VII - Gotham's biggest orphanage

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Protea

Aemon não era fácil. Em nenhum aspecto. Para ela, estava ficando cada vez mais frustrante tentar interpretar seu marido.

O dia de seu casamento fora um fiasco no que dizia respeito à interação deles. Nenhuma de suas perguntas era respondida direito, e ela se perguntava até que ponto as respostas eram honestas.

— Lhe agradam os dragões? — ela perguntou, em mais uma tentativa com pouca esperança de sucesso.

— Desde que não fiquem a bater com a cauda em mim — ele franziu o cenho, dando o tópico por encerrado.

Apesar disso, em nenhum momento ele a tratara de maneira agressiva. Quando tomava suas mãos, parecia ter medo que fosse quebrar em um milhão de pedaços, e jamais insistia se ela dissesse não querer algo. A torta de pombo foi um dos eventos pelos quais ela esperava, mas que deixou um gosto incrivelmente insosso na memória dela. Não a torta em si, que estava realmente muito boa, mas o evento, de modo geral. Esperava estar radiante e que sua visão estivesse pintada de cor de rosa. Foi incrivelmente mundano, e ela não queria admitir que estava um pouco decepcionada.

A dança foi mais animada, e ela legitimamente apreciou o momento.

— Você costuma dançar com frequência? Não o vejo muito em festejos.

— Não — ele respondeu, simplesmente, e não desenvolveu mais o assunto.

Embora nenhuma das tentativas de conversação tivesse dado certo, lhe dera uma chance de estar mais próxima dele. A maneira como dançavam talvez fosse uma linguagem em si, embora não fosse substituto para palavras, na opinião dela. Fizesse aquilo com frequência ou não, ele obviamente tinha sido treinado durante a vida, executando passos com precisão e confiança. O desastre verbal não se aplicava à dança, e talvez, ela pensava, devessem substituir a conversa por ela. Mas tão cedo quanto tinha começado, a dança terminou, e ela não teve coragem de pedir que continuassem a dançar, nem ele parecia querer isso. Se arrependeu de seu silêncio. Sabia que ele não negaria mais uma dança naquele momento, estivesse com vontade ou não.

E depois daquilo, tinha sido a vez da coisa que mais a preocupava. A noite de núpcias.

Protea não tinha sido criada por sua mãe, que falecera cedo, mas sim por aias e septãs, pois não se considerava adequado que fosse educada apenas por seu pai, por ser um homem. Aias e septãs, entretanto, não estavam dispostas a discorrer sobre o que acontecia na noite de núpcias, achando bastante que ela soubesse que era um laço sagrado entre um homem e uma mulher aos olhos dos deuses, e que deveriam se respeitar e honrar por toda a vida. E eventualmente, isso não seria e nem foi suficiente.

Ela foi de fato ser informada sobre como acontecia a parte prática das coisas na corte, onde as aias estavam muito mais dispostas a falar sobre aquele tipo de coisa. E parecia nojento e doloroso, mas se todo mundo fazia aquilo, não podia ser tão ruim assim. Ela não podia dizer que não ficava nervosa pensando no assunto, e era uma das razões de ter se recusado a se deitar com o rei, apesar de não ser a principal. Talvez fosse melhor esperar por um momento adequado, como tinham lhe dito suas septãs.

Ela pensava nisso enquanto seguia pelo corredor rumo a sua noite de núpcias. No quanto era desconfortável não ter todas as informações que teria julgado necessárias, virtualmente despreparada apesar de saber o que iria acontecer, além do desconforto provocado pelo costume de se despir os noivos. Felizmente, todos os envolvidos no processo tinham sido gentis. Não era nada agradável ser despida por homens que conhecia por nome ou de passagem, mas o irmão de Aemon, que estava junto deles, repreendeu a qualquer um que decidisse por ser engraçadinho ou inconveniente, e ela agradeceu por aquilo. O corredor parecia ainda mais longo quando tinha que andar por ele naquela situação. Aemon seguia por um corredor diferente, mas ambos acabariam no mesmo lugar.

A Arcada das Donzelas - Apply fic (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora