◇ CAPÍTULO QUATORZE ◇

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Não imaginava que os nagas haviam se tornando tão astutos. Pra mim sempre foram feras movidas aos seus instintos.
Deve ter sido dessa forma que conseguiram emboscar os humanos que encontramos mortos na fronteira.

Mas a situação com eles deve ter sido outra. Aqui, a presa eram os próprios nagas.
Fiquei atenta aos três a minha volta. Meus sentindos estavam a mil.

Sibilei mostrando os dentes.
Me abaixei na terra, pousando uma mão a frente de minha perna direita. A esquerda joguei pra trás, deixando meu sobretudo negro arrastar sobre as folhas secas. Usaria a perna pra tomar impulso. Puxei lentamente as duas espadas em minhas costas.

As girei em minhas mãos.

-Estão esperando o que?

O naga a minha frente se aproximou rosnando, esperei até o momento certo, e saltei um sua direção. Girei no ar e joguei meus pés em seu peito. Ele caiu de costas no chão rosnando, pisei em seu ombro duro e cheio de escamas.

Com um golpe mortal de uma das minhas espadas, sua cabeça rolou, seu sangue escuro espinou em minha perna. Otimo, bem afiada.

Olhei na direção dos dois a minha frente.

- Próximo?

Ambos vieram em minha direção. Sacudi as espadas, tentando tirar um pouco do sangue.
Corri em direção a um deles, que tentou me segurar, mas girei passando por baixo de seu braço, ergui a espada e cortei-lhe a mão. Ele urrou de dor. Atravessei e surgi atrás do outro que tinha acabado de se lançar em minha direção.

Mais um golpe, e outra cabeça rolou.
O que estava sem mão achou prudente fugir. Estava me preparando pra ir atrás dele. Mas um bater de asas me informou que ele não ia muito longe.
Pude ouvir vindo de dentro da floresta, seu urro de dor.
Alguns segundos se passaram após isso.

Me virei e vi o illyriano pousar ao meu lado jogando uma cabeça no chão, Slovan parecia enojado. A cabeça rolou até meus pés.

- Com nojinho soldado? - Eu ri de sua feição. Ele se endireitou em seu lugar, ajeitando as asas nas costas. 

- Esses demônios fedem a morte.

- Nisso eu concordo. - Tamlin surgiu atrás de mim. Me virei em sua direção. Ele parecia... normal. Nem um fio de cabelo fora do lugar.

- Então? Matou o naga que você estava perseguindo ? - Questionei. Pela sua aparência, eu tinha certeza que não.

- Não. O perdi nas terras humanas. Ele atravessou a fronteira. - isso realmente era um problema. Dos grandes.

- Eu derrubei dois deles, e você não deu conta de um ? Serio ? - Não conseguia acreditar nisso. Puxei um pedaço de pano do bolso, e tentei limpar minha espada. Sem sucesso. Aquele sangue nojento grudava.

Tamlin ficou observando o que eu fazia.
Endireitou seus ombros e veio até mim.

- Eu não posso entrar em terras humanas. Nenhum de nós pode. O acordo da Aliança nos veta disso. E você sabe.

- Tinha interceptado-o antes dele entrar então. Nos não podemos entrar pra matar humanos, mas para matar os nagas, podemos sim. Você fica aqui questionando a veracidade do acordo,  enquanto isso humanos estão morrendo! - falei essa última parte entredentes.

Minha mãe havia me ensinado muito sobre os humanos. Sobre suas vidas curtas, e suas fragilidades. Se haviam nagas invadindo território deles, deviamos tomar providências. Ou mais deles morreriam.

- Slovan, voe sobre as terras mais próximas a fronteira. Fique atento a qualquer coisa que você ver. Me informe tudo. Retornarei a casa, e mandarei mais dois guerreiros pra ajudar você, dessa forma cobrirão mais território.

Corte De Flores E FogoWhere stories live. Discover now