VI - Narrator: things were not fine

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Melarie

Ela tinha decidido aceitar toda a ajuda que pudesse receber, mesmo que isso significasse fazer coisas que considerasse ridículas ou imprudentes. Uma boa sorte de mulheres antes dela tinha feito isso e uma boa sorte o faria depois dela. Melarie não queria desistir e passar para o plano de tentar adotar o filho de Valeryon antes de tentar ter um filho seu. Se adotasse o filho de outra mulher, teria de ceder a ele todos os direitos que um filho legítimo seu teria, e isso incluía, caso se tornasse rainha, o trono. Isso obviamente não significava que não poderia fazer uma filha sua ser rainha, se apenas tivesse filhas mulheres. Os Targaryen tinham o costume de casar irmãos e primos com frequência, um costume valiriano trazido junto com eles a Westeros e do qual nunca tinham se desvencilhado. Mas ainda era preferível ter um filho homem antes de pensar em adotar um.

Tinha se mostrado mais disponível que de costume, e por consequência, vinha passando mais noites com o rei. Rumores que tinha ouvido de suas aias afirmavam que havia uma concubina grávida naquele momento, mas nada tinha sido confirmado. Se fosse verdade, isso apenas fazia mais necessário que se apressasse em engravidar. Ela temia, e com razão, que outra mulher com filhos pudesse ser escolhida para ser rainha, e então tudo que ela tinha conquistado até então se desfizesse.

Em Correrio, sede de sua família, o poder de seus irmãos mais velhos enfraquecia a cada decisão deles que ela apoiava ou deixava de apoiar na corte. Enquanto isso, seu pai, velho e possivelmente doente, cedia cada vez mais a seu terceiro irmão, o que ela queria que governasse. Precisava ficar ali por tempo o suficiente para colocar a culpa da possível doença de seu pai nos dois mais velhos, e a cada dia que passava seu tempo corria mais curto.

Melarie bebeu sua infusão de ervas e fez uma careta. Tinha um gosto enjoativo, mas aparentemente era o que as mulheres comuns achavam que facilitava a concepção, e ela estava disposta a tentar qualquer coisa ao menos uma vez. Um chá de ervas não iria matá-la, e se ajudasse, haviam apenas vantagens.

Tendo acabado com seu chá, chamou suas aias para vesti-la. A Rainha Mãe, Valena Targaryen, estaria partindo para Solarestival, o castelo de verão dos Targaryen, construído puramente como colônia de férias em um período ruim. Sem defesas na época por burrice do rei vigente, continuava sem defesa agora por não haver necessidade. Era de bom tom comparecer para as despedidas, então ela iria. Não se tinha dito que era um exílio, mas todos sabiam que o era. Isso estivera planejado desde o anúncio infeliz da mulher semanas antes, graças ao tanto que o rei desgostara da perspectiva de se casar por ordem de outra pessoa. Talvez ele tivesse ido adiante sem tanta oposição se a mãe dele tivesse feito o anúncio usando de uma das concubinas bem nascidas dele, mas não tinha, e por isso, Melarie agradecia.

Seu vestido era verde, para realçar o tom alaranjado de seus cabelos. Ela não se vestiria como se estivesse indo para um funeral, se era o que a Rainha Mãe queria. Melarie agiria como se fosse qualquer outra partida. A da princesa, Daenerys, tinha sido muito mais fácil, porque ela estava praticamente dançando — e a um passo de observar as pessoas, de dentro do navio, e gritar "adeus, fodedores de cabras", mas isso não vinha ao caso. Mais tarde naquela semana, teriam também o casamento do príncipe, Aemon, e de uma das concubinas de Aerion, a Darry. O pai dela já estava na corte para o evento, bem como o irmão dela e herdeiro do título do pai. Era apenas mais uma coisa com que se sentir nervosa, porque as opções além de Aerion, apesar de não ser o cenário ideal, eram seus primos. Se Aemon se casaria, restaria apenas Viserys, que não parecia ter nenhum interesse nas picuinhas da corte e só observava de longe com seu dragão em tamanho de gato.

Ela não se sentia nem um pouco satisfeita, se fosse ser honesta, apesar de ter apenas "já vai tarde" para dizer sobre a partida da mãe de Aerion. Apesar de ter se mostrado disponível, de ter feito aquilo que era necessário, aquele era um primeiro mês de tentativas fracassadas. Seu sangue de lua tinha vindo na noite anterior, e isso significava que nada tinha acontecido. Por mais que a perspectiva de adoção não fosse completamente odiosa, para ela, isso tinha um significado muito mais pessoal. Valeryon entendia, certamente, assim como ela, que a verdadeira vitória não era o trono em si e sim passá-lo adiante. E portanto, não adiantaria de muita coisa além do futuro imediato se ela apenas tivesse o trono. Não era apenas uma falha como mulher, era uma falha em relação ao futuro.

A Arcada das Donzelas - Apply fic (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora