: Pra mim, a parte mais balanceada do jogo. Tem boa duração, inimigo stalker (a Lady e suas filhas), combina bem ação e exploração, além de ótimos cenários e soluções criativas (como a sacada de usar o frio para derrotar as filhas). Como previ antes de jogar, a Lady Dimitrescu aparece praticamente só nesse momento, confirmando um impacto da personagem junto ao público bem maior (hã, hã?) que o previsto assim que o marketing começou, mas não havia tempo para estender o tempo dela no gameplay, nem se quisessem. Aliás, a boss fight com a Lady é visualmente interessante, mas absurda de fácil.

CASA BENEVIENTO: Em questão de atmosfera, é a melhor parte do jogo. O terror psicológico se impõe, e há partes extremamente aflitivas remetendo muito a jogos como Silent Hill. O "Bebê" aparece pouco e é todo scriptado, mas eficiente a ponto de causar aflição mesmo depois da 1ª run. Único problema: achei a área muito curta e a boss fight é decepcionante. Poderia haver uma maior variedade de artimanhas da Beneviento antes de o Ethan escapar.

RESERVATÓRIO DO MOREAU: A área mais fraca do jogo. Haver inimigos exclusivos da represa fez falta, e a seção em que fugimos do Moreau-peixe fica super fácil depois de descobrirmos o que fazer. A boss fight também é bem básica e decepciona.

FÁBRICA DO HEISENBERG: Vi muita gente nas redes sociais reclamando desta área quando o jogo saiu. Eu gostei muito, e ela é quase equiparável ao Castelo Dimitrescu em duração e desafios. Os "Homens-Broca" são excelentes inimigos e apresentados de forma magnífica – o terror em vê-los despertar ao visitarmos as salas e corredores é genuíno. O Homem-Turbina é legal como inimigo perseguidor, mas perde muito da graça como boss fight. Por fim, o Heisenberg é extremamente cativante como personagem, mas ficou com a pior boss fight do jogo. Parece que, além do horror gótico, a Capcom buscou "Transformers" como inspiração. Não há nexo algum, e acaba sendo só um empecilho chato antes de o jogo chegar ao clímax.

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now