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Os vagalumes flutuaram em seus sonhos naquela noite, cantantes e dançantes em uma sinfonia única da qual Louis apenas não podia se livrar. Na manhã seguinte, quando o sol morno entrou pela janela estreita e fez com que o ar parecesse estar coberto por purpurina mágica, ele apenas virou sobre sua própria barriga e abriu as asas, esticando-se entusiasmado por acordar em uma cama de verdade, com lençóis de seda no tom verde musgo frequente ao redor de seu corpo nu, escorrendo pela pele pálida que lhe era herança da identidade genética de ser uma fada. Louis não saberia dizer qual havia sido a última vez em que sentiu-se tão em paz. "Possivelmente, nunca" pensou meio extasiado em poder apenas permanecer deitado ali sem ter que correr atrás de algo para calar a dor em seu estômago. Ele não sentia fome, nem frio e nem a dor queimando as solas dos seus pés depois de caminhar por horas todos os dias somente para conquistar sua sobrevivência como fazia desde que era tão pequeno quanto conseguia se lembrar. Ele estava feliz, para ser honesto. No mínimo, completamente satisfeito em poder aproveitar aquele conforto pelo tempo em que lhe era cedido. Se fossem por apenas alguns dias antes de ter seu coração arrancado para fora do peito, então tudo bem, ele estaria mais do que satisfeito em ter tido belos momentos de paz antes de seu fim inevitavelmente cruel. Aninhado aos travesseiros macios, Louis apeetou a bochecha contra a fronha e inalou o cheiro ali. Ervas finas e algo muito próximo a jasmins. Louis era bom com cheiros após uma vida inteira correndo seus pés pelo bosque, aprendendo sobre a natureza a sua volta e usando-a para sobreviver da melhor maneira que podia. Com os olhos apertados, ele apenas não deixou deixou a mente flutuar para o almoço no dia anterior quando o senhor demônio do pântano havia transformado as chamas das velas em belos insetos voadores dançando sobre sua cabeça, ele fez parecer tão fácil que Louis sentiu-se quase coberto por um tipo de inveja que não lhe era familiar. A verdade era que a fada masculino queria, mais do que qualquer coisa em toda a sua existência pueril, ser capaz de usar magia. Se ao menos ele não fosse um aborto...

"Nunca mais diga isso novamente" as palavras do demônio, Harry, entraram em sua mente novamente, fazendo-o se sentir da mesma forma que antes. Ansioso. Quente. As bochechas tão ardentes quanto o próprio astro deus invadindo o quarto de pedra com suas luzes douradas. Naquele momento, quando o demônio se colocou tão incrivelmente próximo, seus dedos vagando com suavidade precisa através do rosto da fada, olhos negros cravados sobre si com algo tão nebuloso que sequer poderia ser devidamente nomeado... oh, Louis apenas pensou que seu coração iria rasgar todo o caminho através da garganta estreita e saltar por entre os lábios de tão rápido que batiam. E, bem, não era apenas o coração que chiava freneticamente de maneira tão singular. Não. Todo o seu corpo parecia prestes a entrar em um tipo de colapso doentio, como se houvesse febre, como se tivesse sido hipnotizado. Por Gaia, Louis podia sentir algo escorrer através de suas veias, sob sua pele, rastejando úmido para o local seguro entre as pernas. Tão duro. Louis não era uma criança mais, ele entendia toda a coisa sexual às quais a maioria das criaturas estavam sujeitas desde os primórdios dos tempos. Todos tinham tendências libidinosas. Todos, exceto as fadas. Coisas como desejos físicos não faziam parte da natureza de criaturas como ele, suas genitálias não passavam de órgãos para excreção biológica natural. Apenas isso. Nunca antes da tarde do dia anterior, o corpo de Louis havia reagido daquela forma, quase como se tivesse sido riscado uma tocha em seus pés e cada centímetro de sua pele fosse acendida ao mesmo tempo.

Era confuso.

E era quente.

Balançando a cabeça com força, Louis afastou as lembranças para longe. Tarde demais, no entanto, porque todo o seu corpo já parecia tê-lo levado de volta ao momento anterior e, antes que pudesse controlar seus próprios impulsos inadequados, lá estava ele colocando-se sentado sobre a bunda no centro da cama, completamente nu entre os lençóis, asas abertas às costas e os olhos fixos no volume marcante um pouco mais abaixo. Ele sabia sobre ereções, obviamente. Certa vez, quando ainda muito jovem para entender o que aquilo realmente significava, havia espiado um ninfa deitada na grama suave sob o luar com as pernas abertas em direção à própria cabeça, olhos muito fechados e um troll realmente com péssima aparência entrando e saindo de dentro dela tão violentamente que parecia doer. Louis ficou hipnotizado pelo ato, naquela época, e quando o homem finalmente foi embora depois de largar algumas moedas de ouro mas mãos da ninfa, ele não entendeu porquê ela estava chorando. Ele ainda não entendia essa parte, para ser justo, mas todo o resto estava muito bem compreendido dentro de sua cabeça. Sexo. O ato mais pecaminoso para alguém como ele. Fadas não deviam se relacionar com outras criaturas e, muito menos, com suas semelhantes. Diziam as grandes histórias da origem do mundo que as fadas haviam sido criadas para servir unicamente à Gaia, garantir que a deusa tivesse sempre no mais alto patamar de adoração. Então... como aquela parte de si havia resolvido acordar justamente naquele momento? Em realidade, Louis não esperava que - na qualidade de um completo aborto natural - as coisas nele fossem fazer algum sentido. Quer dizer, por que aquela parte sobre si mesmo também não estaria quebrada?

DEVIL TRIBUTE // larry stylinsonМесто, где живут истории. Откройте их для себя