Um olhar subjetivo sobre o filme After We Fell

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Atendendo a pedidos, aqui estou para falar sobre a minha impressão sobre o terceiro filme da série After. Aproveito para avisar que esse texto contém spoilers do filme, então se você ainda não viu, deixe para ler esse texto depois. :) Foi um pedido de vocês, mas confesso que eu também estava com um desejo super implicado para vir comentar aqui no After no Divã sobre as percepções que eu tive do longa.

Um primeiro ponto super importante: que diferença faz a experiência do cinema, né, gente? Não sei se foi pela nostalgia de poder voltar minimamente à uma rotina normal, mas nada se compara à sensação de sentar em uma sala escura e firmar um contrato com aquele filme para se ver livre de fatores externos, pelo menos por algum tempo. E isso também faz diferença na nossa experiência. O cinema cumpre um papel semelhante ao do livro, daquela intimidade que a gente cria com a obra, sabe? A sensação é a mesma de ler o livro, de 'se fechar' à sua interpretação ali, naquele momento, sem interferências. E o impacto disso sobre a impressão final também faz muita diferença.

Pois bem, para mim, esse foi o melhor filme até agora. Não sei se é porque já nos acostumamos mais aos personagens ou se é porque até então foi a versão mais fiel aos livros, segundo a minha percepção. É claro que tem uma nova leitura de roteiro, de produção e de direção (o que muda muito as coisas). A leitura de Castille Landon foi a que mais se aproximou da leitura que eu fiz dos livros até agora. E acho que não foi só pelas locações, recursos ou montagem das cenas. Eu acho que ela captou um ponto fundamental da história de After: aquilo que não pode ser dito, aquilo que 'fica no ar', no subjetivo, sabe? E eu acho que o casal que interpreta Hessa também entendeu bem essa mensagem.

Castille captou coisas nas entrelinhas da história, mostrando que não precisa replicar o livro inteiro em 1 hora e 38 minutos para deixar 'dito' o que tem na escrita de Anna Todd. Vocês também perceberam os trejeitos do Hardin semelhantes aos de Vance na cena em que eles vão ter a tão importante conversa em Londres? Vocês também conseguiram sentir um relacionamento muito mais instável como a Tessa narra com angústia em seus capítulos nesta fase da história? Neste filme eu senti muito claramente o frio na barriga do contato deles e aquele 'não saber' sobre como será o dia de amanhã.

O Hero não precisou falar isso claramente para sentirmos um Hardin inseguro, apaixonado, irritado e desajustado com a forma de expressar as emoções. A Josephine também não precisou dizer tanto para sentirmos uma Tessa super envolvida nesse romance, aguardando ansiosamente para tê-lo por perto, ao mesmo tempo em que lidava com o ímpeto de ser alguém sem ele. Aquela vontade de viver tudo o que sempre sonhou, e que curiosamente o amor a fez despertar.

Nas cenas de sexo ficou ainda mais claro essa essência de Hessa. Bastava um encontro para a química acontecer e esquecer toda a dor dos minutos anteriores, como Tessa narrou em um trabalho que fez para a faculdade – e que Hardin acabou lendo. Fica muito claro como a pulsão sexual move esse casal, e que muitas vezes move o espectador (e até o leitor) para continuar nessa história. Até onde vai o desejo do sujeito para além do encontro sexual? Essa pergunta é a que a gente faz durante toda a leitura, e eu consegui repetí-la enquanto assistia ao filme, sem a garantia de um "vai ficar tudo bem", que definitivamente não é o que os fazia ficar juntos. A incerteza, o não saber e o frio da barriga dos livros se transpôs muito bem à telona, segundo a minha avaliação.

É claro que cada um tem uma percepção da história. Cada um vai ter um livro ou um filme favorito. Depende do que ele desperta em você, quais são os pontos chaves que você foi capturada na leitura – que pode ser ou não, que tenha a ver com as suas próprias questões. É como eu disse diversas vezes nesta coluna, uma leitura só captura a sua atenção (pelo amor ou pelo ódio) se despertar algo em você, da sua história ou do seu desejo. Igual a gente lê, a gente vê Hessa despertar algo em nós, de lembranças conscientes ou inconscientes. É isso que uma obra faz.

E então, qual ponto de você que o filme ou a obra despertou? Desde o primeiro filme, na resenha que fiz sobre a dificuldade do enfrentamento 'personagem que eu imaginei' X 'personagem do cinema', pontuei sobre o enfrentamento à comparação inevitável entre filme e livro. Mas não é isso que está em jogo desta vez. Não mais. É como fez Castille Landon neste filme. O que está em jogo daqui pra frente é o que do seu desejo está posto enquanto você assiste a esta obra. E se você ainda não se perguntou sobre isso, talvez seja uma boa hora para fazê-lo. :)

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⏰ Last updated: Sep 08, 2021 ⏰

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After no divãWhere stories live. Discover now