XXVIII - O Palácio Real

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— Eles acabaram de chegar sãos e salvos aqui no planeta. — Kenan olhou para Nícolas com um sorriso no rosto e, em seguida, voltou-se com a cara fechada para seu parceiro no conselho real — Por que você ficou tão espantado, Mirov? Haveria algum motivo para eles não estarem aqui?

O Conselheiro emudeceu e apenas acenou negativamente com a cabeça. Estava furioso por ser destratado na frente do garoto e por saber que a Science estava de volta ao planeta. Ele precisava fazer tudo o que fosse possível para seguir com seu plano original e conseguir o trono.

Nícolas ouvira a melhor notícia do dia e ficou emocionado com a possibilidade de ver a equipe de Sivoc. Também estava aliviado por saber que seus amigos da Science estavam bem e em segurança no mesmo planeta que ele. Depois de ser aprisionado pelo comandante, pensava que jamais veria aqueles em quem confiava e que prometeram levá-los de volta.

***

Eles saíram então para o palácio real junto com os seguranças. O prédio possuía uma arquitetura singular, cujo pátio central retangular quase quadrado abrigava plantas ornamentais e flores majestosas diversas. Gigantescas pilastras de aço escovado suportavam a estrutura que era contornada por varandas envidraçadas. Os colaboradores que trabalhavam no governo do planeta Vida circulavam por todos os lados, cumprindo suas tarefas com devoção. Alguns vestiam um traje prateado enquanto outros usavam azul-marinho. Nícolas logo percebeu que as roupas revelavam uma espécie de hierarquia entre os serviçais, sendo que os de prateado ocupavam o maior posto.

Ao chegarem à entrada do grande salão de recepção real, o garoto observou que o rei o aguardava para conhecê-lo. Zador era baixo em estatura e usava um manto dourado que cobria suas costas magras. Seu queixo parecia mais afilado que o dos demais habitantes. Não usava coroa; como símbolo de seu poder tinha em suas mãos um cajado dourado. Sua pele era branco-acinzentada e o olhar permanecia cansado, por tanto esperar uma solução para o problema da filha.

Os Conselheiros reverenciaram o rei e os visitantes os imitaram.

— É um prazer conhecê-lo, meu jovem. Sou o rei Zador, governante do planeta Vida que agora o hospeda. Meu caro, nos desculpe por tê-lo trazido dessa forma ao futuro, mas precisamos muito de sua ajuda. Soube que Merko o escoltou e ele, às vezes, exagera em suas atitudes.

Ele voltou-se ao rei e fez uma reverência um pouco mais longa.

— É um prazer estar em vossa presença, Vossa Majestade. Fui muito bem tratado pela equipe de Sivoc, que me encontrou na Terra em primeiro lugar. Eles me explicaram a situação da princesa e é meu maior desejo ajudar de toda forma possível. Foi isso o que eu disse a eles quando me perguntaram se poderia auxiliar. Entretanto, desde que fui capturado perdi a minha liberdade, que me é tão cara, e tenho sido tratado como prisioneiro, o que me desagrada muito. Acredito que o melhor para Merko e sua equipe teria sido colaborar com Sivoc. Eu teria vindo ao planeta Vida de muito bom grado para ajudar vossa filha a recuperar a saúde. Apenas desejo estar livre. Não tenho motivo para fugir. Além disso, não sei como voltar ao passado, nem para minha galáxia.

— Eu gostaria que vocês jantassem comigo esta noite. Seria um prazer recebê-los no palácio. Vocês são livres aqui neste planeta a partir de agora e apenas os protegemos para manter suas integridades e garantir o sucesso da missão — disse o rei. — Não quero que pensem que são prisioneiros e peço desculpas por qualquer descuido de nossas equipes de busca. A ânsia por trazer a solução para o problema da princesa pode ter atrapalhado a maneira como o trataram.

— Desculpas aceitas, Vossa Majestade. Será um prazer jantar em vossa companhia. — Nícolas disse satisfeito.

Em seguida, o jovem Nícolas foi convidado para conhecer a princesa Isadora. O rei, os Conselheiros e o jovem entraram no elevador e chegaram ao segundo andar onde ficavam os aposentos reais. Ela encontrava-se acamada em seu quarto. Ao entrar, o jovem pôde ver que era uma garota muito frágil, com curiosos olhos azuis, que mostravam sua garra de viver, mas eram ladeados por pesadas olheiras que revelavam a terrível doença viral contra a qual a garota lutava. Na próxima semana seria seu aniversário e o melhor presente seria a recuperação de sua saúde.

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