C.54 - Sem trégua VI

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ALEXANDRE

Entro de volta na delegacia e vou direto para a sala dele, escutando de longe os gritos nada leves de Apolo e a palavra menos agressiva que identifico dizer é “irresponsável”, Apolo sendo Apolo, porém, até eu quero dar uma de Apolo agora com toda essa merda.

Adentro na sala e enquanto ele e Apolo permanecem a discutir, converso com Saulo sobre a saída provável e menos danosa para Ísis, em seguida faço uma transferência instantânea para a conta dele no valor que pede e peço para que me atualize de tudo, já combinando de encontra-lo depois.

-Então tragam-me as provas, mas até lá ela continuará sendo a acusada principal. – ouço quando ele responde Apolo

-As provas serão sim trazidas o quanto antes, mas, até lá, não quero que divulgue nada na imprensa citando o nome dela ou que tem alguma suspeita, nada! Não atualize o caso publicamente. Podemos ficar acertados assim? – pergunto me metendo na conversa, tentando conter meu tom, mas falhando nisso.

-Tudo bem. Quando trouxer as provas a inocentando, eu continuo com a investigação, até lá, ficará tudo parado no caso do vazamento do seu documento e por sua total responsabilidade, doutor. – diz para mim

-Não precisa se preocupar em retomar a investigação, delegado, quando as provas forem apresentadas, com certeza já teremos descoberto o verdadeiro culpado também, então quanto a isso, pode ficar tranquilo, porque nós faremos o seu trabalho! – afirmo e ele me encara com incredulidade. Então me despeço bem brevemente dos meus irmãos e saio de lá, já indo diretamente para o carro e fazendo sinal para a escolta para sairmos.

Sento no banco, fecho a porta e então encaro minha loira que está quietinha me olhando.

-O que aconteceu com o “Não podemos ser vistos em público”? – pergunta

-Foi para o espaço no momento em que tiraram você do apartamento, não me importei e nem me importo com mais nada além de você agora, essa minha prioridade. – respondo – Sem contar que com toda essa confusão dos documentos, a entrevista perdeu visibilidade, então não surtiu efeito algum. Fodam-se as aparências. – completei e então ela assentiu

-Como faz para deitar o banco? Esse carro é diferente... – ela falou ainda procurando e então parei o carro no sinal e tirei meu sinto.

-Encoste no banco. – peço, enquanto já me estico até alcançar a lateral do seu banco e apertar o botão de descida leve, fazendo com que o banco começasse a deslizar até que ficasse completamente deitado para ela que se acomodou melhor. – Está bom assim? – pergunto aproximando meu rosto do seu.

-Está. – responde acariciando meu rosto com uma de suas mãos e então a agarro com a minha e deixo alguns beijos nas costas da sua mão, o que a faz sorrir levemente.

-Como você está? – pergunto e ela respira fundo

-Bem, só com muita dor de cabeça agora. – diz fechando os olhos.

-Vou levar você para descansar. – falo já em tom mais baixo e ela assente. Então, volto minha atenção para o trânsito que já estava andando e alguns segundos depois sinto sua mão tocando a minha em buscas de contato e entrelaço nossos dedos, nos mantendo assim e também notando que a ponta dos seus estão todas manchadas, o que suponho ser a tinta do carimbo usada para colher suas digitais.

Porra! Quando eu penso que ela está segura, a própria polícia vira um perigo, puta que pariu! Será que nunca vou conseguir dar tranquilidade para a vida dela? Até quando a minha vida vai continuar fodendo com a gente? Esses infelizes poderiam ao menos ter peito para atacarem diretamente a mim, preferia mil vezes a mim do que a ela, porque isso me faz odiá-los mais e me odiar também, porque ela não merece, nunca mereceu!

ALEXANDRE FERRARI IIWhere stories live. Discover now