X - Twilight CGI Renesmee

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Saenyra

Suas primeiras semanas de casada não tinham tido muitos eventos dignos de nota. Felizmente, seu marido, Vaegor, tinha adquirido uma propriedade perto do Portão de Ferro, provavelmente pelo mesmo motivo que ela estava preferindo ficar lá: daquela maneira, não havia ninguém para a incomodar exceto os criados, e os criados não incomodavam pessoas que montavam dragões. Nenhuma dama de companhia enxerida para vir fazer perguntas indecentes, nenhuma senhora chata da corte falando sobre os deveres de uma esposa.

Saenyra tinha experimentado no solar perto do Portão de Ferro a paz que não tinha tido nas semanas antes de seu casamento. Sua presença ainda era requerida na Fortaleza Vermelha, afinal, ainda haviam convidados estrangeiros a atender e deveres a serem cumpridos, mas eram horas contadas. Ela e Vaegor discordavam de muita, muita coisa em muitos, muitos aspectos, mas ao menos, pareciam ter chegado ao acordo mútuo de não torrarem a paciência um do outro além do necessário. Ela queria continuar fazendo parte ativa da corte, como sempre fizera, e pretendia interferir em tudo que considerasse importante, mas Vaegor achava que, graças à mudança de status de Saenyra, a corte era problema de Aerion, e quanto menos ela se enfiasse nos problemas dele, melhor seria a longo prazo.

— Aerion tem o intelecto de uma noz mofada — ela reclamava. — Não vou deixar que ele estrague o reino inteiro graças a algum capricho imbecil.

— Mas é para isso que ele tem a Senhora Tyrell, sim? — Vaegor franziu o rosto. — Que ela lide com isso. É seu trabalho.

Apesar de ser, de fato, problema de Elowen, ela era uma pessoa só, e Saenyra não achava que deveria deixar os deuses encarregados de fazer com que o reino não desabasse. A sorte de Aerion certamente não iria ajudar Elowen. Talvez algum dia no futuro, quando Saenyra tivesse de se mudar para Essos, ela parasse de fazer parte da corte de vez, mas enquanto estivesse ali, ela achava perfeitamente razoável interferir em qualquer situação onde achasse pertinente. Tinha sido assim desde que Aerion recebera a coroa, sete anos antes, e graças à interferência do resto da família real, a Fortaleza Vermelha ainda não tinha virado um antro.

Ela sabia que eventualmente precisaria desistir das ligações que tinha com Porto Real, ao menos as que tornavam a cidade seu lar, pois precisaria aprender a viver em Volantis do mesmo modo como faziam todas as mulheres em casamentos políticos. Mas se pudesse, queria que as coisas ali estivessem em ordem o máximo possível antes de precisar abandonar a cidade. Talvez isso acontecesse no final do próximo ano, talvez acontecesse dali a cinco, dez anos. A única certeza que tinha era a de que eventualmente, iria embora.

No dia em que lhe enviaram notícias da Fortaleza quanto à concubina que estava grávida, a Stone, ela tinha discutido com Vaegor no café da manhã novamente. Qualquer coisa sobre nem tudo estar sob o controle de qualquer pessoa, que ela achava a mais absoluta bobagem. Alguém tinha de estar no controle da bagunça que era o reinado de Aerion, e se não estava, ao menos tinha de fingir estar. A notícia deu a ela uma boa desculpa para sair do solar, ainda que não tivesse nenhuma intenção de ficar em volta da concubina de Aerion. A mulher já estava dando à luz antes da hora, não precisava de mais uma pessoa em volta.

Ela partiu a cavalo, sem muita pressa. O tempo longe serviria para esfriar qualquer animosidade que tivesse restado da discussão — apesar de jamais cogitar estar errada, não gostava do clima pesado que ficava no ar toda vez que discutiam.

Dentro do palácio, mesmo as partes que não tinham qualquer ligação com o parto acontecendo estavam em alvoroço, com a criadagem agitada. Filhos do rei nascendo não eram coisa que acontecesse todo dia, afinal. Tendo vivido ali por uma boa parte de sua vida, ela sabia que na Arcada das Donzelas, o prédio onde ficavam os aposentos das concubinas, havia uma boa quantidade de salas de estar entre os quartos. Mesmo sabendo que a mais próxima ao quarto da moça estaria cheia, foi para lá que ela se dirigiu. Talvez fosse um ambiente produtivo, naquela situação, com uma boa variedade de pessoas, e provavelmente um bom número de concubinas também. Saenyra estava bastante inteirada das capacidades e disposições das mulheres que tinham maiores chances de se tornarem rainhas, mas às vezes, as candidatas com mais chances não eram o que ela precisava.

A Arcada das Donzelas - Apply fic (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora