O território

204 28 4
                                    


Quando acordei um vento forte adentrava pelas janelas e me levantei sentindo até um certo frio. Notei o céu um pouco acinzentado ,provavelmente ira chover.
Sai do quarto sentindo a barriga roncar ,descalça caminhei pelo corredor e desci as escadas. Muito provavelmente a cozinhar é lá em baixo. Passando pela sala de estar do térreo, vi o início da cozinha americana e apressei os passos.

Abri a grande geladeira e de lá tirei queijo e presunto, vi pão sobre a mesa e decidi que faria dois sanduíches. Com fome,sim. Com preguiça,também.

Com o prato em mãos, me servi um copo d'água e comecei a exploração. Passei os olhos pela cozinha espaçosa com móveis brancos ,cinzas e pretos. A geladeira de duas portas me refletia enquanto eu dava pequenos passos por todo o cômodo.
  Entrando na sala de jantar coloquei o prato e o copo sobre a mesa de vidro,passei a mão pelas 12 cadeiras acolchoadas ,puxei uma das cadeiras e me sentei ,puxando o prato para próximo de mim. Decidi comer primeiro e depois retomar minha exploração.

Após ter comido lavei tudo o que sujei e depois o botei onde os peguei. Cozinha, ok. Sala de jantar,ok. Próxima parada... que porta é essa?
  A empurrei devagar e parei antes de abri-la por completo.... e se eu não poder entrar aí? Mas se não pudesse o Brandon deveria ter avisado: Explore tudo,menos ali depois da cozinha.
  Mas foda-se.
Abri por completo, vi que se tratava de um quintal dos fundos. Onde havia  dois balanços suspensos, um lindo canteiro de tulipas de várias cores e uma piscina mais ao longe,cercada por três quiosques.

Apenas olhando da porta ,decidi deixar esse lugar para depois e então retornei para dentro fechando a porta. Andei rápido pelo local onde já vi e cheguei na primeira sala de estar,já que havia outra no andar de cima. Uma lareira bonita com alguns — Vários — troféus sobre ela,um sofá formato U tomando conta de uma boa parte do lugar, uma grande janela de vidro mostra parte do canteiro de tulipas lá fora.

Me aproximei da lareira e olhei os troféus de perto, troféus de basquete... será que o Brandon era,ou é jogador?

Deixando os troféus de lado e a sala de estar também, caminhei mais para a frente e em um pequeno corredor vi duas portas. Pondo uma mão em cada maçaneta, já que eram uma ao lado da outra ,as abri ao mesmo tempo. Eram prováveis quartos de hóspedes, um azul e um verde,todos em tons pastéis.
  Olhei de relance para dentro de ambos os quartos e fechei suas portas,mais ao lado outra porta foi aberta por mim e aí sim observei cada milímetro daquele belo banheiro.

Uma pia de mármore branco, com um espelho em frente. A privada quase imperceptível do lado e mais afasta porém em frente, a perceptível banheira. Um chuveiro rodeado por um vidro fosco bem ao lado e um aparelho de som sobre a pia. Ok,alguém por aqui gosta de tomar banho ouvindo música.

Andar de baixo, ok.
Subi as escadas passando as mãos pelo corrimão de vidro ,já na parte superior da casa comecei pelo lado direito. Havia um corredor ,porém somente duas portas, uma distante da outra. Abri a primeira. Uma bateria ,duas guitarras ,um baixo,um piano e muito isolado acústico nas quatro paredes do cômodo. Alguém nessa casa gosta mesmo de música e eu sinto que a minha mãe não é. Fechei a porta e fui olhar a outra,era um quarto de leitura... também forrado com isolamento acústico, mas dessa vez branco, combinando com as paredes. O que faziam as duas estantes de madeiras com muitos livros coloridos serem o centro das atenções, no meio de tantas coisas brancas no quarto.
Havia um sofá cama próximo a uma parede de vidro que dava a visão das árvores e a piscina no quintal.
   Sinto que virei aqui muitas vezes, até agora ,esse será meu cômodo preferido.
Saí da porta ,a deixando como antes estava. Me direcionei a segunda sala de estar, dessa vez ela continha um sofá formato L ,com uma outra lareira e uma grande tela plana sobre ela ,suspensa na parede.  Como a outra lareira nessa também tem coisas em cima ,porém alguns porta retratos. Minha mãe e Brandon ,minha mãe sozinha,minha mãe e um menino que não conheço... eu e meu irmão.

Sai daquela sala que vi que tinha um janelão de vidro porém a cortina black-out a cobria ,deixando a sala quase que escura por completo. Já cansada de olhar os cômodos,decidi que iria rápida abrir ,olhar e fechar,sem muito rodeio.
   Abri a primeira, era o quarto de minha mãe. Fotos dela e do namorado sob a mesinha de canto da cama. Tudo arrumadinho e um tom vermelho nas paredes. Próxima porta. Um quarto com uma cama ,guarda roupas e etc... mas parecia ser mais um quarto de hóspedes.
  A outra porta era um banheiro e que banheiro, um pouco maior que o de baixo e esse com dois chuveiros no Box.

A quarta porta estava trancada e eu achei estranho,de todos os muitos cômodos ,somente esse está trancado. Ok,ok,se esta trancado eu não tenho permissão de entrar. Restando só o meu novo quarto no fim do corredor,eu o adentrei. Não há banheiro suíte, terei de usar o do corredor...
  Abri o guarda roupas e peguei um vestido laranja e olhei para as paredes,vamos combinar, eu pensei brincalhona. Fui tomar um banho. São 14h22min ,o que farei no resto do dia? Não sei.

( . . . )

Eram exatas 21h13min quando ouvi meu celular tocar sobre o balcão da cozinha ,enquanto eu esquentava duas fatias de pizza que achei na geladeira.
  Me aproximei dele e olhei o destinatário.
[ Aomine ]

Caralho, a realidade que por quase um dia todo eu havia esquecido, me acertou com força e eu dei um passo para trás. O micro-ondas apitou e eu o abri,deixei o celular tocar até parar ,enquanto eu sentava em um das cadeiras altas do balcão. Tocou de novo. De novo. De novo e De novo.

Eu agora comia a pizza serenamente — mentira — sem preocupações e relaxada,mesmo com o celular tocando o tempo todo. E eu sem forças para atender e muito menos para rejeita-lo.

Panther's HeartWhere stories live. Discover now