› everybody have a secret

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Seria praticamente impossível dizer com precisão qual foi o momento em que Harry desmaiou naquele banheiro nem tão limpo assim enquanto sentia-se imundo e degradável sobre a privada com as calças baixas enquanto a porra de um alfa o lembrava do quão às vezes viver era uma merda. Portanto foi inevitável a confusão quando acordou em um lugar desconhecido, um colchão macio sob seu corpo em um quarto à meia luz. Sentia-se dolorido, seus membros pesados como se tivesse corrido a porcaria de uma maratona e a cabeça pulsando em dor porque aparentemente era assim que deveria se sentir depois de ter sido atacado por um alfa lúpus. Mas, acima de qualquer coisa, Harry se sentia sujo. Sentia como se seu corpo tivesse sido maculado, sentia sua pele formigar e o estômago se contrair apenas com as lembranças nubladas do que havia acontecido.

E ele estava com medo.

Para ser mais honesto, Harry estava desesperado enquanto tentava se erguer, os olhos varrendo todo o cômodo tentando encontrar algo que pudesse ajudá-lo em uma possível fuga. Ou em um assassinato, talvez. Naquele momento ele não estava se importando muito com qualquer coisa além de dar o fora dali e esfregar o nariz com sabão até que aquele cheiro nojento do alfa o deixasse. Com esforço, jogou as pernas para fora da cama e se sentiu aliviado ao se dar conta de que estava vestido. Em seguida esperou que sua visão de acostumasse à luz baixa apenas para constatar que estava no quarto de alguém. A cama em que se encontrava sentado era grande e havia uma mesa de estudos no canto próximo à um guarda-roupa. Na mesa de cabeceira não havia nada além de um abajur engraçado e um óculos de armação preta grossa. As paredes eram lisas e claras, as cortinas em dois tons de marrom diferentes e não havia cheiro nenhum ali. Não algum que Harry pudesse detectar pelo menos porque seu olfato parecia estar momentaneamente defeituoso.

Seu casaco, carteira e celular estava no travesseiro ao lado. No visor do aparelho havia algumas chamadas perdidas da sua casa e mensagens do Niall desejando melhoras. Estranho. De acordo com o relógio digital no celular, era alta madrugada.

Levantou-se devagar, as mãos se apoiando nas paredes enquanto andava pelo lugar à procura de alguma pista que o ajudasse a entender aonde estava. O que se mostrou um esforço totalmente em vão porque depois de andar pelo cômodo todo, Harry ainda estava no escuro. Não havia nada ali, nem mesmo uma fotografia sequer. Era como se o dono do quarto fosse indiferente ou estivesse sempre ocupado demais para dar algum toque pessoal ao lugar em que dormia. Bom, em todo caso ele não pretendia mesmo ficar tempo suficiente para descobrir. Vestiu o casaco e enfiou suas coisas no bolso antes de girar a maçaneta e se encontrar um corredor curto, havia duas portas do outro lado e só. O corredor terminava em uma sala pequena mas perfeitamente limpa, do lado esquerdo havia uma cozinha de ambiente único e do outro uma porta, provavelmente a porta de saída. Harry suspirou aliviado porque ele iria embora dali e iria lavar seu corpo com água sanitária enquanto fazia um esforço gigantesco em esquecer o que havia acontecido naquela noite exatamente como fez anos antes.

- Não precisa fugir, Harry - disse alguém assim que suas mãos encostaram na maçaneta. Ele sentiu-se enrijecer em alerta. - Ou, pelo menos, deixe um bilhete agradecendo.

Harry se virou devagar apenas para prender o fôlego com força ao se deparar com a figura sentada no sofá de couro gasto, as pernas cruzadas e um exemplar de Jane Eyre no colo. Aquele era um bom livro, mas esse não era o foco. Ele tinha tantas perguntas que deixou as mãos caírem e ficou em pé encarando o alfa como se ele fosse a porra de um fantasma porque naquele momento era como se fosse mesmo.

- Eu vou fazer um café - com delicadeza desnecessária, o alfa colocou o livro na mesa de centro e andou em passos lentos até a cozinha acoplada. - Você pode se sentar comigo, cara. Eu não vou... bem, você sabe. Esse tipo de coisa não me interessa.

O ômega apenas murmurou em concordância antes de tirar o casado deixá-lo no sofá. A cozinha era pequena e não havia mesa, apenas duas banquetas altas para a ilha e foi numa delas que Harry se sentou enquanto observava o outro pôr a cafeteira para funcionar e separar alguns biscoitos doce em um prato e colocá-los à sua frente junto com suas canecas de super herói.

ALPHA DELIVERY // larry stylinsonWhere stories live. Discover now