Servante (jjk + kth) (ABO) - Concluída

XIV. Conto

Muiel não deu atenção para o início do conflito.

- O que vocês dois estão fazendo de pé tão cedo?

Jimin colocou uma mão no coração, jogando-se dramaticamente em uma das cadeiras postas ao redor da mesa central.

- Eu tenho essa insônia terrível - reclamou, dando ênfase no adjetivo.

Muiel negou com a cabeça, descrente, caminhando para selecionar mais ingredientes na cozinha. Pela forma com que abrira a massa, parecia estar montando uma torta.

Taehyung reparou que, ao menos durante as vezes que haviam interagido, a mulher sempre estava inquieta. Era pelo horário, ou o ritmo de trabalho da cozinha era sempre aquele?

- Você sempre dorme como uma princesa que espera o resgate, criança - Muiel contradisse Jimin. Ela pegou algumas maçãs em uma cesta sobre a mesa. Analisou as frutas com atenção. - Estão mandando as piores seleções para cá - murmurou, quase inaudível.

Taehyung tomou mais uma nota do problema com os suprimentos. A cozinha de Jeongguk parecia ser o lugar com mais gargalos e problemas de funcionamento.

Jimin torceu o nariz na direção da ômega mais velha.

- Não quando o Jeongguk está no cio. Ninguém que fica próximo do topo da torre dorme.

O cheiro. Taehyung não tinha pensado com mais cuidado a respeito. Por natureza, o efeito de Jeongguk nos ômegas era bem mais desconcertante do que nele, um beta sem olfato aguçado. E se para ele havia sido daquela maneira... Não conseguia calcular a magnitude do quanto deveria ser desconfortável para Jimin.

Como ele lidava?

- Sir Monier! Bom dia!

Era Muiel quem recebia o mensageiro na cozinha. Ela limpou as mãos e pegou uma travessa de cobre coberta com um pano. Levou-a em direção ao mensageiro com um sorriso.

- Eu fiz para o senhor.

Sir Monier passou a mão na barriga teatralmente. Taehyung ergueu uma sobrancelha, analisando a interação com curiosidade.

- São doces de abóbora em pedaços.

Ele pegou a vasilha com ligeirice.

- Os meus favoritos!

Muiel estava verdadeiramente sorrindo, uma expressão inédita aos olhos de Taehyung. A ômega conversava com Monier sem impor distância.
Sir Monier, como de costume, tinha um suor nervoso na testa e uma instância agitada. Mas, diferentemente das outras vezes, ele não parecia querer fugir para cumprir outra obrigação.

Taehyung não tinha plena compreensão. Parecia que estavam... Cortejando um ao outro?

Mas Sir. Monier era um beta, não era?

- Eles estão dançando assim há anos. - Jimin cochichou ao ouvido de Taehyung, estatelando-o. Não tinha visto que o ômega chegara tão perto.

- Eles são...? - Taehyung procurou pela palavra.

Haviam casos de betas se relacionando com outros betas. Com ômegas? Era raro e, quando ocorriam, ao que Taehyung conhecia, não envolviam apalpadas como as que Muiel dava no braço do mensageiro.

- Namorados? - Jimin completou por ele. - Não são. Eles só são estranhos mesmo. - Jimin aproximou-se mais de Taehyung, confidenciando mais suas próximas palavras - Eu acho que ela é apaixonada por ele, e ele pela comida dela.

Paixão, mesmo que pela comida, ainda era uma ideia abstrata para Taehyung. Mas parecia mais plausível do que um romance, afinal, Taehyung mesmo ainda se recordava do sabor dos bolinhos de cacau. Vontade de comer bem era uma explicação mais aceitável para os olhos brilhantes de Sir Monier.