30 ⚤ POR ELE, a montanha pode curvar-se diante do vento. Parte II

Depuis le début
                                    

Eu gostaria de pensar que fui inteligente o suficiente para passar por aquela porta sem me curvar à tentação, disposto a nunca mais olhar para trás e esquecer que Jimin um dia já passou pela minha vida, mas as pegadas que ele deixou eram fortes demais para que eu pudesse ignorá-las. Eu olhei e eu a vi: os mesmos olhos castanhos que eu amei olhar todos os dias; a mesma boca inchada que eu amei beijar enquanto a noite se esvaía; o mesmo rosto, o mesmo corpo, a mesma essência e um olhar tão sincero que me deixou doente. E eu me odiei por isso. Me odiei por ser tão fraco, me odiei porque eu ainda amava Jimin, e me odiei por não ter encontrado forças para me impedir de caminhar até ele, porque eu sabia que a partir do momento que estivesse tão perto, eu iria beijá-lo. Eu queria beijá-lo. Eu necessitava. Foi magnético, frustrante, torpe, e depois de encontrar um meio para descontar uma parte do ódio que sentia por mim mesmo, eu o beijei.

Meu cérebro parou de funcionar.

Naquele momento, tudo era sobre sua boca quente, a maciez dos seus lábios, a textura calorosa da sua língua, a sublime sensação de estar beijando, não ela, tão menos ele, mas Park Jimin. Ah... a boca maravilhosa de Jimin. Eu queria dizer para que ele parasse de emitir aqueles sons e de arquear de volta para mim, mas nada saiu. Eu queria afastá-lo para longe, mas meu corpo não obedeceu. Havia apenas a satisfação de um corpo submisso ao meu, derretendo sob mim, como se me pertencesse. A forma como correspondia, como se entregava... Ninguém nunca pareceu tão pertencente a mim quanto Park Jimin. É natural, instintivo, certo. Mas a realidade me atingiu em algum momento. "Não", eu me ouvi dizer. Meus músculos vibravam com a tensão retida. Eu estava me contendo, sua boca ainda tão próxima da minha, nossas respirações trançando-se, seu cheiro me entorpecendo, e eu fechei os olhos. Era tão bom. Eu ainda não estava satisfeito, eu necessitava mais, droga, eu queria...

Eu me afastei bruscamente e afugentei meus olhos dos dele. A linha tênue entre meu autocontrole e meus desejos poderiam me fazer voltar a qualquer momento. Foi um milagre ter encontrado forças para me afastar, e um homem não pode ganhar na loteria duas vezes seguidas. Era arriscado. Eu só queria poder alimentar meu ódio, esquecê-lo, mas naquele momento eu soube que não poderia fazer isso sozinho. Eu não era confiável.

"Fique longe de mim", eu implorei.

— Então você está me dizendo que se apaixonou pelo Jimin pensando que ele era uma mulher? — Nara pergunta depois de uma explicação superficial, tão admirada quanto qualquer um ficaria ao receber a informação.

Ela desvia os olhos para a mesa e parece se perder em uma exibição de vincos lustrados de madeira enquanto assimila o que ouve.

— Como você descobriu a verdade?

— Ele me contou — respondo. — Com uma carta.

— Uma carta? — Isso parece chamar sua atenção. Ela ergue os olhos de volta para os meus e não esconde a reação de surpresa. — Ele foi corajoso. Mesmo escrevendo, não me parece uma coisa muito fácil de se admitir.

— Não é. Acredito que outros no lugar dele ficariam presos no ciclo de adiar e esperar o melhor momento. Eu acabaria descobrindo de outra forma. Seria muito pior.

Nara aquiesce. — Você ainda tem a carta?

Meu suspiro soa quase letárgico:

— Tenho. — E sei de cor cada uma daquelas palavras.

Eu me torturava todos os dias lendo e relendo como um lembrete de que aquele inferno era real. Em alguns momentos não parecia. Parecia que eu iria acordar no meio daquela noite e ela ainda estaria dormindo ao meu lado na cama. Que tudo não tinha passado de um pesadelo. Mas não era. As palavras estavam lá. A dor era real.

Acidentalmente Ela ⚤ JikookOù les histoires vivent. Découvrez maintenant