Confusão do Destino ✅️

28.

Serkan

O lado bom de conhecer bem uma pessoa?

Você sente quando essa pessoa está estranha. Na respiração, no olhar, na forma de agir. Você conhece essa pessoa tão profundamente que não são necessárias palavras.

Eu conheço minha namorada como a palma da minha mão e é por isso que eu sei que tem algo errado.

Desde que ela voltou do banheiro ela está desatenta, o sorriso que ela da para as pessoas que a elogiam não chega aos olhos. Ela está em outro lugar que não esse e eu não faço ideia do que pode ter acontecido pra que ela esteja nesse estado.

Não vou pressiona-la, seja lá o que for ela vai me contar porque é o que fazemos sempre, nós confiamos um no outro pra contar o que há de errado.

— Serkan. — escuto meu nome sendo chamado atrás de mim. Me viro e encontro minha sorridente avó e Julia com sua protuberante barriga carregando minha irmãzinha.

Abro um sorriso instantâneo para as duas e me afasto de Eda somente um instante para abraçar as outras duas mulheres. Três, contando com a bebezinha na barriga.

— Como vocês estão meninas?

Julia sorri. — Não é como se tivessem passado dias sem nos vermos Serkan, você me viu essa manhã e sabe que está tudo bem.

A pequena menina mexe na barriga de Júlia o que faz minha mão que repousa sob o tecido do vestido tremer. Eu sempre acho isso muito louco. Tem uma pessoa ali dentro e ela está dando piruetas e se espreguiçando e eu posso sentir.

Não vejo a hora de ser um bebê meu e de Eda. Mas sei que é cedo. Nós precisamos nos estabelecer na vida, nas nossas carreiras. Ainda não contei a ela mas recebi a melhor das propostas de um time grande. O San Francisco 49ers quer pagar o resto dos meus estudos e me dar um contrato profissional assim que eu me formar.

Caramba essa é com certeza a melhor notícia que poderia ter recebido porque quer dizer que eu não vou precisar depender do meu pai, não vou ficar longe da minha avó já que a sede do time é relativamente perto de onde ela mora e — se a Eda aceitar morar comigo — também não vai ficar longe dos pais que moram pelas redondezas.

Engulo a vontade de gritar a notícia pra elas agora mesmo. Quero fazer surpresa. Jantar com as minhas garotas, rir um pouco, falar sobre coisas que nos façam bem, esquecer o clima pesado de dias atrás e pensar em um futuro incrível que temos pela frente.

— Muito coisa pode mudar em algumas horas Julia, inclusive parece que sua barriga ficou maior nesse pequeno tempo que nos vimos.

Ela revira os olhos mas sorri. — Você é um bobo exagerado. — ainda sorrindo ela olha por cima do meu ombro e franze o cenho. — Tudo bem Eda?

Giro meu corpo para encontrar minha namorada pálida logo atrás de mim. Vou até ela e seguro seus ombros. — O que foi meu amor, você está se sentindo mal?

Ela respira fundo duas vezes antes de olhar pra mim com seus grandes globos castanhos. Tem algo diferente em seus olhos agora, uma aura triste, algo que não havia ali quando nos vimos essa manhã e isso me angustia e amedronta. — Fala comigo Eda, o que aconteceu?

Ela tenta um sorriso que não diminui em nada minha preocupação. — Vamos embora amor, você...

— Não! — ela me interrompe segurando meu braço. — eu ainda preciso ficar mais um pouco, ordens do professor.