— Você… Mas você sabe de alguma coisa, não sabe? — insistiu, um pouco desesperado.

Taehyung suavizou-se. Considerando o que havia ouvido no jardim, Jimin estava se separando de alguém que era muito importante para ele — e por um dos comentários que Yoongi fizera sobre a viagem no café da manhã, por um tempo indeterminado. Taehyung não podia fingir que entendia a saudade completamente, mas era visível como não estava sendo fácil para o ômega.

— Eu não sei o que sei. Vamos deixar assim, está bem?

***

Depois do almoço, um dos empregados avisou que Taehyung estava sendo chamado para comparecer até a sala de pintura. Lá, o beta encontrou um solitário Elijah sentado de frente para um dos cavaletes. Os dedos do ômega seguravam um pincel prata entalhado. Ele dava retoques finais ao seu quadro.

— Taehyung, olá — disse com um sorriso na voz, sem virar-se, oferecendo a palavra a Taehyung pela primeira vez. — Venha, aproxime-se. Eu preciso da sua opinião, o que acha dessa peça?

Os sapatos de Taehyung fizeram barulho no chão liso com os seus passos. Não era a expertise do beta, mas ele seguiu a ordem ao parar atrás de Elijah e analisar a tela com olhos estreitos.

— É bonito — falou, não tendo muito mais o que acrescentar. Era a pintura de um corset, e o conhecimento de Taehyung a respeito da vestimenta era limitado.

Era tecnicamente perfeito, todavia, ao menos aos olhos leigos dele. Estonteante em seu verde esmeralda e detalhes dourados. Mas não trazia o mesmo sentimento que as pinturas no quarto de Jeongguk traziam, por exemplo. Não lhe dava vontade de imergir na tinta e vestir a peça de roupa.

Elijah o encarou com olhos largos.

— Você gosta do verde e do dourado?

— Gosto.

— Qual a sua cor favorita?

A mesma das obsidianas, o pensamento cruzou sua mente sem autorização.

— Eu não tenho uma.

Os cantos da boca vermelha do ômega voltaram-se para baixo.

— Que pena — lamentou.

Elijah levantou-se graciosamente e tirou a tela do cavalete, deixando-a em um canto. Trouxe uma em branco para o lugar. Os seus movimentos rápidos faziam o tecido fino do conjunto branco que vestia esvoaçar.

Taehyung perguntou a si mesmo como Elijah fazia para pintar sem deixar cair sequer um respingo de tinta na roupa. Parecia impossível.

Elijah estendeu a paleta com a tinta que usava na direção de Taehyung.

— Escolhe uma cor.

Sem pensar muito, o beta apenas apontou para um tom de azul mais escuro que havia ali.

— Você pode segurar a paleta para mim? — Elijah pediu, estendendo o objeto para Taehyung.

Taehyung pegou-a com cuidado, colocando o polegar no furo e encaixando os outros dedos por trás, imitando a forma que vira Elijah segurar.

— Assim?

Elijah pegou no braço de Taehyung, que tentou mascarar o seu incômodo por estar sendo tocado com um apertar de lábios. Ele reposicionou o braço do beta, erguendo um pouco o cotovelo de maneira que ficasse mais suspenso no ar. Era mais desconfortável assim.

— Ah, essa altura do está ótima. Obrigado.

Taehyung umedeceu os lábios, sem responder, segurando a onda de perguntas que ameaçavam sair de sua boca. Calmamente, Elijah molhou o pincel no azul índigo da paleta e sorriu para Taehyung docemente.

Servante (jjk + kth) (ABO) - ConcluídaWhere stories live. Discover now