Epílogo

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Mansão Neide Fonseca, Corsário, 03/2019


Isabela e Karen estavam sentadas frente a frente. Uma olhava para a outra, séria. Dimitri observava as duas, preocupado, roendo as unhas, enquanto Balder olhava para a disputa com as mãos cruzadas em cima da barriga e um ar solene.

— Que a melhor vença esta sublime batalha...

Sem levantar os olhos, Isabela deu seu ataque: avançou com peão preto, ameaçando a rainha branca de Karen. As duas estavam jogando xadrez. Dominique que deu a ideia, após elas passarem a véspera toda dando ordens nos garotos, usando suas mentes brilhantes planejando a reconstrução da nave Carmen. Ele quis provocar as duas duvidando qual era a mais inteligente. Pensou que elas iam cair na pilha, mas a dupla se animou na mesma hora em entrar numa batalha de raciocínio e estratégia, como o xadrez. Agora Domi tinha que assisti-las entediado, porque Karen fez questão de que ele visse seu desafio, enquanto Jonas ria da sua cara, entre uma e outra mensagem que trocava com Serena no celular.

— Não vou cair nessa, Isabela — disse a loira, tirando sua rainha de perto do peão, em direção ao outro canto do tabuleiro.

A menina de cabelos negros deu de ombros e avançou com a mesma peça mais uma vez. Nisso, ouviram o barulho da campainha da mansão. Domi se levantou correndo para abrir a porta. Dois garotos entraram devagar, observando o lugar com atenção.

— Guilherme! — Isabela exclamou, levantando os olhos do tabuleiro, enquanto Karen aproveitava para jogar sua dama atrás do peão preto.

— Er, oi... — ele respondeu meio sem-graça vendo todo o grupo de heróis ao redor deles. — Vi pela TV o que estava acontecendo, você mandou mensagem dizendo que ia dar uma pausa aqui por Corsário ainda... Quis ver como você tá... Ah! E aliás, esse é o Jeremias, um grande amigo meu da torcida do Bahia! Ele viu a nave da Frente caindo e um maluco que saiu correndo para ajudar. —O jovem piscou discretamente para a namorada.

— Interessante, Don Juan da Bahia, mas no momento sua donzela encontra-se perante importantíssimo desafio. Queira aguardar, por favor. — comentou Balder, arqueando uma sobrancelha para a corsariense que ainda não tinha respondido à jogada de Karen. Isabela suspirou, jogando outro peão à frente e lançando um olhar de desculpas para o namorado. Karen respondeu trazendo a rainha para o centro do tabuleiro, pois tinha visto uma oportunidade de capturar os dois peões. Dominique, por sua vez, aproveitou a chegada do outro para fazer perguntas.

— Então você sabe quem foi que ajudou os heróis?

Prestando atenção, silenciosamente, Isabela moveu mais um peão.

— Saber exatamente eu não sei, mas vi um cara sair correndo preocupadíssimo do bar onde eu tava quando saiu a notícia no plantão sobre o ataque no circo. Segui um pouco ele, porque achei estranho... E vi o maluco tirando o casaco que usava, deixando uma espécie de uniforme à mostra e sair voando. Na hora quis falar com o Guilherme. Sabe, quando vi a nave caindo, meus outros amigos não acreditaram...

Karen não tirava os olhos do tabuleiro, a última jogada da rival tinha lhe deixado intrigada.

— Ah, acho que saquei o que você tá tentando fazer aqui, uma barreira de peões, não é? — falou enquanto recuava novamente a dama. Isabela não disse nem que sim, nem que não, apenas avançou com o seu peão central, de forma que a rainha de Karen não tinha mais como avançar no tabuleiro sem ser capturada.

— Bem, então, ao menos sabemos que é um cara que frequenta Corsário...Isso diminui as chances de ser literalmente qualquer pessoa para... não sei, 500 mil habitantes? — Jonas chutou, enquanto Karen recuava ainda mais com a dama, concentrada em bolar uma forma de sair da emboscada em que se encontrava no jogo.

WSU's Frente JovemWhere stories live. Discover now