Capítulo 5

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No domingo de manhã, estavam todos reunidos tomando o café da manhã quando Jimin perguntou:

— Omma, por que está dormindo no quarto de Jungkook?

A pergunta se deu porque Jungkook dormira até mais tarde e Seokjin perdera a hora. Depois de várias noites insones na pequena cama, estava exausto. Na noite anterior, aconchegara-se ao urso de pelúcia e dormira profundamente até ser acordado por Taehyung. 

Sentia-se cansado, pois as horas de sono aliviaram o corpo, mas não o espírito. Apesar de ter dormido sem pesadelos, acordara com a mesma angústia e tristeza, incapaz de resolver a situação.

O pedido de Namjoon para que não tomasse nenhuma decisão até estar mais estável emocionalmente servira como desculpa para sua falta de ação; a vida passava por ele como se fosse um filme fora de foco.

Namjoon, abatido, não parecia muito melhor. Desde o telefonema de Hyuk, voltara a chegar em casa às seis e meia da noite. Seokjin suspeitava que o motivo fosse sua crítica ao comportamento dele como pai mais do que uma tentativa de provar que o caso havia terminado.

Sempre estava presente para ajudar no banho das crianças enquanto o ômega preparava o jantar. A vida da família parecia normal, devido ao esforço do casal em esconder das crianças seus enormes problemas. 

Jantavam em silêncio, e as poucas tentativas de Namjoon de manter algum tipo de conversa eram ignoradas por Seokjin. Logo o alfa desaparecia em seu escritório e o ômega lavava a louça e ia para o quarto de Jungkook, sentindo aumentar a solidão e a tristeza a cada dia.

Surpreendido pela pergunta do filho, tentou encontrar uma resposta aceitável.

— Os dentinhos de Jungkook estão nascendo — respondeu, consciente de que Namjoon o observava por trás do jornal dominical, mas não lhe dirigiu o olhar. No momento, não se importava com a reação dele.

O pequeno Jimin, satisfeito com a resposta, voltou a atenção para seu adorado appa. Saindo da cadeira, aconchegou-se em seu colo.

— Appa, aposto que deve estar sentindo falta do omma na sua cama. Se tivesse me falado antes, eu teria ido fazer companhia para você.

A tensão estava no ar, apesar de não ser percebida pelas crianças. Namjoon deixou o jornal de lado para dar total atenção ao filho.

— Você é muito gentil, meu príncipe. Acho que posso aguentar mais uns dias sem me sentir completamente rejeitado.

Se a resposta era uma indireta para Seokjin, o ômega apenas ignorou. Sentou-se para tomar o café e concentrou no ato toda sua atenção. Namjoon estava sentado em frente, vestindo apenas o roupão de banho que cobria parcialmente seu peito. 

Quando todos terminaram de comer, Seokjin começou a retirar a mesa. Enquanto lavava a louça, observava os demais. Taehyung conversava animado com Jimin e Namjoon. Jimin estava novamente no colo do pai. Até Jungkook, tirado de seu cadeirão para o outro joelho do pai, participava feliz da atividade dos irmãos.

Para Seokjin, a cena familiar era insuportável. Olhava-os e via o fantasma de Chansung entre eles, rodeando-os. Tudo, agora, parecia fragilizado, despedaçado e falso. Como Namjoon conseguia pegar seus filhos no colo e fingir que estava tudo bem? 

Com uma expressão amarga, e perdido em seus pensamentos, o ômega lavava a louça sem qualquer delicadeza, fazendo barulho diante da força que utilizava em seus movimentos por conta da raiva. Namjoon lançou-lhe um olhar interrogativo, mas Seokjin apenas o ignorou e continuou o que estava fazendo.

Por fim, o ômega desistiu de terminar a limpeza, pois ainda poderia quebrar alguma coisa.

— Vou arrumar as camas — murmurou, sabendo que ninguém o ouvira, enquanto se dirigia até a escada.

Despedaçados | NamjinWhere stories live. Discover now