C.76 - Minha Estrelinha

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ALEXANDRE

Eu estava olhando para o meu irmão, olhando para ele, enquanto ele ria conversando com nosso pai e a esposa, e lembrando de quando estive exatamente na mesma posição de Ísis, do quanto era sufocante apenas pensar na possibilidade de não o ver novamente. Mas foi apenas após essa fração de segundo que vi os médicos falando ela um pouco distante, então levantei, sem cerimônia, sem avisar, sem me importar com mais nada e me aproximei, mas apenas o olhar cabisbaixo da médica fez com que todo o fio de esperança que havia em mim evaporasse e eu senti o baque naquele momento.

Claro que o que eu sentia nem se comparava ao que Ísis sentia, ela estava desacreditada, inconformada e praticamente atacava os médicos com palavras de desespero, e apenas quando puxei sua atenção para mim, foi que ela pareceu ter entendido a realidade, que doeu nela e doeu em mim, eu pude ver o brilho no seu olhar indo embora e tudo nela simplesmente desmoronando. A segurei forte contra meu corpo, impedindo que ela caísse e tentando dar alguma forma de consolo mínimo naquele momento, enquanto ela gritava contra minha pele.

Seus gritos eram como facas em mim, doíam muito, a situação doía muito, nem eu mesmo queria acreditar e foi então que olhei na direção deles e estavam todos em pé, nos encarando com olhares abatidos. Encarei meu irmão e não consegui me imaginar suportando a mesma sensação. Eu não precisei dizer uma palavra, ninguém precisou explicar nada, a cena onde eu tentava controlar o desespero dela, já falava por si só.

Ísis só tirou seu rosto do meu peitoral por um segundo, quando o viu o pai sendo levado por enfermeiros ao começar passar mal e então Rodrigo falou que iria acompanhar ele.

*

Depois de algum tempo, levei Ísis nos braços para o quarto e a coloquei na cama, onde ela deitou encolhida e eu já estava em desespero, por ela estar rouca de tanto chorar, suas mãos geladas, seu olhos vermelhos e inchados...

-Meu amor, olha pra mim. - peço e ela faz, enquanto soluça alto em desespero

-Eu não... consigo parar... - ela diz e começa a chorar mais intensamente, colocando a mão no peito, como se indicasse onde doía e segurei todas as pontas agora para não desabar, ela precisa de mim. Então vejo o curativo no seu ombro manchado de sangue.

-Chama um enfermeiro pra mim! - peço abrindo a porta, vendo meu pai, Melissa e Apolo no corredor, em seguida retorno a ficar sentado, ao lado dela na cama e então uma enfermeira entra com Melissa alguns segundos depois.

-O que houve? - pergunta vendo o estado dela.

-Muita coisa, mas eu acho que os pontos abriram. - digo e então ela vê o ombro dela.

-Ela deveria ter ficado em repouso e sem forçar o braço, ter tomado cuidado. - a enfermeira fala se aproximando, mas Ísis não permite que eu me afaste dela para a enfermeira a avaliar. - Eu preciso olhar seu ferimento. - a enfermeira fala.

-Não... - Ísis responde chorando e agarrando minha mão.

-Ela está muito gelada... - digo

-A pressão dela deve estar caindo por causa do estado dela, ela não deveria estar assim...

-Ela acabou de perder a irmã, acha mesmo que ela está se importando com o braço? Ou com a pressão dela? - pergunto com raiva para a enfermeira que me encara assustada, assim como Melissa.

-Eu sinto muito. Mas ela precisa de cuidados e nesse estado é impossível. - ela fala

-E o que dá para fazer então? - Mel pergunta, enquanto encaro minha loira e tento limpar seu rosto, mas é em vão.

ALEXANDRE FERRARI IIWhere stories live. Discover now