IX. Ursae Majoris

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Ele não queria admitir que estava sentindo aquilo, mas ser alguém racional exigia que ele buscasse ser sincero consigo mesmo.

Vaidade.

Todos na casa de Jeongguk eram atraentes, e Taehyung sentia que se não fizesse um esforço iria se empalidecer perante aos outros. Quanto mais olhava a sua imagem, todavia, mais achava que não importava o tanto de esforço que fizesse.

Como beta e um servo, aquilo não deveria ser sua preocupação.

O seu estômago grunhiu, e ele passou a mão sobre a região sem saber dizer se estava reagindo por causa da fome ou se era nervosismo.

Estava considerando também que a sua última interação com Jeongguk não tinha sido agradável. Como o alfa estaria agora? O jantar carregaria a mesma tensão que o almoço daquele dia, com a realeza de Arlandria?

Não podendo postergar mais, saiu do quarto e desceu os inúmeros degraus até a sala de jantar, agradecendo que pelo menos esse caminho era um que ele já conhecia. As quatro torres eram projetadas da mesma maneira, e suas suspeitas de que encontraria a mesa de refeições seguindo o mesmo caminho que fizeram na casa dos pais de Jeongguk provaram-se verdadeiras.

Taehyung encontrou três lugares ocupados. Sentados em fileira, estavam os irmãos que tinha conhecido mais cedo, Maeve e Elijah, e uma outra ômega.

— Boa noite — falou, escolhendo uma cadeira posta de frente para o trio. O beta imaginava que deveria continuar sentando-se na mesa com todos.

Maeve lhe deu um sorriso educado, mas o garoto ômega não ofereceu sequer isso: ele encarou Taehyung com olhos entediados, desviando sua atenção para um ponto na parede do outro lado da sala logo em seguida. 

O beta arqueou as sobrancelhas, ofendido, mas não forçou uma interação. Virou-se para a ômega que não sabia o nome.

— Desculpe, não sei como se chama ainda. Sou Taehyung.

— Karin. — Ela se apresentou. Levantou um polegar para o lado.  — E eles são assim mesmo, não é nada pessoal.

Taehyung sorriu mais aberto, apreciando um pouco da normalidade que Karin exalava. Ela tinha olhos largos e atentos, opostos aos de Maeve e Elijah. Até mesmo seu cabelo castanho cortado nos ombros lhe trazia um ar mais alcançável.

Não deu tempo para engajar em uma conversa, porque Jeongguk chegou, e foi como se todos passassem a gravitar em direção a ele. A mudança no ar na mesa com a presença do alfa foi por pouco palpável. Taehyung ouviu as vozes suaves de Elijah e Maeve pela primeira vez quando o recepcionaram.

Veridiana o acompanhava, como Taehyung já esperava que fosse acontecer. Ela era claramente a ômega mais territorial em relação a Jeongguk. Taehyung não tinha nenhum problema com aquilo. Se não estava incomodando Jeongguk, por que ele deveria se preocupar com o comportamento dela?

Não pretendia interferir nos assuntos de Veridiana, desde que ela não tentasse intimidá-lo de novo por coisas que ele não tinha controle sobre — e que tampouco tinha conhecimento. Que jantar era aquele que ela havia se referido?

Jeongguk cumprimentou a todos de maneira generalizada, não gastando um olhar direto em Taehyung.

O jantar foi servido aos poucos. A entrada era uma espécie de ensopado apimentado que não era a coisa mais saborosa que Taehyung já comera.

O beta tentou espantar o sentimento de que não deveria estar ali sentado, e sim trabalhando de alguma forma, fosse ajudando na cozinha ou servindo.  Assumiu, assim, o seu papel de observador e ouvinte. Não que aquele fosse um grupo que falasse muito, mas tentava captar o que podia da dinâmica da casa apenas por meio de trechos de conversa.

Servante (jjk + kth) (ABO) - ConcluídaWhere stories live. Discover now