1- 𝙨𝙚𝙚 𝙮𝙤𝙪 𝙣𝙚𝙭𝙩 𝙬𝙚𝙚𝙠

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Irmão • Filho • Bailarino

Essas eram as palavras gravadas na lápide de Pietro Maximoff. A mulher riu sem humor ao se lembrar do sorridente Pietro dizer que morreria feliz se morresse no palco. Três semanas se passaram desde o tiroteio no teatro de Broadway. As pessoas já haviam se esquecido das jovens vidas que foram arrancadas da terra pelo ódio de um homem.

Bruce Banner era professor na mesma universidade que Wanda dava aula duas vezes por semana. Já havia visto o Dr Banner, como gostava de ser chamado, pelos corredores. "Bom dia. O café está bom hoje?" Era o que amigavelmente o homem perguntava com um sorriso engessado no rosto todas as vezes que entrava na sala dos professores e apenas Wanda estava ali.

Nunca trocaram mais de duas frases um com o outro. Ele parecia ser um bom homem. Reservado, mas ainda sim um homem gentil que havia conquistado o coração da bailarina mais talentosa que Vaganova revelou. Wanda sabia de praticamente toda a vida de Natasha Romanoff sem fazer esforço.

O irmã é um grande fã. Ou era um grande fã da bailarina.

Todos os dias quando ia até a academia dar carona ao irmão voltava ouvindo o quanto Natasha Romanoff era uma pessoa incrível, o quanto seus movimentos eram ágeis e o quão sortudo era o Dr. Banner por tê-la como noiva. Apesar de nunca ter visto a mulher, sabia de praticamente toda sua vida.

Bruce seria julgado na próxima sexta-feira. Mas era claro para Wanda que o homem não receberia a pena máxima. Crime passional, eles iriam alegar. Ou até mesmo iriam inventar uma doença mental que possa atenuar sua pena. No fim, Wanda perderia seu irmão e Bruce Banner o emprego na universidade. Não parecia uma troca justa. Realmente, não era uma troca nada justa.

Uma mensagem no visor do celular da Maximoff a tirou de seus pensamentos.

"Não se atrase no primeiro dia, querida"

Era Visão. Não se deu o trabalho de digitar uma resposta, apenas mandou um emoji de positivo. Wanda não queria ir para o grupo de apoio, mas Visão havia insistido tanto que foi difícil dizer não para o homem que só queria lhe ajudar. Relutante, a mulher entrou em seu carro e deixou o cemitério para trás, dirigindo até o ponto de encontro das reuniões do psicólogo Steve Rogers. Aparentemente o profissional conseguiu reunir em uma sala mais de meia dúzia de pessoas que perderam seus entes. Deprimente, Wanda pensou.

Wanda caminhou vagarosamente e abriu a porta, receosa do que encontraria ali. A reunião já havia começado, e uma senhora de uns 65 anos chorava copiosamente ao tentar formular uma frase. Se quer foi notada, e resolveu usar isso ao seu favor. Devagar, Wanda fez o caminho de volta. E teria conseguido sair despercebida se Visão não tivesse lhe mandado outra mensagem.

— Ótimo. — Murmurou observando o grupo em sua frente, que tinham os olhos voltados para ela.

— Wanda! Pensei que não viria. Sente-se aqui, ainda estamos começando. — Steve sorriu amigavelmente, apontando o lugar que Wanda deveria se sentar. Entre uma senhora que não parava de chorar por um minuto se quer, e um adolescente de no máximo 17 anos. Na sua frente uma mulher ruiva encarava as próprias mãos enquanto balançava freneticamente a perna.

— Estávamos fazendo nossas apresentações, por ser a primeira reunião. Vocês devem dizer seus nomes e a pessoa que perderam. Parte do processo do luto, é dizer em voz alta. É o primeiro passo para seguir em frente. — Steve disse alternando o olhar entre as pessoas ali.

— Senhor Rogers, eu posso começar? — O garoto ao seu lado se pronunciou, e o loiro apenas sorriu, indicando que o jovem falasse.

— Bom, meu nome é Peter Parker. Tenho 17 anos, quase 18 na verdade. E eu perdi o meu tio Ben. — A animação que estava em sua voz rapidamente sumiu, e Steve fez questão de continuar pelo garoto.

𝙜𝙧𝙤𝙬 𝙤𝙡𝙙 𝙬𝙞𝙩𝙝 𝙢𝙚 - 𝘸𝘢𝘯𝘵𝘢𝘴𝘩𝘢Onde as histórias ganham vida. Descobre agora