Prólogo

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Prólogo:

Reza a lenda que há muito tempo, tribos índigenas habitavam diversas regiões do Brasil. Eles haviam chegado aqui primeiro, possuíam o conhecimento das plantas, animais e das águas. Mas então, pessoas vindas de um lugar distante chegaram e se apossaram de tudo.

Os novos moradores queriam todas as terras que pudessem possuir e diante das resistências, teve inicio um injusto período de morte e escravidão, contra pessoas indefesas que viviam por suas crenças e tradições.

Diversas tribos foram dizimadas, algumas se juntaram ao inimigo na tentativa de sobreviver.

Porém, havia um grupo que possuia uma anciã chamada de Olhos de Águia, que era conhecida por falar diretamente com o Grande Espírito. Esta, reuniu sua tribo a fim de relatar o que ele havia dito.

- O Grande Espírito, me disse que podemos nos tornar fortes e velozes, de modo que não seremos mortos facilmente.

- E como seria isso? - todos começaram a questionar ao mesmo tempo.

- Porém, antes de qualquer coisa, hà uma  que precisam saber. Existe um preço e preciso que digam que estão dispostos a pagar.

- Não nos importa, desde que sejamos livres em nossas terras e não precisemos mais temer o inimigo. - Vários dos presentes disseram em voz alta. Alguns permaneceram calados, pensativos, mas logo concordaram sobre o que fosse preciso fazer.

- Muito bem, reúnam todas as tribos confiáveis, aquelas que não se aliaram ao inimigo e me encontrem no Lago Prateado para iniciarmos uma nova existência.

No dia seguinte, após o por do sol, todas as tribos já se encontravam no local combinado.

O vento soprava forte, trazendo um cheiro de terra molhada  e folhas secas, anunciando que a chuva não tardaria. As árvores se agitavam, como se quisessem avisar que algo ruim se aproximava, mas todos estavam concentrados demais para perceberem.

- O que precisamos fazer para  vivermos em paz e longe dos homens das cidades?

Olhos de Águia, despejou um líquido brilhante sobre o lago e iniciou uma dança fluida, parecendo flutuar, assim como as folhas sopradas pelo vento.

- Grande Espírito, aqui, diante da lua de sangue, peço humildemente que  abençoe os presentes, para toda a eternidade.

- Ele está me dizendo que serão mais fortes e mais ágeis que qualquer um, vossa audição, olfato e paladar, serão inigualáveis.

Todos observavam sem entender nada, mas não estavam preocupados, a única coisa que desejavam  era ter a liberdade de volta.

A anciã, jogou algumas ervas dentro da água, ainda dançando e dizendo palavras desconhecidas.

Um círculo de fogo se formou na borda do lago e logo tomou conta dele por inteiro.

- Entrem e bebam a agua. 

- Ficou louca? Vamos ser queimados vivos. - todos começaram a gritar e se afastar.

- Rápido, o fogo logo se apagará e o poder cedido a vocês desaparecerá.
Alguns tomaram coragem e fizeram o que ela disse, os outros, após certa resistência, acabaram por fazer o mesmo.

- A dor será parte de vocês nas primeiras mudanças, mas logo não sentirão mais. Lembrem-se, a lua cheia será uma aliada em tempos de batalhas, mas o controle sobre a fera que começa agora a nascer, deverá ser multiplicado.

- Aahhhhh! O que está acontecendo? Aahhhhh, o que você fez? Nós confiamos em você. - gritos de dor e desespero começaram a ecoar pela floresta, juntamente com o barulho de ossos sendo quebrados.

LUA DE SANGUEDonde viven las historias. Descúbrelo ahora