XVI - Sparkling Trees

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Gwenda

Ter costureiras e tecelãs em seu entorno não era algo com o que gwenda estava acostumada. Sua família já não era a mais rica entre os ricos, e ela em particular nunca tinha tido acesso a recursos daquele tipo, era no mínimo estranho ter tanta gente indo e vindo. Tinham mandado que fossem feitas roupas para que as crianças levassem quando fossem morar em Lar do Coração. Crianças pequenas aumentavam de tamanho com rapidez, e roupas mais largas seriam necessárias. Além disso, o verão viria em breve, no próximo ano ou depois disso, pelo que diziam os meistres da Cidadela, então sempre era bom estar preparado, apesar de o Vale dificilmente ser acometido por desastres climáticos quando ocorriam.

Ela não tinha conversado com seu pai depois da reunião que tiveram com o rei. E provavelmente não iria até chegar ao Vale. Gwenda não queria seu pai dando pitaco na criação de seus filhos, fosse Gaerys herdeiro dele ou não. Se ele não se contentasse em conhecê-los como um avô ausente que mora do outro lado do castelo, ela simplesmente voltaria para a corte, e cortaria completamente o contato. Gwayne Corbray tinha feito estrago demais com ela e o resto de seus filhos para ser considerado uma influência vagamente positiva.

Além disso, ela tinha coisa muito melhor para fazer no Vale. Certamente não faltariam convites, porque nobres eram puxa-saco por natureza. Ela duvidava muito que fosse ser um problema estar lá, porque teria a companhia de Edric. Ela não tinha amigos no Vale e tinha a péssima mania de não pensar mal o suficiente das pessoas, ter uma segunda opinião sempre iria bem.

— O que você quer ver quando formos para lá? — ela virou para Edric enquanto as costureiras saíam, deixando apenas eles ali com as duas crianças. Tinham passado boas horas ali, o que para ela parecia absurdo considerando que eram roupas para dois bebês.

— As montanhas — ele respondeu depois de uma pausa. — Não são a mesma coisa em lugar nenhum.

— Faz frio nas montanhas.

— Temos chá — Edric deu de ombros.

— Suponho que possa ajudar com um abraço ou dois. Se você concordar que não vamos beber chá e sim cerveja. Não existe cerveja melhor do que a do vale — Gwenda estendeu a mão, com o mindinho esticado. Edric, que estava disposto a fazer concessões se recebesse abraços como recompensa, apertou o mindinho dela com o seu próprio.

Nos últimos meses, tinham se tornado amigos próximos, o que era um alívio, considerando tudo que vinha acontecendo. Gwenda tinha seus filhos para cuidar, e tinha de se preocupar com um zilhão de coisas, mas saber que poderia contar com ele era ótimo. Mas ela se perguntava se o que tinham ali era apenas isso, amizade. Às vezes, o relacionamento deles parecia dançar em cima do limite entre uma coisa e outra, mesmo que nada acontecesse. Ele tinha concordado em ir com ela para o Vale de maneira muito solícita, e talvez fosse importante conversar sobre aquilo enquanto ainda estavam ali, na capital. No Vale, onde ele seria um dos, se não seu único aliado, tudo ficaria muito mais borrado com muito mais facilidade.

— Edric?

— Algum problema? — ele franziu o cenho.

— Nós somos amigos?

— Somos? Se não somos amigos, o que seríamos? — Edric parecia confuso com a pergunta, tendo sido feita do nada. Talvez ele estivesse se perguntando se ela estava prestes a dizer que tinha matado um cara e o tinha escondido debaixo da cama. Talvez soubesse exatamente onde ela queria chegar, mas não quisesse dizer primeiro. Infinitas possibilidades.

— Você gostaria que fôssemos só amigos?

— Você gostaria?

Nem Gwenda era impulsiva o suficiente para responder àquele tipo de pergunta sem respirar fundo primeiro.

A Arcada das Donzelas - Apply fic (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora