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O silêncio ao redor da mesa de jantar é quase doloroso, com o ruído incessante de talheres contra pratos de porcelana chinesa, Louis não consegue pensar em muita coisa além do calor infinito ardendo em suas bochechas. Bem à sua frente, com as mãos em punhos suaves devidamente longe de seu próprio prato, o senhor demônio do pântano parece prestes a saltar todo o espaço da mesa que os separam e devorá-lo por completo. E... por Gaia, a fada masculino apenas não consegue conter-se e esperar a hora para que isso enfim aconteça. "Essa noite" foi a promessa que escapou dos lábios do demônio pouco antes dele o deixar sozinho novamente, toalha precariamente cobrindo sua ereção gritante entre as pernas. A princípio, Louis não pôde deixar de sentir malditamente mortificado por sua própria audácia, a luxúria que qualquer fada desprezaria apenas o conduziu àquele momento como se tivesse voz própria. Recordando-se da ansiedade corroendo em seus nervos e a vergonha incinerando os ossos dentro de sua carne quando viu que estava sendo observado, a criatura cheia de anseios carnais não conseguiu sequer manter as palavras devidamente presas dentro dos lábios. E agora, pela deusa, ele realmente – e finalmente – faria de todos os seus desejos secretos realidade.

Decidido estar excitado demais para comer, Louis abaixou o garfo de volta ao prato, seus olhos correndo rapidamente em direção à Harry que continuava perpetuamente com suas íris quase negras perfeitamente fixas em si. As sombras ondulando dentro daquele olhar não ajudou muito com a ereção pulsante em Louis, dolorida. Implorando por um pouco de alívio. Um pouco mais ao lado, o convidado – um demônio, claramente, do tipo sujo que comercializava almas – conversava com Kendall como velhos amigos, palavras ríspidas e farpas bem trocadas amontoavam-se junto às novas informações trocadas com rapidez. Ambos pareciam tão alheios ao que acontecia silenciosamente entre fada e demônio quanto as gárgulas escondidas nas sombras, esperando o momento certo de servir o prato seguinte e então se ausentarem até a próxima rodada. Louis sabia que era o dia de Zayn interpretar o bom garçom então, em busca de alguma tranquilidade e talvez um pouco de paz de espírito, girou seus olhos até a parede atrás do demônio onde seu amigo deveria estar imóvel como pedra. A fada precisou de louco mais que alguns segundos para notá-lo escondido na penumbra, corpo ereto claramente incomodado demais para ser uma postura meramente profissional, quiçá natural. Mesmo parcialmente escondido pela escuridão onde as fracas luzes das velas não alcançavam, Louis percebeu a maneira como os olhos avelã do gárgula brilhavam tal qual duas grandes labaredas incendiárias. Havia algo neles que não poderia ser classificado como normal e até mesmo alguém como Louis era capaz de reconhecer isso. Zayn estava com raiva. Tanta raiva. Tanta que mal conseguia esconder a si mesmo como qualquer outra gárgula faria. "Mas que...?" antes que pudesse completar seus próprios pensamentos, ele gemeu. Droga. O som que escapou de seus lábios foi baixo o bastante para não ser notado pelos outros dois, no entanto, não precisou mais do que um rápido olhar para Harry para que estivesse claro que ele tinha notado. Claro que tinha. Ele era a maldita causa, no final.

Louis não sabia muito sobre a extensão dos poderes de um demônio, havia passado grande parte de sua existência subsistindo entre becos para ter algum conhecimento real sobre qualquer coisa. Entretanto, depois de tantos anos nas ruas, ele havia conseguido acumular uma quantidade suficiente de comentários pela metade para saber que um demônio de origem direta nós Caídos facilmente tinha o poder de mudar a própria realidade ao alcance de um estalar de dedos. E, até onde sabia, Harry era um desses. Mestiço, sim. Mas também um dos poucos herdeiros dos Caídos. Portanto, quando sentiu algo como uma mão fisgando em sua virilha, não lhe restou muitas dúvidas sobre o responsável e, se o brilho dentro do olhar do demônio fosse algum indício, então claramente ele era o culpado. Louis costumava dizer que não gostava de jogos de nenhum tipo ou origem, então porque diabos ele viu-se afastando os joelhos com suavidade sob a mesa, seus olhos cheios de desafio para Harry, uma das sobrancelhas arqueadas em quase um convite claro para o segundo toque invisível. Do outro lado da mesa, o sorriso que rasgou o rosto do demônio claramente dizia algo como "você não quer realmente isso". Mas... droga, Louis queria. Ele queria aquela merda mais do que qualquer coisa que um dia desejou em sua vida. Concentrando-se no pulsar suave de sua própria magia quase inexistente, ele a manuseou com cuidado, apenas um leve empurrão. Uma suave lufada de ar seco. A porcaria de uma resposta. E assim foi feito. Tão calmo quando a brisa numa noite de verão, a magia de Louis flutuou até o demônio, balançando-lhe uma mecha dos cabelos escuros agora batendo louco abaixo do ombro. Junto com ela, as palavras "apenas ouse fazer" ecoou entre ambos.

DEVIL TRIBUTE // larry stylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora