30 ⚤ POR ELE, a montanha pode curvar-se diante do vento. Parte II

Börja om från början
                                    

Eu perdi toda a coragem.

O olhar dele conseguiu me reduzir de um soldado armado e fisicamente preparado para o combate para uma criança de colo.

Ele estava de pé diante à minha frente; o cabelo pela metade como se as marcas de um encontro com a lâmina de uma tesoura ainda estivessem frescas; a roupa um pouco mais masculina que o habitual e seus olhos pingando lágrimas, parecendo tão pequeno e frágil, que mesmo perdido em meu momento odioso eu quis abraçá-lo. Ele era exatamente como ela. Exatamente como minha Sol, e eu não podia levantar a voz para ela, não podia brigar com ela, eu a amava. Ainda que eu não quisesse, ainda que eu quisesse odiá-la... odiá-lo. Não era ela, era ele. Ela não existia. Ele existia. E eu não conseguiria sentir a raiva que eu estava disposto a sentir se continuasse olhando para ele, porque sempre que eu olhasse para ele eu veria ela. Porra, era tão confuso. Mas eu covardemente fugi do seu olhar; um hábito que veio a se tornar muito comum daquele momento em diante. E eu continuei o evitando, expondo com dificuldade as verdades que eu acreditava serem certas na época, cada vez mais irritado por até o som choroso de suas palavras estarem afetando o meu senso de julgamento e me impedindo de me exaltar. Seria simplesmente impossível. Mesmo o tom de sua voz era como o dela: vagamente mais grave que antes, mas uma diferença tão mínima que chegava a ser ridícula. Ele soava definitivamente como ela.

"Não precisa me perdoar... Eu só quero que acredite em mim... Eu posso ter mentido sobre o meu gênero, mas sempre fui sincero sobre todo o resto, e os meus sentimentos estão inclusos."

Cada frase, cada confissão sobre o que ele sentia me deixava com mais ódio. Era mentira. Apenas mais uma mentira, eu pensava. Mas àquela altura, o ódio que eu estava sentindo não era mais sobre Jimin, e sim sobre mim. Ouvi-lo falar sobre seus sentimentos estava me afetando. Tudo o que eu queria era que ele calasse a boca. Ele estava despertando coisas dentro de mim que não me agradavam. Eu não queria me sentir afetado. Porra, ele tinha me enganado, mentido por meses, e ele era homem. Eu deveria odiá-lo, deveria sentir repulsa, mas não senti. Lá no fundo eu desejava que fosse mesmo verdade. Lá no fundo eu desejava ouvir cada palavra, desejava que fosse real, que ele e ela fossem a mesma pessoa e que o Sol que eu amava não tivesse simplesmente desaparecido. Eu me odiei mil vezes mais por esses desejos.

"Eu te amo, Jungkook."

Essas palavras me prostraram. Por favor, cale a boca. Pare de falar. Eu não quero ouvir isso. Eu não quero sentir o mesmo. Eu quero odiar você. Era como se meus pensamentos estivessem queimando minha cabeça de dentro para fora e irradiando fogo para o resto do meu corpo. Naquele momento, eu não duvidava de que meu juízo pudesse se arrebentar a qualquer instante. Minhas emoções estavam desgovernadas, meu autocontrole era caótico. Pare de falar, mas Jimin não parava. Ele continuava empurrando o peso de suas palavras sobre mim, uma atrás da outra, sem pausa. Era tão, porra, confuso, e então Jimin me desafiou a olhá-lo: "Se você olhar para mim, você vai saber". Eu não queria. "Se não consegue acreditar, olhe nos meus olhos e você verá que eu não estou mentindo". Não. Eu não ia fazer o que ele estava pedindo. Eu tinha que ir embora. Ir atrás dele não tinha sido uma boa ideia, uma péssima ideia. Minha Sol não existia mais, e àquela altura, eu já sabia que não conseguiria um confronto. Do que adiantaria continuar ali? Eu estava no meu limite, eu tinha que sair antes que eu enlouquecesse. Eu me levantei para ir, mas... e se eu o olhasse ao menos uma vez? A curiosidade nublou meus sentidos. O que estaria passando por trás de seus olhos enquanto ele dizia que me amava? Mais fingimento, eu supunha. Mas e se não fosse? E se eu pudesse vê-la outra vez? E se fosse real. Apenas pare de ser tolo, ela não existe mais. Ela se foi.

Acidentalmente Ela ⚤ JikookDär berättelser lever. Upptäck nu