Capítulo 1.

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Escuro. Tudo está tão escuro, frio e úmido. Sinto as gotas de chuva batendo na minha pele, meus olhos se recusam a abrir totalmente. Edward me deixou. A dor se faz tão presente agora que eu queria estar morta, será que eu estava morrendo? Torci profundamente para que fosse assim, frio, silencioso, vazio. Sinto meu corpo se mexer, acho que estou sendo carregada mas não consigo me obrigar a olhar, sinto braços ao meu redor, frios como mármore, acho que estou alucinando - Edward... - tento chamar mas meus lábios não se mexem, meu corpo dói, meu coração dói. Eu não podia acreditar no que havia acontecido, tudo passou tão rápido, a festa, o acidente, Edward me deixando sozinha na floresta. Eu realmente acreditei que poderia alcançá-lo, corri pela floresta a dentro por horas a fio até cair totalmente exausta em algum lugar, eu estava perdida, o amor da minha vida tinha ido embora para sempre e eu não sabia o que eu iria fazer. Meu corpo continua se mexendo, acho que estou sendo levada a algum lugar. Eu quero gritar para que me deixe, me deixe para morrer na floresta mas tudo que sinto é a letargia me atingir como um soco, sou jogada em um sono tão profundo que não sinto mais nada.

Aos poucos vou recobrando minha consciência, luzes muito fortes atingem os meus olhos me fazendo fecha-los novamente.

- Bella? Oh, graças a deus! - Ouço a voz preocupada de Charlie me chamar. Abro meus olhos encarando as luzes ao meu redor, estou no hospital. Não sei como vim parar aqui, tudo que me lembro é da floresta fria e escura ao meu redor.

- O que eu estou fazendo aqui? - Pergunto tentando levantar, mas minha cabeça dói. Charlie apoia a mão na minha perna e me olha com alívio.

- Você desapareceu ontem, ficou horas sumida, mobilizamos todos da cidade em sua busca até que recebi um telefonema do hospital avisando que você havia chegado aqui, não souberam me explicar como mas o que importa é que agora você está a salvo. Parece que você caiu na floresta, estava com um princípio de hipotermia e o médico preferiu que você passasse a noite aqui em observação. - Médico... Será que? Será que Carlisle ainda estava na cidade? Será que talvez eles tivesse mudado de ideia?

- Carlisle? - Perguntei ao Charlie com uma pitada de esperança na voz. Ele respondeu apenas com um aceno de cabeça e foi suficiente para eu ser jogada de volta a realidade; eu estava sozinha.

- Ouça Bells, eu não sei o que aconteceu, não sei porquê os Cullens foram embora da cidade assim tão de repente. Aqui no hospital falaram que o Carlisle recebeu uma oferta irrecusável no Alaska mas também acho estranho que tenha sido assim, mas não importa o que aconteça você tem a mim. - sabia que tudo que Charlie estava dizendo era bem difícil para ele, se tem algo que meu pai esconde muito bem são os próprios sentimentos. Mas agradeci seu apoio com um leve sorriso.

-Bella? - perguntou Charlie. Olhei para ele com inquietude.

- Ele a deixou sozinha no bosque?

- Como você sabe onde eu estava? - tentei desviar da pergunta.

- Achei um bilhete seu dizendo que tinha ido caminhar na floresta com Edward, como você não voltou para casa eu liguei para os Cullens e ninguém atendeu. Foi quando iniciei as buscas e ligaram do hospital avisando que você estava aqui. Mas preciso saber se Edward deixou você sozinha no bosque. - insistiu Charlie. O nome provocou uma onda de tortura em mim, sacudi a cabeça freneticamente tentando negar.

Charlie ainda tentou insistir mas pedi para que me deixasse sozinha, a última coisa que eu gostaria era de reviver novamente aquele momento.

Passei o dia no hospital em observação até que o novo médico resolvesse que eu estava apta para ir para casa. O caminho foi silencioso, eu realmente não queria ter que conversar e Charlie entendia isso mais do que ninguém. Cheguei em casa e fui direto para o quarto me jogando na cama, durante todo o dia não havia me permitido chorar, não havia me permitido sentir mas aqui no meu quarto onde todo canto lembrava dele as coisas eram ainda mais difíceis. Eu quis gritar, mas me contive em um choro silencioso. Sempre soube que não era boa o suficiente para Edward, a quem eu queria enganar, afinal? Eu sou patética. Acreditar que seria boa o suficiente para um vampiro, um ser tão incrível, e eu uma simples humana desastrada. Eu estraguei tudo e afastei os Cullens de mim para sempre. Levantei-me em um pulo olhando as coisas ao meu redor, meu quarto parecia igual exceto pela foto que tinha ali, no lugar dela apenas o vazio. Será como se eu nunca tivesse existido. Ondas de dor voltaram a me inundar, eu quis voltar a floresta, quis desmaiar, mas tudo que me restava era meu quarto e as minhas lágrimas.

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro


Os meses se passaram mesmo que eu não estivesse existindo, o tempo passa mesmo quando cada segundo dói tanto que parece impossível suportar, as constantes mudanças do decorrer do tempo é cruel, a oscilação entre a aceitação e a revolta, entre a dor e a calmaria, entre os momentos onde acho que fui uma idiota e onde acho que ele foi idiota. Tudo é uma sequência interminável dos meus dias até agora. Acordo várias noite gritando a procura Dele. Acordo achando que estou sendo abandonada novamente naquela floresta, e sou novamente jogada a realidade de que estou sozinha em meu quarto, e ele não vai mais entrar pela janela e me confortar. Charlie está cansado, quer que eu vá morar com minha mãe na Flórida, mas algo me prende aqui, não quero ter que deixar Forks, ele pode voltar. Me obrigo a sair de casa essa noite, talvez assim Charlie pense que estou finalmente deixando isso para trás.

Encontrei Jéssica na saída da escola, íamos a Port Angeles. Confesso que ela pareceu surpresa com o convite, mas aceitou, íamos ver um filme qualquer que estava em cartaz, fugir dos romances foi um pouco difícil mas consegui fazer-la ver um filme de zumbi, confesso que quase não prestei atenção ao filme. Saímos do cinema com Jéssica reclamando

- Acho que foi o filme mais apavorante que vi na vida. Aposto que vamos ter pesadelos a noite.

- Não duvido - eu disse tentando manter minha voz normal, qualquer pesadelos seria melhor do que os que eu já tinha toda noite.

- Onde você quer comer - Perguntou Jess.

- Qualquer lugar. - Jéssica começou a falar sobre todos os pontos negativos do filme e eu parei de prestar atenção, só voltei a olhar quando ela parou de falar e seguiu me puxando rápido pela mão, olhei ao redor e estávamos agora em uma rua deserta, as lojas estavam fechadas e o único ponto de luz era mais a frente no restaurante que íamos comer. Num canto escuro encostados em uma das lojas estavam um grupo de caras. Um deja-vu tomou minha mente para noite em que Ele me salvou de um grupo de caras muito parecidos. Será que ele viria? Deixei Jéssica para trás protestando e dizendo o quanto eu estava maluca, não dei ouvidos, precisava testar uma coisa, um dos caras me olhava curioso notando a minha aproximação.

- Precisa de ajuda? Você parece perdida - o cara a minha frente perguntou com um sorriso.

- Não estou perdida. - respondi para ele com um sorriso confiante.

Mas logo percebi que nada daquilo parecia certo, ele não iria aparecer, eu estava sozinha. O cara a minha frente continuava sorrir para mim.

- Você aceita uma bebida? - ele perguntou tocando meu braço. Desviei o olhar e me afastei.

- não posso beber, sou nova demais. - respondi de imediato - Do outro lado da rua você parecia alguém que eu conheço mas me enganei. - Dei as costas para o homem a minha frente tentando sair dali o mais rápido possível mas ele foi mais rápido e segurou meu Braço. Assustada olhei para ele.

- Mas talvez a gente possa se conhecer. - ele continuava segurando meu braço se aproximando de mim.

- Me solte. - Pedi tentando em vão puxar meu braço das mãos dele. Mas sem sucesso. Foi quando tudo passou como um borrão, o homem foi atirado para longe de mim tão rápido que cai no chão assustada com o impacto. No final da rua, segurando o homem pelo pescoço eu o vi. Por alguns segundos cheguei a pensar que fosse ele mas seus longos cabelos cor de ouro caíam sobre os ombros, sua voz era feroz e não demostravam nenhum pouco de empatia pelo homem a sua frente.

- Ela falou para você soltar. - Jasper rosnou para ele o suspendendo pela camisa. Eu estava atônita, o que ele fazia aqui? Será que tinha resolvido voltar para Forks? Muitas perguntas surgiam na minha cabeça enquanto Jéssica corria em minha direção. Jasper havia desaparecido no instante em que ela chegou.

- Você perdeu o juízo? Está tentando se matar ou coisa assim? Vem vamos comer. - e a seguir ao restaurante com a imagem de jasper na minha cabeça sem saber se havia sido real, ou apenas alucinação.

Notas da autora: Próximo capítulo sai na quinta! Não esqueçam de votar e de deixar aquele comentário!
Sejam bem vindos a esse novo mundo!

Shadow - Jasper/BellaOnde histórias criam vida. Descubra agora